Capítulo 50.

1393 Words
Eu me entrego completamente, esquecendo onde estamos, quem está ao redor. Só que em poucos minutos tudo muda e eu só consigo ouvir a voz da Lavínia distante. Lavínia: Amiga, você tá bem? – Lavínia me pergunta novamente, a voz tremendo de preocupação, enquanto tenta me segurar pelos ombros. Mas minha mente tá em outro lugar. Eu só consigo focar na cena na minha frente: RD segurando o Terror com dificuldade, o rosto dele manchado de sangue que escorre do corte no supercílio, enquanto Mago está sentado no chão com a mão no nariz, que também sangra sem parar. Pelé e Muel estão ao lado, falando algo que eu não consigo ouvir por causa das vozes ao redor. Eu nem senti o Terror se aproximando, foi tudo tão rápido que eu só senti meu corpo sendo lançado pra trás e o impacto. Manu: Meu Deus... – murmuro, meu coração acelerado como se quisesse sair do peito. A cena parece surreal, como se estivesse acontecendo em câmera lenta, mas ainda assim rápido demais pra eu conseguir processar. Me desvio da Lavínia com um empurrão leve e atravesso as aglomerado de pessoas que se formou a minha frente, me ajoelho ao lado do Felipe ou Mago, como Lavínia o chamou. Meu olhar corre pelo seu rosto, pelo sangue que escorre entre os dedos enquanto ele segura o nariz. Manu: Meu Deus! – minha e para o rosto dele, tentando analisar o ferimento. – Você precisa ir ao hospital... – minha voz sai mais firme do que eu imaginava, mas ainda assim carregada de preocupação. Não consigo terminar de falar. Antes que eu perceba, sinto um impacto. Meu corpo é arrancado para trás com brutalidade, como se tivesse sido sugado por uma força maior. Uma mão forte me agarra pelo braço, o aperto tão intenso que sinto a dor disparar pelo braço inteiro. Manu: Tá me machucando, seu maluco! – grito, minha voz misturando raiva e desespero enquanto tento me soltar. Quando levanto os olhos, vejo o Terror. Mas ele não parece ele mesmo. O corte no supercílio ainda sangra, mas não é isso que me assusta. Seus olhos estão vermelhos, quase como se estivessem sangrando também, e as veias saltadas no pescoço deixam claro que ele está tomado pela fúria. Ele não é um homem agora. Ele é um monstro. Terror: Era isso que você queria, né, sua p*****a?! – ele rosna, cada palavra carregada de fúria enquanto segura meu braço com tanta força que parece querer quebrá-lo. – Conseguiu o que queria? Manu: O quê você tá falando? Você tá é maluco.– tento dizer, mas ele não deixa. Terror: Tô maluco, é? – pergunta, com ar de riso Manu: É – confirmo Terror: Então é jaé. Eu sou maluco e tu não vale p***a nenhuma, sua p*****a do c*****o! Merece morrer pior que o rato do meu pai! Vagabunda de merda, e eu aqui achando que tu era diferente. o****o fui eu, acreditando que tu tinha algum valor! Mas não passa de uma p**a qualquer, se jogando pro primeiro que aparece! – As palavras saem como veneno, cruas e carregadas de desprezo, me atingindo como se fossem socos, deixando marcas que vão além da pele. O olhar dele atravessa o meu como uma lâmina, e por mais que eu tente entender o que está acontecendo, nada faz sentido. O homem que me olhava como se eu fosse tudo pra ele agora me olha como se eu fosse um nada. Como se eu fosse algum inimigo. Lavínia aparece atrás dele, tentando puxar seu braço, enquanto RD se aproxima gritando algo que não consigo decifrar no meio do caos. Mas Terror não se move. Ele é uma parede de gelo, e eu sou só alguém presa na linha de fogo. Manu: Terror, para! Você tá me machucando! – minha voz sai quase como um pedido desesperado. Mas ele não me escuta. Ou pior, ele não quer escutar. A raiva dele é maior do que qualquer coisa agora. Pelé: Larga a mina, Terror. Vamos resolver na moral. – A voz grave do pai da Lavínia ecoa pelo