Meu corpo encontra-se estirado na cama de pedra coberta por pequenos pedaços de papelão daquela cela solitária. Eu havia sido julgado há mais de uma hora, havia sido condenado a pagar uma fiança de cem mil dólares para cada crime cometido. Eu não tenho uma certa noção de que passa de seis da manhã, mas não chega a ser seis e meia. Encaro o teto de cimento e respiro fundo, eu estou sozinho, não sei para onde Christian, Emma ou Barbara, a outra garota, foram levados.
Sou chamado pouco tempo depois pelo policial que havia dado a notícia do meu julgamento. Estava na hora de ir embora, minha fiança foi paga. Levanto da cama e aproximo-me das grades que logo são abertas, estendo minhas mãos presas pelas algemas prateadas e ele a abre, finalmente me livrando daquele incomodo abusivo e desnecessário. Ele anda na minha frente e eu apenas o sigo em silêncio. Observo que as outras celas também já estão vazias, deduzo então que Christian e as garotas já foram embora.
– Tem uma pessoa esperando por você. - me avisa após sairmos do espaço reservado para algumas celas do andar de baixo da delegacia. Estremeço ao imaginar ser um dos meus pais, a bronca seria grande e exaustiva. – Na segunda sala a esquerda. - me instrui apontando com a mão.
– Obrigado. - murmuro baixo.
Passo as mãos nos fios finos do meu cabelo e suspiro. Deslizo a mão direita na minha nuca e sinto uma dor aguda na cabeça. Maldita ressaca. Caminho em direção ao local que me foi indicado e toco a maçaneta da porta, posteriormente abrindo a mesma hesitante. Estralo a minha língua no céu da boca e sinto meu corpo gelar ao ter em vista quem estava esperando por mim. Era bem pior que os meus pais, era Helena.
Entro na sala e fecho a porta de madeira gasta atrás de mim. Ela nota a minha presença e enfim tira sua atenção do celular prata em suas mãos. Seu olhar é frio e sua respiração impaciente. Parece estar calculando precisamente cada movimento que daria e cada palavra que iria dizer. Eu me sinto incomodado com seu olhar, não me dou ao desfrute de interromper o silêncio entre nós. Me sinto um filhote de zebra encurralado por uma leoa pronta para atacar.
Eu me pergunto mentalmente o porque dela estar ali. Não, não levando em consideração ao óbvio, mas conhecendo como eu a conheço ela jamais se daria há humilhação de pisar em um local como aquele, na minha cabeça, ela me esperaria em casa para não passar as perturbações da imprensa. E mais algo a acrescentar, ela estava em Los Angeles até ontem a noite, é curioso o fato de que agora ela está aqui, na minha frente, na Florida, mais de 2.000km longe da Califórnia. Meu subconsciente grita as verdadeiras razões dela estar ali: você a irritou e despertou nela a ira adormecida, ela iria até o inferno para te falar tudo o que ela quer te falar no momento.
– Eu liguei para você sete vezes ontem. - ela quebra o silêncio. Me mantenho de pé encarando a morena, mais precisamente encarando seus lábios arredondados ressacados. – Na oitava vez o seu celular não chamou mais, isso é estranho porque eu achei que seria importante para você saber que sua filha estava com febre e chamando por você. - uma corrente elétrica percorre o meu corpo. Todos os meus fios de cabelo se arrepiam e uma culpa absurda se instala em mim. Meus olhos se fecham. – Mas eu acho que não. Uh, é irritante receber uma ligação ás três e quarenta da manhã sendo avisada que o meu marido foi preso por bater racha, em Miami, acompanhado de um dos melhores amigos e duas garotas que aparentemente eu não conheço. - sua voz penetram os meus ouvidos e sua calma é torturante, massacram mais do que se ela estivesse gritando comigo. Abro meus olhos e agora ela está de pé. Existe um sorriso morto em seus lábios. – Quinhentos mil dólares, Ethan.
