3- Emanuelly

2395 Words
Eu não consigo tirar aqueles olhos intenso da minha mente, eu não consigo para de pensar em como o meu corpo reagiu com um simples olhar e um simples toque, quem será aquele homem? Talvez um desconhecido que provavelmente eu nunca mais verei na minha vida, e ele me fez sentir coisas que eu nunca senti antes, até hoje eu só tive um namorado e mesmo assim, nunca aconteceu nada além de beijos e abraços, eu gostei muito do Matthew mas talvez não o suficiente para me sentir pronta para me entregar a ele, eu nunca senti por ele esse calafrio que senti hoje, o que para mim foi muito estranho já que eu nunca havia visto aquele homem antes, eu não quero me interessar por mais ninguém nessa vida, só quero me concentrar na minha faculdade de medicina, mas provavelmente eu não conseguirei realizar esse sonho agora com todos esses problemas de família. Chego em casa e está tudo escuro, subo as escadas e vou direto para o meu quarto, tiro a minha roupa e vou tomar um banho para tirar o suor do corpo e logo em seguida me troco e me deito para dormir, meus pensamentos ainda estão naquele homem e com isso eu não consigo pregar os olhos, rolo na cama para lá e para cá durante um bom tempo até que finalmente adormeci. Na manhã seguinte eu acordo sentindo alguém acariciar de leve o meu rosto e me chamar suavemente, abro os meus olhos ainda sonolenta e me deparo com a minha mãe me encarando como se essa fosse a última vez que faria isso, seus olhos inchados indicam que ela havia chorado muito e até agora eu não descobri o real motivo para as suas lágrimas. — Bom dia princesa, já está na hora de levantar, vamos tomar café da manhã você já dormiu demais. — Ela se levanta indo até o meu closet, ela escolhe a minha roupa e à coloca sobre a cama. — Bom dia mamãe, aconteceu alguma coisa? — Pergunto curiosa mas ela não me responde. — Se levanta, toma um bom banho e desce, depois do café eu e seu pai iremos conversar com você sobre um assunto muito sério e delicado, por favor filha não demora. — Diz com a voz embargada pelo choro e sai do meu quarto sem me deixar perguntar mais nada. Será que finalmente eu vou descobrir o porque ela e o papai andam brigando tanto? Será que é esse o tal assunto que está fazendo a mamãe chorar tanto e o papai ficar tão nervoso e estressado daquele jeito? A verdade é que estão os dois muito estranho, e seja lá que assunto é esse eu estou começando a ficar com medo, se é algo tão sério assim deve envolver a mim também. Me levanto com o pensamento nessa tal conversar que teremos e vou para o banheiro, faço a minha higiene pessoal e tomo o meu banho, me visto com a roupa que a mamãe escolheu e deixo os meus cabelos soltos como de costume, faço uma maquiagem leve e desço. Chego na sala de refeições e a mesa já está posta com um delicioso café da manhã, papai e mamãe já estão sentados me esperando mas não estão com uma cara muito boa. — Bom dia papai. — O abraço e lhe dou um beijo em seu rosto. — Bom dia querida. — Diz sem conseguir me olhar. Me sentei ao seu lado e começamos a tomar o nosso café, foi o café da manhã mais estranho da minha vida, meus pais estão mais calados que o normal e eles não são assim, normalmente eles conversam o café da manhã inteiro mas ultimamente eles estão muito esquisitos. Assim que terminamos o nosso café, meu pai nos chama para irmos até o seu escritório e assim fizemos, entramos e papai me puxa para eu me sentar ao seu lado na poltrona, enquanto mamãe se senta do outro lado segurando a minha mão, esse clima estranho está me assustando, estão todos com cara de velório, parece até que morreu ou vai morrer alguém. — Bom filha, ontem você nos cobrou algumas resposta que nós não podíamos te dar, mas chegou a hora de você saber o que está realmente acontecendo com a nossa família. — Tenta se manter calmo e eu apenas ouço. — A nossa empresa está falida, nós estamos devendo muito aos bancos e essa casa está hipotecada, a qualquer momento podemos perde-la. — Diz de uma vez sem rodeios e o encaro assustada com toda essa novidade. — Meu Deus papai, como o senhor deixou as coisas chegarem a esse ponto? O que aconteceu com empresa para termos falido? Porque o senhor teve que hipotecar a casa? — Pergunto ainda não acreditando em tudo que ele me contou. — Eu fiz muitos investimentos m*l sucedidos e isso acabou afetando a nossa empresa, sem saber o que fazer eu acabei pegando alguns empréstimos para tentar reerguer a empresa, mas também não deu certo e mais uma vez acabei perdendo tudo... Os bancos começaram a me cobrar os empréstimos que eu havia feito, e com isso eu hipotequei a casa para tentar saudar pelo menos a metade das dívidas, na esperança de que nesse meio tempo eu conseguisse de alguma maneira retomar a empresa. — Ele encara as suas mãos e respira fundo. — Que a empresa está falida agora eu sei, que nós podemos perder a nossa casa disso eu também já sei... As dívidas são muitas e eu quero saber o que faremos para resolver esse problemão papai? O senhor já tem alguma solução para resolver isso? — Pergunto esperançosa mas ele me encara com medo e com receio e isso não é bom. — Me perdoe filha... Eu preciso que você esteja com o coração aberto para me ouvir e