espaço, mas nem isso parece penetrar no gelo que ele se tornou. Terror: Desde quando tu tem pena de p**a, Pelé? – Ele solta uma risada irônica, pesada, e sinto o peso das palavras dele esmagando o ar ao meu redor. Olho pra baixo e vejo as pessoas cochichando, alguns rindo, e a vergonha me consome inteira. Nunca me senti tão humilhada na minha vida. – Isso aqui é igualzinha às outras, só serve pra usar e jogar fora. Um lixo reciclável. As palavras dele rasgam minha alma e inflamam algo dentro de mim. O ódio me sobe como um fogo queimando cada parte de mim. É como se ele tivesse rompido o último fio de medo que ainda me segurava. Se ele acha que pode me destruir assim, vai ter que encarar o meu limite. Se eu tô prestes a morrer, então vou me lançar de cabeça no precipício. Manu: Se eu sou tudo isso que você tá falando, então o que você tá fazendo aqui? Me larga, me esquece, me deixa em paz! – Eu grito na cara dele, mesmo com a dor lancinante do aperto no meu braço, que já tá dormente e roxo. – Não é você o fodão, o intocável? Tá aqui humilhando uma "p**a" por quê? Tá brigando comigo por quê? Se eu sou tão insignificante, por que tá tão fora de si? – Cuspo as palavras na cara dele com toda a raiva acumulada, mesmo vendo a frieza no olhar dele, como se nada o atingisse. – A gente não tem nada! Foi uma única vez e isso não te dá o direito de me tratar assim! Eu não sou tua propriedade, muito menos tua p**a. Posso ser de qualquer um aqui menos tua! Sinto a voz sair carregada de ódio e dor, mas ele continua me encarando com aquela expressão gelada, como se minhas palavras não fossem nada. Não dá pra descrever o que ele sentiu, porque simplesmente ele manteve a mesma expressão fria, como se nada no mundo fosse capaz de abalar aquela máscara de crueldade. Desço o olhar para a sua mão direita e vejo a arma firme ali, como uma extensão dele. Quando retorno o olhar para o rosto, é como se eu estivesse encarando o próprio demônio. Seus olhos vibram com algo que não consigo decifrar, mas que me arrepia inteira. Antes que eu pudesse reagir, ele me gira rápido, torcendo meu braço com uma força absurda. O grito sai da minha garganta sem controle, e começo a implorar, a gritar para ele me soltar, mas ele não solta. O RD tenta intervir, tenta me tirar das mãos dele, mas é como se eu estivesse presa numa armadilha de aço. O olhar dele continua fixo em algum ponto distante, como se eu não fosse nada além de um objeto quebrado em suas mãos. Me debato, sacudo o corpo, mas é inútil. Então ouço. O som, horrível, do meu osso quebrando. Manu: AAAAAAI! – Grito de dor, lágrimas escorrendo enquanto caio no chão. Meu braço lateja com uma dor insuportável, e tudo ao meu redor fica embaçado. Ouço a voz de Lavínia xingando ele com toda a raiva do mundo, mas ele não parece ouvir. Continua ali, imóvel, como um iceberg que nada pode derreter. Ele dá dois passos pra frente, agora cara a cara com Renan. Sua presença é esmagadora. Terror: Tua sorte é que tu não tá no meu morro. Porque se tivesse, já tava morto. Aqui é cheio de paga-p*u do teu pai, mas não vai ser isso que vai te salvar pra sempre. Talarico morre cedo, e eu vou te pegar. – Ele solta as palavras como uma sentença, cada sílaba carregada de desprezo. O silêncio ao redor só é quebrado pelos meus gritos de dor. Ele então se vira, mas antes de sair, solta seu veneno, que me atinge como um golpe final. Terror: Olha aí o rato que tu arrumou, nem homem pra te defender é. Tá de parabéns, se merecem! – Ele cospe as palavras enquanto se afasta. Fico ali, caída no chão, o braço quebrado latejando enquanto tento segurar o choro, mas é impossível. A dor física se mistura com a humilhação e a raiva, tudo fervendo dentro de mim.
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