– Olha, me desculpe pelas perturbações esta madrugada, se foi uma noite difícil para você agora imagine para mim. Eu sei o quão e******o fui e sou grato pela gentileza de se deslocar de Los Angeles para cá. - ela sorri irônica, não me incomodo. – Eu não pedi que ligassem para você, meu advogado resolveria tudo sem ser necessário consultar você. Eu aprendi a lição, então poupe-me de te ouvir e se poupe de gastar sua saliva comigo. - travo o maxilar. Respiro fundo e enfio minhas mãos dentro do bolso da minha calça. – Eu vou devolver a você os quinhentos mil e o que mais você...
– Não. - ela me corta. – Não quero os quinhentos mil dólares e não quero um centavo seu, Ethan. Não vim aqui para te cobrar, eu vim aqui para te falar uma coisa que não pode esperar para depois. - ela diz rápido. Existe aflição em sua voz. Abaixo meus ombros e observo ela atenta. – Esqueça cada palavra que eu lhe disse na nossa última conversa. Eu mudei totalmente de ideia. - entreabro meus lábios. Não entendo o que ela quer dizer. – Não quero esperar seis meses, eu vou pedir para o meu advogado entrar em contato com o seu. Me dê o divórcio, imediatamente. - sua voz está embargada de choro, mas eu sei que ela não vai o liberar.
– Não, não, de forma alguma. - falo sério. Meu queixo treme, meus sentidos somem. – Não vamos nos divorciar, Helena. - praticamente grito com ele. As veias do meu pescoço se evidenciam e meu coração palpita forte. – Você não vai se ver livre de mim. - fecho minhas mãos em punho, eu temo a mim mesmo, mas ela não demonstra qualquer tipo de emoção semelhante.
– Não torne as coisas mais difíceis. Você tem três chances de assinar um divórcio de forma decente e digna, na quarta eu ganho um divórcio forçado. - não altera seu tom de voz. Ela permanece calma e indiferente em relação a mim. – Pare de se enganar, não há como continuarmos nessa grande mentira que nosso casamento se tornou. Meu Deus, você estava novamente com outra garota, você foi preso, você está agindo como um marginal, um louco. Eu não reconheço você. - ela confessa. Minha respiração fica descompensada. – Me deixe livre, Ethan. Me deixe seguir a minha vida. - n**o com a cabeça.
– Não, não sem mim. Jamais sem mim. - enfatizo. – Eu sou o homem da sua vida, sou eu quem você ama, Ethan Black, é comigo com quem você tem que ficar e seguir sua vida. - existe ira em minha voz, mas estou ciente e confiante do que digo. Aproximo dela, ela não dá um passo para trás. – E é comigo que você vai ficar. - murmuro baixo, apenas para que ela ouvisse.
– A escolha entre me dar o divórcio de forma amigável ou conturbadora é sua, Black. - pela primeira vez, sua voz soa alta, estressada e um tanto quanto fora de si. – Só não deixe com que o amor, que você tem tanta certeza que eu tenho por você, acabe se tornando em ódio, nojo e desprezo. - ela suspira. Eu me calo. Ela pega a sua bolsa de cima da mesa e faz menção de sair da sala, mas ela recua como se lembrasse de algo e recolhe todas as suas forças para me dizer sem chorar: – Você tem absoluta razão ao dizer que eu amo o Ethan Black. Eu amo, o que eu conheci anos atrás, o meu marido, pai da minha filha e não isso que você se está se tornando. - ela engole a seco. Coloca os óculos escuros e se retira da sala, eu sei que agora ela chora pois antes de me deixar sozinho, ouço seu fungar baixo e constrangido.
Eu havia a deixado constrangida.
Helena Greevey's POV
Coloco os óculos escuros em meu rosto e passo ao seu lado sem o encarar. Fungo, não segurando mais as lágrimas e finalmente saio dali. Eu me sinto frágil, como se a cada dia que passasse o tapete de baixo dos meus pés era puxado e junto dele o meu chão também ia me fazendo cair em queda livre como Alice indo em direção ao país das maravilhas. Mas não era para as maravilhas que eu estava indo.
