Caroline Matolly Narrando
- Depois que o homem saiu me encolhi no canto da cama e chorei de soluçar, a ansiedade tomou conta de mim, bateu um desespero horrível.
- Será que eles vão me matar? Será que vou conseguir sair daqui com vida? Meu Deus, que desespero.
- Chorei tanto que me deu uma dor de cabeça horrível e acabei dormindo de tanta dor e tanto choro.
- Acordei assustada com o barulho da porta. Um homem diferente do que estava aqui entrou e me entregou um salgado e uma coca.
- Ak: Levanta que não tenho todo tempo do mundo não.
- Caroline: Não quero comer nada.
- Ak: f**a-se, então fica com fome. Não tenho paciência para praticinha mimada.
- Caroline: Quem você pensa que é para me chamar de mimada? Não sabe nada sobre mim e sobre minha vida, se eu sou mimada, você é um bandido de merda. - Não sei de onde tomei coragem mas não podia ficar escutando esses desaforos de uma pessoa que nem me conhece.
- AK: Bandido de merda que vai te enfiar a porrada se tu ficar nessa, sua patricinha p*****a. - Disse vindo na minha direção, me levantando pelo pescoço e dando um tapa na minha cara, foi em direção a porta, ficou me encarando e saiu do quarto.
- Coloquei a mão no meu rosto que por sinal estava doendo com o tapa tão forte que esse i****a me deu, comecei a chorar. Que mundo é esse que estou vivendo, a pessoa me sequestra e ainda me agride.
- Os valores estão totalmente invertidos, esse tipo de gente não tem empatia por ninguém, não tem nenhum sentimento bom no coração, são secos por dentro.
- Meu pai sempre teve razão, quando falava sobre isso e eu debatia com ele dizendo que todo mundo merece uma segunda chance, e que eles não eram tão ruins ao ponto de fazer algo com alguém inocente. Que nas comunidades tinha muito mais regras do que o próprio Estado. Sempre defendi porque meu pai marginalizada a favela de uma forma que nunca consegui enxergar e no final ele tem razão.
- Essas pessoas são totalmente ruins, psicopatas e perigosas. Preciso me controlar e ficar na minha para não apanhar mais ou morrer.
- Não consigo escutar nada daqui, nenhum barulho se quer. Não dá para saber se é noite ou dia e quantas horas estou aqui.
- Fui até o banheiro para ver se tinha uma janela mas era um vasculhante que se se dependesse não passava nem uma coxa minha, quem dirá meu corpo inteiro. E ainda tinha grades do lado de fora.
- Usei o banheiro e pelo incrível que pareça estava limpo. Lavei meu rosto, olhei no espelho e vi a marca do tapa que esse infeliz me deu. Nunca apanhei na minha vida, lá em casa era tudo na base do diálogo e agora apanhei por um desconhecido, é triste.
- Não sei o que me espera, mas eu vou lutar para sair daqui, esse não vai ser meu fim. Eu não mereço isso.
- Tomei a coca e não quis comer nada, queria tomar um banho mas o medo de alguém entrar aqui era maior.
- Fiquei andando de um lado para o outro, até que a porta abriu e sai correndo para cima da cama e me encolhi.
- Um homem entrou no quarto e sem a touca ninja. Eu nunca vi em toda minha existência um homem tão lindo como esse. Ele é moreno, com 1,80 e poucos de altura, uma muralha de músculos e deu para perceber que era tatuado, cabelo preto e um corte lindo e os olhos castanho mel. Por mas que seus olhos fossem lindos o olhar dele era de uma pessoa fria.
- Meu Deus, como um homem lindo desse que parece um príncipe é criminoso. Aonde esse mundo vai parar.
- Caroline: O que vocês querem comigo? Me matar não vão porque já teriam feito isso. - falei me encolhendo na cama.
- Digão: Isso vai depender do teu pai, então eu não teria tanta certeza assim. - falou se aproximando e sentando na cama. Foi esse homem que falou comigo no carro vindo para cá, é a voz dele, não tem como não reconhecer, eu tenho certeza que é ele.
- Caroline: Engoli seco o que ele disse e continuei encolhida no mesmo lugar sem falar nada.
- Digão: O que é isso no seu rosto? - Falou se aproximando de mim.
- Caroline: Não é nada. - Me esquivei colocando a mão na marca do tapa.
- Digão: Se você não me falar quem foi, todo mundo vai morrer lá fora e a culpa vai ser sua. - Falou se levantando.
- Caroline: Não, pelo amor de Deus. Foi um homem que trouxe lanche pra mim mas não consigo saber quem é porque estava de touca. - Não precisa fazer nada com ninguém, não quero nenhuma morte nas minhas costas.
- Digão: Marca um 10 ai que já volto. - Falou saindo em direção a porta sem dar tempo de eu falar qualquer coisa.
- Meu Deus, espero que ele não faça nada com esse homem e ela venha aqui me machucar. Mais uma vez o nervosismo tomou conta de mim.
- Mas porque ele ficou preocupado comigo? Já que o objetivo aqui não é me proteger e sim me machucar, não faz sentido.
- Fiquei pensando e falei para mim mesmo. Não pira Caroline, se eles querem resgate você não pode ficar machucada. Até porque como um bandido vai ter cuidado por você sendo uma pessoa que ele não conhece e o pior de tudo, filha de delegado.
- Fiquei andando de um lado para o outro e orando a Deus para que esse pesadelo acabe.
- Será que a Luana falou com meu pai? Minha amiga deve esta abaladissima, nessas coisas ela é muito nervosa, deve tá pensando que o pior aconteceu comigo.