Terror narrando:
Terror: Fiquei observando pra ver até onde aquela p***a ia. Só se eu tivesse morto que esse arrombado ia levar ela pra casa. Já basta a p***a da i********e entre eles que tá pesando na minha mente — a raiva cresce dentro de mim, queimando no peito igual brasa acesa. É uma parada que arde, corrói. Minha vontade é já resolver isso na marra, do meu jeito. Mas me seguro.
Ainda vou tirar a limpo essa histórinha dos dois trocando sorrisinho na minha cara. Tô com isso martelando na minha ideia faz mó cota. Desde moleque tenho essa parada de não esquecer fácil, de guardar tudo na cabeça, e perdoar então… esquece. Minha mente é tipo um cofre, tranca tudo lá dentro e deixa mofando, mas não larga. Tá ligado? Cê até finge que esqueceu, mas o bagulho volta e começa a corroer por dentro.
Faço sinal pros vapor que tão na minha contensão ajudarem a colocar a maluca no carro. Eles pegam ela e a deitam no banco traseiro, com cuidado.
Abro a porta do Jeep e grito pra outra que continua no mesmo lugar trocando ideia com a Bruna.
Terror: Vem, c*****o! — A voz sai alta e autoritária.
Entro dentro do carro, me ajeitando no banco, e começo a buzinar igual um maluco sem paciência nenhuma. Ela tenta abrir a porta traseira, mas tá trancada.
Terror: Entra na frente, c*****o! Sou motorista não, p***a. — falo ignorante, segurando o volante firme, já impaciente. Ela revira os olhos, abre a porta do carona, e se senta na poltrona do lado.
Olho de r**o de olho enquanto ela se ajeita, mas finjo que tô só focado na direção.
Manu: Só queria apoiar a cabeça dela pra não ir batendo. — ela diz, se virando pra trás e tentando ajeitar a amiga. Dou de ombros, ligando o carro.
Ligo o ar condicionado e dirijo devagar pra outra não cair do banco. Manuela retorna ao assento do banco, se ajeitando, e noto seu olhar de relance.
Terror: O que deu nela pra ir parar em bar às 15 da tarde e sair agora? — digo, mantendo a atenção na rua e dirigindo apenas com uma das mãos.
Manu: A gente quis se divertir, distrair a cabeça, fugir dos problemas e das preocupações. — fala, olhando pela janela.
Terror: Conseguiu? — pergunto, revezo o olhar com ela rapidamente.
Manu: Me divertir, sim — responde, me olhando, e a encaro.— Tinha muito tempo que não me sentia tão bem, tão feliz. — fala, abrindo um sorrisão.
Terror: Que bom! — falo curto.
Manu: E pra você foi bom? — pergunta, me olhando.
Terror: Normal.
Manu: Entendi. — abre um sorriso tímido, abaixando a cabeça, e os fios de seu cabelo caem sobre o rosto. Ela levanta a mão passando alguns fios para trás da orelha, um gesto simples mas que me distrai por um segundo, me fazendo quase passar com tudo em um buraco.
Manu narrando
É estranho ficar tão perto dele assim, sentindo seu perfume, enquanto resisto à vontade de voar no seu pescoço outra vez. O carro anda pelas ruas, e eu me perco por um momento na visão dele: calça bege que se ajusta bem ao corpo, sem camisa, evidenciando suas tatuagens que se espalham pelo seu corpo sarado e definido, e os cordões e pulseiras de ouro reluzindo sob a iluminação que vem da rua.Tudo nele me atrai, me encanta e me fascina.
Manu: Tô com medo dela vomitar no seu carro — falo, ajeitando a cabeça da Any, que insiste em tombar.
Terror: Conhece o Renan de onde? — ele pergunta, ignorando completamente o que eu disse antes, com aquela voz firme, carregada de uma desconfiança e que me pega de surpresa pela sua pergunta.
Eu sinto o peso do olhar dele, firme em mim, como se estivesse escaneando cada detalhe da minha reação. Tento não me deixar intimidar, mas o jeito dele me obriga a escolher as palavras.
Manu: Conheci ele hoje, só isso. A Any que me apresentou. A única palavra que trocamos foi na saída, perto de todo mundo. — respondo, mantendo o tom leve, mas sentindo meu coração acelerar.
Terror: Sei… — ele murmura, num tom meio cético, enquanto dá uma olhada rápida pra frente antes de voltar o olhar pra mim.— Então já tá se enturmando, né? — ele continua, sem desviar os olhos.
Manu: Sim, mas com ele só fui simpática mesmo... — murmuro, tentando disfarçar o sorriso que ameaça escapar, mas ele não deixa passar.
Terror: Simpática, é? — ele arqueia uma sobrancelha, numa expressão que me faz imaginar que ele está com uma pontinha de ciúme.
Manu: É — dou de ombros
Terror: E tu fica arreganhando as canjicas pra todo mundo? até quem nunca viu?
Olho dentro dos olhos dele, que ardem com aquele jeito possessivo, e sinto uma mistura de surpresa e divertimento. Seguro o riso, m*l acreditando que ele tá fazendo uma cena de ciúmes, logo ele. Se a Any tivesse acordada, ia chorar de rir disso.