Saio de dentro do prédio de delegacia sendo escoltada por um grupo de pelo menos sete policiais que me rondaram a pedido do meu advogado para que eu pudesse sair daquele local. Havia uma grande quantidade de fotógrafos e fanáticos do lado de fora a minha espera e a espera de Ethan. Não soube mais notícia de Christian ou das garotas que acompanhavam os dois, o pouco que eu havia sido informada eram aquilo o que até então havia sido publicado pela empresa. Era doentio e desumano o golpe de marketing de alguns jornais para chamar a atenção em cima da prisão de Ethan. Nem tudo era verdade. Mas eu não poderia tapar o sol com a peneira, coisas havia acontecido e as teorias muitas vezes tinham lógica, eu somente tinha me decidido não correr atrás das respostas para elas.
Entro no banco do motorista após conseguir ser escoltada de modo desordenado pela multidão de curiosos que me acompanhavam. Suspiro aliviada e retiro os óculos escuros, jogo minha bolsa ao meu lado e desando a chorar, todas as lágrimas que eu havia segurado. O motorista dá a partida e não me questiona absolutamente nada, agradeço mentalmente. Eu me sinto tão vulnerável, eu confesso que a minha ideia inicial se deve ao fato que eu ainda tinha esperanças, que eu poderia reconstruir a minha confiança nele e restaurar para mim a imagem do homem que eu tanto admirei. Mas agora, eu olhei para ele e tentei de todas as maneiras encontrar nele o meu Ethan e foi em vão, eu não consigo admira-lo e não consigo me lembrar dos motivos que me fazem ama-lo. Eu não posso continuar com isso, não posso fingir uma relação e um bem estar que não existe mais.
Apoio meu cotovelo no apoiador da porta do carro, seguro a minha cabeça com a mão e choro em silêncio. Eu pararia de chorar, eu prometo para mim mentalmente ser a última vez que faço isso por ele. Fecho a minha mão e encaro a aliança de ouro ainda ali, é como uma facada no meu peito, mas aquilo é o símbolo de tudo aquilo e deveria começar por ele a minha mudança e superação. Retiro o meu cotovelo da porta e retiro a aliança da minha mão, eu nem ao menos me lembro da última vez que eu a retirei. Abro um pouco a janela de vidro e atiro a mesma sem pensar duas vezes para fora. Suspiro aliviada, toco meu dedo e observo a marca branca exatamente do tamanho do anel que havia ficado no meu dedo, eu não me importo. Uma hora sai.
Suspiro sentindo o oxigênio invadir meus pulmões de maneira pesada. O ar estava pesado. Mas me sinto aliviada em saber que havia conseguido colocar os "pingos nos Is" definitivamente. Minha curta viagem até Miami teve apenas o proposito de dizer a ele as coisas que eu quis dizer, sabendo que se passassem mais de um dia, eu não teria mais coragem em dizer. Tive um imenso prazer em pagar a sua fiança sem reclamar do preço elevado apenas para não perder a oportunidade de decepar a minha louca vontade de acabar com tudo. Me sentiria sufocada se permanecesse insistindo em algo que eu tenho absoluta certeza, não vai dar certo.
– Senhora Black. - o motorista me chama, tirando-me de meus devaneios. Confesso que não me sinto incomodada por ele preferir usar o nome de Ethan, já havia me acostumado. – Nós chegamos, o seu voo sai em meia hora. - ele me entrega a passagem e eu a pego.
– Obrigado, Bob. - murmuro baixo, não quero prolongar o assunto. Abro a porta do carro e puxo a minha bolsa junto com meu óculos voltando o mesmo ao meu rosto. Saio do carro e fecho a porta. Apresso meus passos para dentro do aeroporto, não avisto nenhum paparazzi, mas prefiro não procurar, abusando da sorte.
Passo reto e direto para fazer o check-in e ir para a sala de embarque, não quero ser reconhecida e muito menos causar um tumulto naquele lugar como havia acontecido na delegacia. Ouvia algumas pessoas comentando sobre a prisão de Ethan e é como se todo aquele assunto fosse me perseguir daqui em diante, é torturante. A televisão suspensa na parede passa um jornal e o jornal exibe mais uma matéria inútil sobre Ethan e seu histórico problemático, fala até mesmo de mim. Reviro os olhos por baixo das lentes escuras do meu óculos.
