O professor

O campus da Universidade Delacroix fervilhava com a chegada dos calouros. Estudantes se misturavam em corredores movimentados, mochilas nas costas e olhos curiosos. Kira cruzava o pátio principal com passos firmes, mas o coração acelerado. Aquele era seu primeiro dia no curso de Administração, e embora soubesse o que queria, não conseguia evitar o nervosismo. Seus longos cabelos loiros caíam pelas costas como um rio dourado, e os olhos castanhos escuros contrastavam com a pele clara e suave. A blusa branca colada ao corpo e a saia preta deixavam sua silhueta evidente. Sabia que chamava atenção, mas estava acostumada. O que ela não esperava era o que sentiria ao entrar naquela sala de aula. — Boa tarde. disse uma voz profunda. Ao levantar o olhar, Kira quase perdeu o fôlego. Atrás da mesa do professor, estava um homem alto, vestindo calça de alfaiataria, camisa branca dobrada até os cotovelos e relógio de luxo no pulso. Ele parecia recém-saído de uma capa de revista: cabelo castanho claro, perfeitamente penteado, traços fortes e um par de olhos azuis que a prenderam no lugar como um ímã. Era como se o tempo tivesse parado por alguns segundos. — Sou Luís Santoro. Professor de vocês na disciplina de Empreendedorismo. Sejam bem-vindos. A voz dele era firme, segura e ao mesmo tempo hipnotizante. Não havia dúvida de que aquele homem exalava poder. Mas havia algo mais uma aura de mistério, como se escondesse segredos perigosos atrás daquele sorriso controlado. Kira sentou-se na segunda fileira, sentindo o olhar dele pousar em seu rosto por um segundo a mais do que nos demais. Aquilo bastou para que um arrepio percorresse sua espinha. A aula começou. Luís falava com domínio absoluto sobre negócios, liderança e criação de impérios. Tudo com exemplos práticos, às vezes até pessoais, como quem já viveu tudo o que estava ensinando. E de fato, ele não era um professor comum. Na verdade, Luís era bilionário. Controlava diversas empresas no setor de tecnologia, investimentos e imóveis. Dar aulas era seu hobby um escape, um desafio intelectual. Mas ele nunca havia sentido nada parecido com o que sentiu ao olhar para aquela aluna de cabelos dourados. Kira era diferente. Havia algo nos olhos dela, uma mistura de inocência e audácia. O tipo de mulher que podia virar a vida de um homem de cabeça para baixo. E, naquele instante, ele soube: ela não era só mais uma. Durante a aula, ela o observava com atenção. Seus lábios entreabertos, a caneta girando entre os dedos, as pernas cruzadas de forma quase provocante. Não havia nada de explícito, mas tudo nela era convite. Quando a aula terminou, os alunos começaram a sair. Kira guardava seus materiais devagar, como se quisesse ser a última. Luís se aproximou, fingindo olhar uns papéis na mesa. — Kira, não é? perguntou, com um leve sorriso no canto dos lábios. — Sim, professor. — Gostei das suas observações sobre o case da Apple. Tem uma mente estratégica. Ele inclinou a cabeça, observando-a com mais atenção. E olhos muito atentos. Ela sorriu, surpresa pela ousadia sutil. — Eu costumo prestar atenção em tudo o que me interessa — respondeu, com um brilho nos olhos. Luís segurou a pasta, mas não saiu. Os dois ficaram em silêncio por um segundo, até que ele finalmente quebrou o clima. — Espero que aproveite bem o semestre. Se precisar de orientação... estarei por aqui. — Tenho certeza de que vou precisar. ela disse, quase num sussurro. E então saiu, deixando um rastro de perfume doce no ar e um professor com a mente fervendo de pensamentos que nada tinham a ver com empreendedorismo. Luís sabia que estava diante de algo perigoso. Mas perigos, para ele, sempre foram a parte mais excitante do jogo. E naquele dia, a primeira jogada já havia sido feita.