Cinco anos depois…
– Salvatore? – indago confuso para o Padre Hamil, que me ajudara tanto nos últimos anos.
– Sim. Precisamos de você lá – diz o senhor com pouco mais de oitenta nos – o Padre Albert está para se afastar por motivos de saúde. E quando me perguntaram quem seria a pessoa mais indicada, pensei logo em você.
Olho-o seriamente.
Estava feliz onde estava e fazendo o que fazia.
– Bem, já que tal pedido parte do senhor, peço que providencie minha mudança para lá.
– Não sou eu que estou pedido, você etá recebendo um chamado de Deus. Você têm uma missão a cumprir lá.
Olhei-o atentamente e sorri.
Segui para meu quarto e fechei a porta.
Estava confuso.
Será que eu não estava exercendo minhas funções da melhor maneira possível?
Desvencilhei-me de tais pensamentos e me preparei para o momento de oração.
– Padre Albert – cumprimenta o Padre Jordan ao se aproximar – soube que será transferido.
– Sim. Para uma cidade chamada Salvatore. Já ouviu falar?
– Não. Quem lhe indicou?
– Padre Hamil. Disse que o Padre de lá irá se afastar por motivos de saúde.
– Entendo… Espero que possa cumprir sua missão irmão.
– Também.
Logo após o momento de oração, voltei para meus aposentos e descansei.
Acomodei-me na cama e fitei o teto.
Algo em ir para esse lugar, me incomodava. Era como se, ao mesmo tempo eu quisesse ir, eu também não quisesse.
Quando a noite caiu, nos reunimos para jantar e fazermos nossa última oração coletiva do dia.
Voltei para meu quarto e troquei de roupa.
Fiz minha oração pessoal, e pedi que além de discernimento, Deus me desse também paciência e resiliência, pois tinha a plena certeza de que estava por vir, a maior tempestade de toda minha vida.
Logo pela manhã, o m****o superior pediu para falar comigo.
– Mas, já? – indago surpreso.
– Sim. O Padre Robert deve deixar suas funções em um mês ou menos. Providenciarei sua partida para amanhã cedo.
– Tudo bem senhor.
Assento e sigo para meu quarto.
Recolho meus poucos objetos e ponho em uma mala.
Olho para os cantos das paredes e penso em como sentiria falta dali, daquela paz, daquele sossego.
Para minha infelicidade o dia voara, e logo a noite caíra.
Os irmãos se reuniram e fizeram um jantar especial de despedida.
Ao me recolher, pedi a Deus que abençoasse minha viagem e que tudo fosse da v*****e dele.
A ansiedade não me deixara dormir quase nada, logo cedo já estava de pé e pronto.
Meu superior me levou até o local onde pegaria uma carruagem.
– Quando chegar lá, procure logo pelo Padre Robert. Não se preocupe que não há erro, é uma cidade pequena, então, ele é o único padre por lá. Todos os conhecem.
– O senhor conhece Salvatore?
– Pouco, mas, conheço.
– Há algo que preciso saber? – indago preocupado.
– Para todos os lugares que você vá, meu conselho sempre será o mesmo; mantenha-se firme e perseverante.
Ele bate levemente em meu ombro e eu entro na carruagem.
– Mantenha-me informado – diz.
– Pode deixar.
O cocheiro partiu logo.
Seriam cinco dias de viagem. Teria tempo para pensar e analisar a situação, analisar essa mudança repentina.
Olhei pela janela e a cidade foi sumindo de minha vista.
Fiz uma prece rápida, e pedi a Deus que me protegesse e que eu chegasse bem, mas, que acima de tudo, abençoasse minha estadia em Salvatore.