Prólogo
Prólogo
A vida brinca conosco e o destino dita as regras.
Como amar em silêncio quando o peito quer gritar?
Como se entregar sem amor?
Como curar feridas que se abrem a cada desvio de olhar?
Como espantar o frio a cada passo que ele dá para longe de mim?
Como quebrar as regras e pactos sem causar uma guerra?
Como batalhar para ser feliz sem obter a condenação de dois clãs perigosos?
A reposta não me é dada. Vago no escuro sob o rato apenas dos meus desejos e com a chama ardendo em meu peito.
Na Sicília, tudo é escrito em sangue.
Meu destino não me pertence.
Nasci Hadassa, filha da Cosa Nostra, moldada para ser moeda de troca, peça num tabuleiro de alianças que sustentam o império da máfia. Quando meu pai apertou a mão do chefe da ‘Ndrangheta, o pacto foi selado. E eu, vestida de noiva antes mesmo de conhecer a paixão, fui entregue como presente — um elo entre duas famílias condenadas a se odiar, mas obrigadas a coexistir.
Meu noivo é um k******e, dizem. O irmão mais novo do chefe calabrês: impulsivo, sarcástico, incapaz de carregar nos ombros o peso da coroa que recebeu ao nascer no clã de tamanha envergadura. A ele devo lealdade, devo submissão, devo a promessa de ser esposa, devo filhos, devo meu corpo, devo morada em minha alma e fogo nos lençóis.
Mas o coração não obedece a pactos.
O coração é traidor.
Porque desde o primeiro instante em que meus olhos cruzaram os dele, eu soube que estava perdida. Dante, o líder da máfia calabresa — frio como a a ponta metálica dr uma fecha que corta na escuridão, olhar vazio como um poço sem fundo. Um homem cuja presença é capaz de silenciar um salão inteiro e fazer com que até o ar se dobre ao seu domínio. Ele não me pertence. Ele jamais poderá me pertencer.
E, ainda assim, cada fibra do meu ser clama por ele.
Eu, noiva de um irmão, desejo o outro.
Eu, princesa da máfia siciliana, ardo em segredo por aquele que deveria odiar.
O coração é dele, mas as regras me acorrentam a outro.
E nessa confusão de corações, nasce meu tormento. Não posso recuar sem trair minha família. Não posso avançar sem condenar minha alma.
Mas talvez — talvez — se Dante visse, se Dante sentisse, se Dante me percebesse além da sombra de sua frieza, o destino se dobraria a nós.
Ou nos esmagaria.
Porque na máfia, o amor é a mais perigosa das armas.
E eu estou armada apenas com meu coração.