2

2474 Words
Kate Não ouvi quase nada daquela conversa, por mais que eu quisesse. Aquele i****a ou é mais esperto do que parece — e distraiu todo mundo de propósito ao tentar me apalpar — ou é simplesmente burro por tocar em uma mulher dentro de um clube dos O’Rourke. Estou aqui há apenas três dias e já sei que os O’Rourkes não têm paciência alguma para ver mulher sendo assediada. Todos sabem disso. Certamente não é o que eu ouvi sobre a família deles. Certamente não é o que a história deles sugere. Seja como for, isso fez a conversa morrer perto de mim. O babaca estragou tudo. Por outro lado… talvez um O’Rourke tivesse mesmo parado antes que o assunto chegasse em algo que eles realmente não queriam que eu ouvisse. De qualquer forma, as gorjetas estavam ruins demais para compensar mais uma noite com a minha b***a praticamente pendurada para fora da saia sem conseguir nenhuma informação. A falta de informação e o Sr. Mãos Pegajosas teriam feito essa noite ser totalmente perdida… se não fosse por Oliver O’Rourkeser gostoso pra c*****o. Tipo: santo Deus, que gostoso. Tipo: um “g**o na calcinha só de olhar” de tão gostoso. E quando ele me puxou contra o corpo dele, afastando-me do pedaço de merda albanês, o corpo dele parecia tão bom quanto eu imaginei. Todos os músculos duros, fortes. Não sei se ele percebeu, mas coloquei minha mão no abdômen dele para me apoiar, protegida pelos músculos dele. Ele me manteve perto, mas eu não me senti encurralada. Eu me senti segura. O que é uma loucura, considerando que ele é um mafioso. Não só isso: ele é o chefe. Talvez ele estivesse observando alguma garota no palco antes de eu subir pela segunda vez, mas eu gostaria de acreditar que era eu. Tenho quase certeza de que senti o p*u dele duro. Se aquilo era o p*u dele em repouso… meu Deus. Pensar que era por minha causa é ridículo. Homens como ele não vão atrás de mulheres como eu. Mulheres que trabalham para ele. Em um clube de strip. Quase nuas, para todos os outros homens verem. Eu não sou uma executiva milionária, nem remotamente glamorosa nos meus melhores dias. — Kate? Ah, merda. Levanto o olhar da mesa que estou limpando. Ele comanda cada centímetro de espaço em que pisa. Seria arrogância, se não fosse tão bem justificado. — Sim, senhor O’Rourke. — Eu sou o Oliver. O que é isso? Há pelo menos seis de nós que vão responder por esse nome. — Oliver, então. A menos que você queira todos nós, vai ter que ser mais específica. — Eu só quero você. Há algo no olhar dele que me faz pensar que está me testando. Quer ver se eu admito que ele é o único que eu quero f***r nessa mesa. Ou se insinuo que aceito qualquer um deles, como uma c****a no cio. — Tudo bem. — Levanto-me com o pano na mão esquerda e a bandeja pressionada contra meu quadril com a direita. — Sinto muito pelo que aconteceu hoje. Ele não deveria ter tentado tocar em você nenhuma das vezes. Não é assim que administramos este lugar. — Eu sei. Obrigada por me proteger. Ele me observa por um longo momento antes de responder com um sorriso casual: — Você está dirigindo? Não quero que vá até o estacionamento sozinha. — Sim. Vou com algumas das meninas. Ele não desvia o olhar, mas eu sei que ele sabe exatamente onde cada garota está. Ele balança a cabeça. — A maioria delas carrega facas ou spray de pimenta, mas os caras que estavam aqui hoje não são fáceis de derrubar. Não acho que haja motivo para ter medo de sair com elas, mas eu me sentiria melhor se te acompanhasse até lá fora. Esse trabalho só piora a cada hora. Nenhuma informação. Um babaca tentando me colocar no colo duas vezes. Capangas potencialmente me esperando no caminho para o carro. As merdas que fazemos nesse emprego. E não é nem como se eu precisasse do dinheiro para sobreviver — embora não vá recusar. Tão fodidamente certo de si que até prevê o que eu vou fazer. Presunçoso. Mas ele não está errado. Eu aceno. Ele dá a volta na mesa, como se fosse passar por mim rumo ao corredor onde só O’Rourkes entram. Onde ficam o escritório e os depósitos. Ele se posiciona ao meu lado, ombro a ombro. — Se alguém te der problema aqui, venha direto a mim. Meus primos saberão. Olho para cima, sem saber o que responder, franzindo a testa. — Kate, não acho que exagerei. Mas se aquele homem ou qualquer um dos guarda-costas dele resolver revidar, não quero que descontem em você. Se eu fiz você chamar atenção demais, eu vou cuidar disso. Levanto o queixo. O encaro diretamente. Algo passa entre nós e não sei nomear. Talvez seja