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1485 Words
Cheguei em casa e fui direto para meu quarto. Precisava acalmar meu coração. Sentia-me eufórica. – Audrea – mamãe bate a porta – seu pai quer falar com você. Ele está no escritório – diz e sai. Mamãe estava estranha demais. Desço e bato na enorme porta de madeira de sua sala. – Entre – diz. Entro e deparo-me com ele com a cara enfiada no jornal. – O senhor queria falar comigo? Ele continua lendo. – Sente-se. Acomodo-me a sua frente, e depois de alguns minutos, ele larga o jornal e me encara. – Quer dizer que você aceitou pensar na proposta de Benicio? – Sim. – Que bom. Fico feliz – feliz? – ouça Audrea, já percebi que você não é como as outras moças, sei que têm o gênio forte que nem o meu, mas, quero que saiba que, por mais que não acredite em mim, tudo o que faço é para seu bem. Então, eu sei que você tomou gosto por trabalha com crianças, e eu quero lhe fazer uma proposta; se aceitar casar com Benicio, lhe darei o antigo prédio do orfanato – olhei-o sem acreditar – mandarei reformar e você poderá reabri-lo. – Está querendo dizer que, o futuro de muitas crianças abandonadas de Salvatore, dependem da minha resposta? – ele deu de ombros – isso é um absurdo pai. Jamais aceitaria – digo e levanto. – Pensei que isso fosse um dos ensinamentos de Cristo – paro e o encaro – ajudar o próximo. Contive-me diante de suas palavras e saí. Voltei para meu quarto, e por mais incrível que parecesse, acabei analisando a situação. Sim, adorava trabalhar com crianças, e acima de tudo, amava ajudá-las. Mas, eu não seria capaz de me sujeitar a tal coisa. Desvencilhei-me de tais pensamentos, e tornei a pensar no cair da noite, que parecia não chegar. Logo após o jantar, mamãe e papai se recolheram. Esperei algum tempo para que pudesse sair. Segui pela cozinha para fazer o mínimo de barulho. – Audrea? – sinto meu coração gelar ao ouvir sua voz. Viro e a encaro. – Aonde vai a essa hora? – Que susto Alda – digo pondo a mão no peito – vou dar uma volta. – A essa hora? – indaga desconfiada – porque não sai pela porta da frente? Engulo em seco. – Alda – aproximo-me dela – por favor, só não conte nada a eles. Prometo que lhe explico, mas, outra hora. Tudo bem? Ela me olha receosa, mas concorda. Sorrio e abro a porta. Teria de seguir a pé, não podia correr o risco de que alguém ouvisse o barulho do cavalo. Segui rápido. A caminhada seria um pouco longa, mas, só de pensar que logo estaria frente a frente com Albert, o cansaço sumia, e em seu lugar surgia uma força de v*****e imensa. Depois de vinte minutos de caminhada, recostei-me a árvore que indicava a fronteira de Salvatore, com o vasto campo aberto. O céu estava perfeitamente estrelado, a lua estava cheia e enorme. Todo o campo estava iluminado. Depois de alguns minutos, comecei a olhar ao redor e ficar preocupada. Quando de repente, vejo um animal n***o surgir da escuridão e vir em minha direção. Sorrio. Quando o animal parou a minha frente, desceu de cima dele, quem eu tanto esperava. Ele estava com vestes comuns, mas, com um enorme chapéu preto sob a cabeça. – Pensei que não viesse – digo. Ele sorri enquanto prende o cavalo a árvore. – Precisava que todos dormissem – diz. Ele se aproxima e sorri. – Também tive de esperar todos dormirem… Respirando fundo e notei sua expressão mudar. – O que foi? – É que, isso é errado. – Mas, estamos apenas conversando… – Sim, mas, olhe a nossa volta. Estamos sozinhos. – E? – E, isso não é certo. Você foi pedida em casamento e… – E eu não aceitei. Albert, preciso que entenda que estou apaixonada por você. – Audrea, isso é errado… – Eu sei. Mas, quando o vi pela primeira vez, quando me deparei com estes olhos, me vi diante das portas do paraíso – ele sorri sem jeito. – Não posso mentir e dizer que não sinto nada por você, mas, não me convém lhe dizer o que sinto. – Então, me pediu pra vir até aqui, para dizer que apesar de eu lhe dizer o que sinto por você, de admitir meus