Ignoro todas as malditas pegadinhas que o destino passou a armar para mim com sua ironia irritante. Faço o check in em uma rapidez desconhecida e me encaminho para a sala de embarque. Não há bagagens comigo, eu agradeço por isso.
Eu não tinha grandes propósitos e nem ideia do que faria daqui para frente, mas uma coisa agora é certa: eu só quero estar em Los Angeles.
Quatro dias depois
Los Angeles, CA 15:40pm
Ethan se senta a minha frente, está muito bem vestido no seu terno bem alinhado cinza, blusa engomada branca por baixo do palito e uma gravada charmosa em tom de salmão. Ele retira da sua maleta marrom uma grande quantidade de papelada, ele parece animado. Pelo menos, animado se for comparado a mim.
– Eu consegui resolver a papelada em tempo recorde. - avisa-me. Ele entrega os papeis para mim. – O acordo que eu tenho a propor para vocês é o seguinte, você fica com a casa, guarda da Mila e 20% de tudo o que o senhor Black ganha por mês em sua turnê. - ele sorri animado. Eu não faço o mesmo. – As visitas a Madelyn serão reduzidas, aos finais de semana e se a senhora assim permitir, que ela viaje com ele em férias e feriados. - entreabro a minha boca e formo com meus lábios uma linha. Um sorriso, mas que não é capaz de chegar aos meus olhos.
– Não, Ethan. - ele olha para mim confuso. – O acordo que vamos propor é apenas relacionado a guarda da Mila, eu não quero nenhum centavo dele. Eu não preciso que ele pague pensão para ela, ela é filha dele, ela o ama tanto quanto ele a ama. Ele ficar longe dela não é uma punição somente para ele, é para ela também. - ele tenta argumentar, mas eu interrompo não permitindo que ele continue. – Eu só quero um divórcio digno, limpo e livre desses acordos de mulher acomodada. O casamento acabou, não o meu respeito por ele. - sou firme no que falo. Tenho certeza de que não voltarei em uma palavra se quer.
Quatro dias haviam se passado e eu não recebi qualquer notícia dele. Ele nem ao menos tentou me lugar e eu muito menos, principalmente levando em consideração que ele havia mudado de número. Não me incomodei com ele, não chorei nenhum dia desde então, eu sabia que a promessa que tinha feito a mim mesma um dia iria se quebrar, mas no momento eu a tenho levado ela séria o suficiente. Eu me reservei mais para mim e me poupei de ficar desabafando, até mesmo para Ashley. Me dediquei totalmente a Mila e não deixei que a falta do pai não a afetasse como na noite em que fui obrigada pela minha deusa interior a partir para Miami as pressas.
Alguns sites já anunciavam a nossa separação e nos trends "Ethan e Helena" mantem-se nas primeiras posições durante todos esses dias. Sumi das redes sociais e das ruas, eu passei a me sentir bem mais a vontade apenas dentro de casa com a minha pequena do que com todo o estresse e cobrança do mundo exterior. É apavorante como a minha vida pessoal, que somente diz respeito a mim e a quem faz parte dela, afeta tanta gente, gere brigas e discussões baixas nas redes sociais. Era loucura.
Ethan foi embora da minha casa com a promessa de que reformularia o acordo, eu abri mão de tudo o que Ethan tem, eu não queria ficar com absolutamente nada que tivesse sido comprado por ele. Mesmo que o nosso acordo matrimonial incluísse divisão total de bens. Eu não aceitaria e não voltaria atrás nisso, ao menos que fosse para Mila, ela sim tem direito a algo dele. Eu também queria que os dois mante-se a mesma proximidade que tem hoje, eu sei como é crescer sem o pai por perto e temo que um dia ela me culpe por ter acabado com afetividade que ambos tem um pelo outro. Eles se amam e mais explicito que isso somente uma placa com luzes de neon.
Minhas malas para Bulgária estavam quase todas prontas, mas eu ainda tinha muito tempo para me organizar nos Estados Unidos antes das gravações começarem. Conversei com a minha mãe dias atrás sobre a minha partida, concordo amigavelmente em deixar Mila com o Ethan, não havia com o que me preocupar, mas achei necessário pedir a ela que desse algum suporte para ele, caso ele precise. Eu sabia que ele teria o apoio de Patrícia, que mesmo decepcionada com seus últimos atos, não abandonou seu filho em momento algum, mas ajuda nesses casos nunca é demais.