desafio. Por que eu deveria ir só até ele? Qualquer homem daqui poderia me proteger. E se ele é a causa… talvez eu devesse ficar longe. Ou talvez eu queira mostrar que não me assusto fácil. — Avise-me quando estiver pronta para ir. Estarei no escritório. Já avisei Sean e Conor que você vai passar pelo corredor. Ele segue em direção ao escritório e eu fico ali. Depois de ter estado nos braços dele, nem que por um instante, é decepcionante não estar de novo. Vê-lo indo embora. Não olho diretamente para ele, mas arrisco pelo espelho atrás do bar. Puta merda. Ele está fazendo o mesmo. Ele me dá um sorriso rápido antes de voltar a olhar o caminho. Levo vinte minutos para terminar minhas tarefas. Troquei limpar mesas e varrer o bar por esfregar o palco. Não consigo. Eu sei que ali só tem guardanapos, copos e bebidas derramadas. Mas ainda assim, me dá nojo. Quando estou servindo, não penso no que mais pode ter caído no chão. Sou grata por não ser meu trabalho esfregar aquele palco. Nada contra as meninas. Mas o suor. A loção. Ou… outros fluidos. Eu limpo a merda do meu lugar. E faria isso aqui se fosse preciso. Mas estou feliz em trocar. Guardo a vassoura, pego meu casaco e minha bolsa no vestiário. Tiro o jeans e o moletom. Troco rápido. Não existe chance de eu sair em público com meu uniforme. E eu congelaria meus p****s se fizesse isso. Sorrio para Sean — ou seria Sullivan — um dos gêmeos gostosos. E ele me deixa passar. Não há nenhum outro som no corredor, então eu me movo silenciosamente. Eu adoraria dar uma olhada nos depósitos, mas a: eles estão trancados, e b: qualquer gêmeo que me visse. O corredor fica muito escuro entre o depósito de bebidas e o escritório, então não estou tão preocupada com o gêmeo perceber que estou demorando. Eu me esforço para ouvir qualquer coisa. — Eu não ligo. Eu quero seguir o amor dela essa noite. Coloque isso na agenda, hum, Cormac. Eu não confio neles para atraí-la. — Eu não me importo. Quero que o pessoal dele desta noite seja seguido. Faça com que caiba na agenda, Cormac. Não confio neles perto dela. Porra. Eu ainda falo gaélico irlandês fluentemente. Meu nome completo é gaélico, e eu falava quando criança. Mas não uso com frequência. Algo sobre seguir caras. Alguém chamado Cormac — é outro primo. E não confia nela. Não confia em mim? Outra mulher? Corro para pegar meu telefone e tento parecer casual enquanto ouço a parte da conversa de Oliver. — Eu o humilhei na frente dela. Normalmente eu não me importaria, mas ela é nova. Não sei o que ela sabe sobre nós. Não sei se ela sabe se cuidar ou se sabe que deveria vir até nós. Essa não foi a melhor noite. Ele não tem certeza se eu sei exatamente que tipo de homem ele é. Ele deve saber que eu já juntei as peças. Ou melhor — se eu não sabia antes, agora sei. Eu sei exatamente quem é Oliver O’Rourke. E é por isso que estou aqui. Continuo deslizando o dedo pela tela do meu celular como se estivesse lendo, enquanto a conversa dos homens segue. Preciso bater logo, ou o gêmeo vai se perguntar por que Oliver e eu ainda não saímos. Mas preciso de uma pausa natural na conversa, para que ele não suspeite que ouvi alguma coisa. Será amanhã. Eu quero o Jacek. Killian vai esperar até o último minuto para contar ao Bartłomiej sobre o que combinamos. Jacek vai surtar. Ele não vai se segurar. Ele vai vir atrás de mim, porque um telefonema não vai ser suficiente. Bartłomiej não consegue conter o irmão nem um pouco melhor do que Ardit conseguiu conter Killian. Jacek sabe onde nos encontrar. Ele vai presumir que Finn virá comigo. Mas você e Conor irão no lugar dele. Não o matem. Só façam ele desejar estar morto. Mas nada de hemorragia interna que exija hospital. Não precisamos de perguntas sobre seus últimos conhecidos. Bartłomiej e Jacek Nowakowski. Bartłomiej lidera a máfia polonesa; Jacek, seu irmão mais novo, é seu principal cão de ataque. O primeiro é astuto pra c*****o. O segundo é um psicopata sem filtro. Eu vi suas fotos de fichamento. Olhos completamente insanos. O homem saiu do exército polonês mais ferrado do que entrou. Não sei toda a história, mas aposto que o arquivo médico dele explica muita coisa. Sim, eu vi. E não, não me sinto culpada por como consegui aquilo. Não mais do que me sinto agora por espioná-los. Não sei o que Cormac disse, mas o ambiente ficou silencioso por um tempo. Eu devia ter usado isso como chance. Agora posso ouvir Oliver de novo: “Pegue o Jacek de novo na semana que vem. Deixe com o Bogdan em Ivy. Deixe-os resolver. Feliz