Manu: Sim, eu costumo ser cordial com as pessoas. Sorrir é uma maneira de ser simpática, solícita — respondo, mordendo os lábios pra segurar a risada.
Terror: Vai ser cordial, lá na p**a que pariu! — ele rosna, e eu noto o olhar que ele me lança, como se quisesse comer meu rim.
Meu coração bate acelerado, confesso que estou adorando esse jeito bruto e possessivo dele.
Mantemos aquele olhar fixo, até que o som inconfundível de ânsia da Any nos tira desse transe.
Terror: Ah, não, mano, p**a que pariu! Mandei lavar esse c*****o hoje.— ele murmura, destravando a porta e saindo rápido, as mãos sobre a cabeça.
Saio do carro, abrindo a porta do passageiro e vejo a Any inclinada, vomitando sem parar. Espalhando aquele desastre por todo carro. O cheiro forte sobe, e eu franzo o nariz, segurando o impulso de me afastar.
Manu: Eu sabia que ela ia vomitar! — falo, balançando a cabeça, tentando não rir da situação.
Ele me lança um olhar, claramente irritado, mas também meio rendido ao caos que virou o carro. Terror coloca as mãos na cintura, em total negação.
Terror: Na próxima eu me lembro de nunca mais oferecer carona pra tu, vacilona. — ele diz, tentando se segurar, enquanto um sorriso discreto escapa de mim.
Manu: Você que ofereceu, né? Eu podia muito bem ter dado um jeito de outra forma — rebato, piscando pra ele, e ajeito a cabeça da Any.
Terror solta uma risada seca, inclinando a cabeça de lado.
Terror: Teu problema é ser desacreditada demais, otária — ele fala, me encarando irritado. — Devia ter deixado aquele o****o te trazer. Pelo menos ia ser o carro dele que estaria coberto dessa nojeira.
A risada me escapa antes que eu possa segurar, e, enquanto tento disfarçar, vejo ele me olhando puto.
Manu: Desculpa, mas é que... — começo, rindo mais ainda. Ele revira os olhos, mas não resiste e solta um sorriso de canto, quase como se também achasse graça da situação.
Terror: ÔÔÔ, MENOR! — grita um dos caras que estão fazendo sua escolta e faz um aceno rápido — Leva essa daí pra dentro da casa. — diz pro rapaz que se aproxima.
Manu: Ah, não,Terror, ajuda você mesmo! Coitado do rapaz... depois como ele vai tomar banho?
Terror: Tu tá achando que eu tô aqui pra quê? Pra servir de babá pra sua amiga bêbada? — ele me devolve o olhar serio.
Mas não deixo ele me intimidar e o encaro de volta, mordendo o lábio pra não rir, tentando manter a seriedade com ele.
Terror: Não vou colocar a mão nessa nojeira, não. Tá louca? A mina tá imunda.
Manu: Então é isso? Grande Terror, o chefão do morro, tá com medo de um pouquinho de vômito? — provoco, levanto uma sobrancelha, encarando ele com um sorrisinho de canto.
Ele fecha a cara, me lançando um olhar que me causa medo.
Terror: Cê tá brincando com fogo, sabia? Mas beleza… — ele revira os olhos.
Manu: Obrigada! — solto um sorriso, piscando os olhos pra ele, que n**a.
Ele levanta a mão em um sinal pra que eu me afaste.
Terror: Vaza daí, deixa que eu resolvo essa p***a! — fala firme, e eu recuo, ainda segurando o riso. Não sei o que é mais engraçado, se é a cara de nojo dele ou o jeito que os seguranças tentam disfarçar a risada, alguns de cabeça baixa, outros olhando pro lado, mas todos querendo rolar de tanto rir.
Enquanto ele dá a volta no carro, posso ouvir ele resmungando algo sobre “nunca mais cair nessa” e “nunca mais dar carona pra essa doida”. É uma cena cômica!
Sério, eu nunca imaginei ver ele aqui, ainda mais desse jeito, me ajudando com a Any. Do Terror, não dá pra esperar muito além daquela pose de durão, sempre fechado, sempre na defensiva. Mas ver esse lado dele me pegou de surpresa, confesso. É como se, por um segundo, toda aquela marra e frieza tivessem dado espaço a uma coisa que eu nunca imaginei que ele pudesse me mostrar.
Ele pega a Any no colo com uma facilidade que faz parecer simples, o que a minutos atrás eu estava sofrendo pra fazer. Mesmo marrento ele tem uma certa calma nos movimentos.
Não dá pra ignorar o efeito que ele provoca em mim, mesmo que seja através do seu olhar intenso ou de uma simples frase dita, ele sempre parece desvelar uma parte de mim que nem eu sabia que existia. Tô começando a concluir que cada detalhe dele foi feito exclusivamente pra me deixar assim, mexer com minha sanidade e me envolver nesse conflito de sensações. Ele já percebeu o efeito que causa em mim e usa isso a seu favor.