Pensei em não ir mais, mas nunca fui de deixar que minha vida pessoal afetasse a minha profissional. Atuar é minha grande paixão e decorar um texto e incorporar outro personagem pode ser peça chave para que eu possa me distrair um pouco da tensão de um casamento em crise, um pré divórcio e uma briga na justiça que provavelmente iria ocorrer. Ethan é previsível. Ele não vai aceitar meu acordo e vai pedir a guarda de Mila, mas eu não irei dar o braço a torcer. Ela é tão minha, quanto é dele.
Bufo irritada. Odeio pensar nisso. Quero colocar na minha cabeça de que tudo vai ocorrer bem e que ele vai desistir da ideia insana de resistir ao divórcio. Mas eu o conheço bem, o máximo que ele puder dificultar, ele vai dificultar. Abraço meu próprio corpo ao me sentar na cama com lençóis e edredom limpos, eles exalam cheiro de lavanda. Encaro a varanda do meu quarto, uma brisa maravilhosa adentra, está um sol maravilhoso lá fora, mas inalcançável levando em consideração a tempestade que se forma dentro de mim. Quero deitar e dormir por mil anos ou mais, quero acordar e perceber que tudo isso está acabado, que não há mais dor, angustia e que eu não estou mais gritando em silêncio.
– Mãe? - Mila me chama. Desperto de meu transe e a garota está a minha frente. Usa um lindo vestido rodado branco com uma fita vermelha no centro. Seus cabelos estão úmidos e penteados de uma maneira fofa. Há alguns laços espalhados no mesmo. Seus pés estão cobertos por sapatinhos brancos, ela está inquieta, mas ao mesmo tempo linda. – Você está bem? - ela se atrapalha um pouco nas palavras, ela parece conhecer ainda muito pouco das simples palavras que contemplam nosso vocabulário.
Me intriga o fato de Gail ter a arrumado de modo tão formal após seu banho, mas logo me recordo da breve conversa com a minha mãe no dia anterior pedindo permissão para levar Mila no quinto casamento de uma amiga sua. Ri carinhosamente para ela.
– Eu estou bem. - passo a mão em seu rosto e contemplo seus lábios naturalmente rosados e arredondados como os meus. – Você está linda.
– Obrigada. - murmura envergonhada. Ela se estica na cama e tenta a todo custo escalar a mesma, mas apenas com a minha breve ajuda ela consegue. – Mamãe, é verdade que você e o papai não estão mais juntos? - franzo a testa. Não havia conversado sobre isso com ela, pelo menos não ainda. – Gail estava vendo um programa sobre famosos e falou sobre vocês - a tristeza em seus olhos era refletidas com lágrimas fracas que não desciam nem por um decreto.
– Nós... - suspiro, não tenho palavras para explicar a ela. – Nós decidimos que seria melhor assim, meu anjo. - opto por não mentir, mas sei que minto mesmo assim quando eu faço referência ao pronome "nós".
– Oh. - ela cuidadosamente cruza suas pequenas pernas e coloca as mãozinhas fechadas entre as mesmas. – Eu tenho uma amiga com pais separados e parece não ser tão r**m. Mas eu amo vocês e não quero que vocês briguem como os pais dela. Uma vez ela me disse que o motivo deles brigarem tanto era ela. Eu sou o motivo de vocês brigarem, mamãe? - balanço a cabeça negativamente. Minhas mãos acariciam os fios loirinhos e finos dos seus cabelos.
– De modo algum, meu amor. Você é o motivo da nossa felicidade. - respondo sincera. Mila suspira aliviada e limpa abaixo dos olhos as poucas lágrimas que descem. Ela é esperta demais para a sua idade, compreende coisas que normalmente uma criança não compreenderia. Ela está muito acima de sua idade. – Seu pai ama você e nada vai interferir no comportamento dele com você, está certo? - ela assente. Estendo a minha mão e ela rapidamente entende, toca a minha mão como sempre costumamos fazer. – Você é de longe a melhor coisa que já aconteceu nas nossas vidas.