sentimentos, você negará o que sente? – Sim. Isso mesmo. Bufo e dou-lhe as costas. – Audrea – diz tocando meu braço. – Não toque em mim, por favor. Estava com raiva. – Acho melhor eu ir pra casa – digo – boa noite. Sigo meu caminho, mas não vou longe. Ele segura meu braço. – Por favor, não deixe que isso interfira nos seus serviços a igreja. Precisamos muito de você. – Não se preocupe, continuarei com os meus serviços normalmente. Solto-me de sua mão e sigo pra casa. Depois alguns metros, olho para trás e vejo-o se afastar. Sinto lágrimas escorreram por meu rosto. – Está tudo bem senhorita? – sinto meu coração disparar. – Gilbert? O que faz aqui? – Estava caminhando, aproveitando a noite. E pelo visto, a senhorita também. Enxugo as lágrimas rapidamente. – Sim. Passo por ele e sigo meu caminho. – Mas, é muito perigoso Audrea, uma jovem tão bonita sozinha na noite… Audrea? Desde quando tínhamos tanta i********e? – Ah, mas, esqueci, você não estava sozinha – paro abruptamente – pelo visto o padre também gosta de um passeio ao ar livre. Encaro-o como quem queria dizer “o que quer com tudo isso?”. – Não sei do que está falando… – Sabe – ele se aproxima – vi vocês dois naquele dia. Engulo em seco. – Você não viu nada Gilbert. Ele sorri maliciosamente. – Têm razão, eu só acho que vi algo, mas, não tenho certeza… – O que você quer? – indago rispidamente já entendendo o jogo dele. Ele se aproxima e toca uma mecha de meu cabelo. – Quero o que ele não quis. – Como é? Gilbert avançou sobre mim e agarrou meus ombros. – Quero tudo o que aquele i****a abriu mão. – Me solta! – berro. – Pode gritar, ninguém vai ouvir você. Ele me apertou ainda mais contra si e tentou me beijar. Contorci-me, e ele acabou por me derrubar. – Não! Gilbert, pára! Ele abriu os cordões que seguravam a parte de cima de meu vestido. – Por favor, para! Eu dou o que você quiser… – Tudo o que quero está bem aqui… Quando ele pôs a mão por de baixo do meu vestido, fechei os olhos esperando o pior. Mas, senti apenas quando ele foi arrancado de cima de mim. – Venha – Albert me ajudou a levantar. Gilbert estava caído, mas já se levantava. – Não pense que o pouparei só porque é padre. – Se tocar nele, mandarei que meu pai dê um jeito em você. Todos conheciam a fama de papai. Ele era conhecido por ser um pai de família, mas, que conhecia pessoas que não devia. Gilbert se retesou. – Vá embora – diz Albert. Gilbert bufou. – Isso não acabou ainda… – diz e sai correndo. Só respiro aliviada quando ele some da minha vista. – Porque está aqui? – pergunto. – Voltei pra falar com você. Ajeito meu vestido o mais rápido que consigo. – Obrigada – digo chorando. Ele se aproxima e me abraça. – Não sei o que teria acontecido se você não tivesse aparecido. – Não pense nisso – diz passando a mão nas minhas costas. Afasto-me um pouco e ele enxuga algumas lágrimas. Ele olhou fixamente em meus olhos, e eu pude ver o quanto ele queria aquele contato. Abaixo a cabeça, reconhecendo que tudo aquilo era um grande erro, mas ele põe a mão em meu queixo e me faz olhar pra ele. – Albert, eu… Ele me calou com um beijo suave, que logo se tornara quente demais. Afastei-me dele e o fitei seriamente. – Não podemos. Lembra? Ele se reaproxima. – Eu sei, mas… – diz passando a mão em meu rosto – isso é tão bom… Deixei-me levar por seu toque suave. – Por favor, não brinque comigo – digo. Ele sorri e segura meu rosto com as duas mãos. – Jamais farei isso com você Audrea. Sei o que meu coração quer, e por mais que isso seja um erro, eu preciso saber se é realmente real, pois só tentando saberemos se nossos sentimentos são verdadeiros. Ele tinha razão, mas, ele não estaria apenas dizendo isso para me conquistar e me usar, pois, ele jamais teria coragem de deixar o sacerdócio por minha causa. Ou teria? Ele uniu nossos lábios novamente, e todos os pensamentos negativos, todas as dúvidas, foram se dissipando. Deixando apenas um imenso espaço para o d****o.
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