Natal, c*****o. Eles nos devem.” Fica quieto de novo — Cormac deve estar falando. Eu bato na porta e dou um passo para trás. Bloqueio a tela rapidamente, enfio o celular no bolso traseiro. Quando ouço a mão de Oliver na maçaneta, mudo de ideia e deixo o celular cair na bolsa. — Oi. Já terminei. Se você estiver trabalhando, posso pedir para um dos outros caras… — Não. Espero que ele diga algo mais. Ele não diz. Dou mais um passo atrás quando ele passa. Ele fecha a porta e eu ouço o clique da trava. Há um código para abrir, então não será tão simples quanto roubar uma chave. Preciso de um motivo para ver alguém digitando e decorar a combinação. — Deixe-me ajudar você. Quase respondo “hã?”, até perceber que ele está pegando meu casaco. Entrego a ele, e ele segura para que eu vista. Enfio os braços nas mangas e ele o ajeita nos meus ombros. Quando chegamos à porta, ele abre, segurando para mim. Sinto — mais do que vejo — a mão dele pairando na parte inferior das minhas costas. A calçada foi limpa, mas o estacionamento está coberto de gelo novo. Muito. Eu devia ter trocado de sapatos, droga. Meus tênis estão na bolsa. Estava com pressa demais. Quando quase escorrego, a mão dele desliza das minhas costas para meu antebraço, firme. — Obrigada. Não cometo o mesmo erro duas vezes. Não vou achar que posso simplesmente sair para o carro sem trocar os sapatos. — Fico feliz por estar aqui para ajudar. Ele não está usando casaco, nós dois soltamos fumaça ao respirar, mas ele não parece sentir o frio. Sua mão está quente através do meu casaco e do moletom. Ou talvez seja só porque ele está me segurando. No momento em que meu pé direito escorrega de novo, ele me ergue nos braços. Como se eu fosse uma pena. Como se eu não pesasse nada. E eu não sou leve — o clube gosta de garotas curvilíneas, e eu não sou exatamente o tipo esperado num strip club. — Qual é o seu carro? — O jipe. Não é um Wrangler divertido. Quem me dera. Mas é o que aguenta o inverno de New Hampshire. Aperto o controle remoto. Ele me coloca no chão e abre a porta da frente. Não entro. Preciso limpar a neve e o gelo. — Entre, ligue o aquecedor e troque de sapatos. Eu cuido das janelas. Onde está sua escova? Tenho tralhas do trabalho no banco de trás. Não preciso que ele veja, então alcanço rapidamente e pego o raspador. Enquanto ele limpa o carro, empurro as pastas para debaixo do banco do passageiro. Ele já limpou metade da janela traseira, mas está escuro — duvido que tenha percebido algo. Talvez pense só que meu carro é bagunçado. Mas eu mantenho tudo arrumado. É assim que um carro dura dez anos sem eu ter que comprar outro. Enquanto espero, deixo a mente divagar. Ele está sendo realmente cavalheiro. Eu teria feito tudo sozinha, mas agora estou no aquecedor… e ele me pediu para trocar os sapatos. Não foi uma ordem. Foi mais como: “deixa que eu cuido disso”. Como sua mão nas minhas costas. Como quando me segurou. Como quando me carregou. Eu me senti segura. Mas ele é o último homem com quem eu deveria me sentir segura. O último. Amarro o segundo tênis quando ele volta, o rosto corado do frio, mas o corpo perfeitamente tranquilo. Ele limpou tudo. Não só abriu buracos — raspou cada pedaço de gelo. Ele realmente se importa com minha segurança? Isso não combina com o que sei sobre ele. Ele é esperto. Me avisaram disso. Será que desconfia de mim? É por isso que está tão atento? Ele não acompanhou nenhuma das outras até o carro. Está tentando me atrair? Esperando que eu confie nele e conte o que estou fazendo no Crystal lake? O Crystal lake. Quatro palcos. Óbvio. Inteligente. — Aqui. — Ele me entrega o raspador pela janela aberta. — Obrigada. Isso foi muito gentil da sua parte. Eu agradeço. Felizmente, nem era tanta neve assim. Talvez eu consiga puxar assunto — porque esse homem parece ignorar completamente que é início de dezembro e Nova York resolveu lembrar que é inverno. — Kate, eu estava falando sério. Se alguém te incomodar, venha até mim. Você pode falar com meus primos, mas eu quero ouvir de você. Aqueles homens deveriam ser espertos o suficiente para não chegar perto de você. Mas, se não forem… o clube é meu. Eu vou cuidar disso. Eu sei exatamente o que isso significa. Não precisava ter ouvido a conversa dele para adivinhar. — Tenho certeza de que eles nem vão lembrar de mim amanhã de manhã. Ele me observa por um momento, avaliando. Eu não sei se passei no teste. — Boa noite, Kate. — Boa noite, Oliver.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD