Capítulo Um
Como toda boa história, não necessariamente existe um começo, seria ousado dizer que na grande maioria das vezes você simplesmente está num lugar qualquer e algo ou alguém prende a sua atenção, mesmo que tudo soe basicamente improvável.
Luxúria e prazer resumem essa noite. A fumaça densa se mistura livremente com as luzes discretas e azuladas do ambiente, a música baixa proporciona um clima elegante, mas é quase impossível identificar todas as pessoas na mesma sala. Mulheres desfilam com vestidos curtos e brilhantes perfeitamente ajustados ao corpo, enquanto caminham de forma delicada exibindo lindos pares de salto alto. Os homens fumam e bebem livremente, enquanto aparentam estar o suficientemente preocupados em conversas paralelas não muito extensas, mas importantes o bastante para não desviarem a atenção a mais ninguém.
A mistura de perfumes e o cheiro da fumaça que exala dos diversos charutos fez o seu estomago dar voltas, e isso faz você lembrar que a sua última refeição foi a horas atrás. Evitando qualquer desconforto, você balança lentamente o seu copo de uísque e aprecia o líquido acobreado dar pequenas voltas ao redor da única pedra de gelo, e sem pressa leva até a boca. A bebida fria toca seus lábios, e aos poucos você sente o líquido descer rasgando a garganta deixando para traz o ardor amadeirado da bebida. O misto de sensações desse momento é o seu maior prazer também o maior desprezo, seria difícil descrever o quanto você detesta toda essa gente ao seu redor, mas sentir o amargo do uísque caro percorrendo o seu corpo parece eterno.
Mulheres se aproximam e tentar flertar a todo momento, através de um olhar discreto, um deslize no vestido, ou qualquer tentativa de atrair a sua atenção e você não pode negar que são os mais belos sorrisos que já viu, mas, se tem algo que aprendeu com o seu falecido pai é que mulheres são apenas distrações, não se deve dar a elas verdadeira importância. Alguém no seu lugar não poderia se envolver emocionalmente com ninguém e mesmo que você soubesse que um dia teria que se casar, gostava de pensar que essa ideia estava distante o suficiente.
Infelizmente era o seu último gole de uísque, e como a noite está longe de terminar você decide ir até o bar a procura de outra dose de álcool.
- Por favor, outra dose – Você não tem o trabalho de tirar os olhos do próprio copo, simplesmente apoia os braços ligeiramente no balcão pouco iluminado e espera que alguém venha atendê-lo prontamente, mas não é o que acontece.
- Outra dose! – Agora a sua voz rouca soa quase como um grito.
Procurando por alguém para atendê-lo rapidamente você levanta a cabeça e encontra o par de olhos mais bonitos que já viu em toda a sua vida. Eu estava atrás daquele balcão imenso, e surpreso por nunca ter me visto antes você percebe o quanto estou atrapalhada com esse monte de bebidas e pressupõe que seja o meu primeiro dia. Dona do par de olhos mais dóceis e verdes que já encontrou, meus cabelos escuros e agora embaraçados estavam presos num coque desgrenhado deixando apenas poucos fios soltos que grudavam facilmente em minha pele branca por conta do suor. Nessa noite, eu escolhi usar um vestido preto simples e solto ao corpo, mas que deixavam meus pequenos s***s marcados e livres sobre o tecido barato. Nossos olhos se encontraram e pela primeira vez alguém sorriu de forma sincera para você, sem medo ou interesse. O misto de sensações, o ar denso e as várias doses de álcool fizeram seu estomago dar cambalhotas, e tudo o que você podia processar era a vontade de encontrar um banheiro o mais rápido possível. Toda a tensão parecia querer pular para fora da sua garganta, e aqueles olhos... nesse instante tudo o que você conseguia processar era a vontade de ver aquela mulher novamente, e é assim que iniciamos a nossa história.