entender o meu desespero. — Diz quase chorando enquanto pega novamente a minha mão. — Como assim papai? Do que o senhor está falando? — Pergunto já me arrependendo disso. — Eu fiz uma coisa horrível filha, mas fiz na intenção de salvar a nossa família... Talvez você não me perdoe por isso mas eu fiz pensando em você e na sua mãe, eu queria manter o padrão de vida de vocês para que nunca passassem por necessidades e acabei fazendo o que fiz. — Diz meio nervoso e a mamãe já está chorando mais uma vez. — Não fala como se eu tivesse concordado com isso Roger, você fez tudo por conta própria e não se importou com a minha opinião. — Ela se altera e se levanta também nervosa. — Será que dá para vocês falarem logo o que está acontecendo de verdade? Pelo que eu estou percebendo isso tudo que eu descobri agora na verdade não é nem a metade dos nossos problemas, acertei? — Pergunto também me alterando e eles me encaram surpresos. — Pode não parecer mas eu não sou mais uma criança e percebo tudo que acontece a minha volta, eu posso ser boba mas não sou burra papai, então por favor me diz logo o que está acontecendo? — Peço já quase chorando de nervoso com essa situação. — Eu fiz um acordo com um dos homens mais ricos dos Estados Unidos, ele me deu o que eu precisava pra salvar a nossa família e reerguer a nossa empresa... Nesse exato momento nós não devemos mais nada aos bancos, já paguei a hipoteca da casa e já estamos trabalhando para retomar a nossa construtora. — Meu pai ainda chora e eu continuo sem entender nada. — Mas isso é maravilhoso papai, não temos mais dívidas e eu vou poder continuar com os meus planos da faculdade. — Me empolgo mas um estalo vem a minha mente de repente. — Espera um pouco! O senhor disse que fez um acordo com um tal homem, mas nós não tínhamos nada para fazer valer esse acordo e com certeza ele deve ter pedido alguma garantia de pagamento ao senhor... O que o senhor deu a ele para que ele aceitasse esse acordo papai? — Pergunto ainda mais curiosa e a resposta vem como um tiro na minha cabeça. — Você filha! — Chora ainda mais tentando me abraçar mas eu me afasto. — Como assim papai? O que eu tenho haver com isso? Por favor, que não seja o que eu estou pensando... Por favor papai. — Suplico já começando a chorar, eu entendi o que ele falou mas eu quero que ele explicasse com as suas próprias palavras. — Eu dei você a ele como garantia e só terei você de volta quando eu quitar toda a dívida... Mas se eu não conseguir pagar você será dele para sempre minha filha. — Ele tenta mais uma vez se aproximar de mim. — NÃO ME CHAME DE FILHA! EU NÃO SOU MAIS A SUA FILHA! — Grito enfurecida com essa descoberta e eles me encaram assustados pois nunca havia levantado a voz para eles antes. — Como você pode fazer isso com a sua própria filha papai? Como você teve coragem de me vender como se eu fosse um objeto qualquer? Eu não acredito que você fez isso, vender a própria filha? — Esbravejo já quase sem voz e minhas pernas estremecem me deixando sem chão, minha visão foi embaçando aos poucos e de repente eu não vejo mais nada. Um tempo depois eu acordo na minha cama e nem sei como vim parar aqui, mas o pesadelo que eu tive foi um dos piores que eu já sonhei até hoje, imagina se meu pai me venderia para pagar as suas dívidas? Ele é meu pai e me ama ele não faria isso comigo, olho em volta no meu quarto e vejo algumas malas prontas no canto da parede "mas de quem são essas malas? Quem vai viajar? E porque essas malas estão no meu quarto?" — Que bom que acordou filha, você ficou muito tempo desacordada. — minha mãe sai do meu closet com algumas das minhas bolsas de mão. —O que está fazendo mamãe? Porque está pegando as minhas malas? — Pergunto tentando entender o que estava acontecendo e de repente um flash de memória invade a minha mente. — Meu Deus... Não foi um pesadelo, eu fui vendida pelo meu próprio pai! Você sabia das ideias dele e não o impediu mamãe? Sabia que o seu marido pretendia me vender como se eu não fosse nada? — Pergunto a encarando indignada e ela apenas abaixa a cabeça. — Vocês são dois monstros que eu tenho vergonha de ter como meus pais. —Começo a chorar novamente e enfio o meu rosto no travesseiro para não ter que olhar mais na cara da minha mãe. — Me perdoe filha... Eu tentei fazer ele mudar de ideia mas foi inútil. — Chora se sentando ao meu lado mas eu me levanto para não ter que ficar perto dela. — SAI DAQUI! SAI DO MEU QUARTO E ME DEIXE EM PAZ! SAI DAQUI! — Grito com ódio em meio ao choro fazendo ela chorar ainda mais. — Filha por fav... — A interrompo. — Eu não sou mais a sua filha, eu não quero mais olhar na cara de vocês, se me amassem como sempre diziam não teriam me vendido... vocês são uns monstros... Eu odeio você! Odeio vocês! — Empurro ela para fora do meu quarto e bato a porta com toda a minha força. Como alguém tem coragem de vender a própria filha meu Deus? E ainda por cima para um desconhecido que eles nem sabem se eu vou ser bem tratada ou se vão fazer m*l a mim, não explicar em palavras o que estou sentindo, meu coração está despedaçado com tamanha crueldade, acho que eu nunca serei capaz de perdoa-los por isso, o que eles fizeram comigo foi c***l e desumano, logo comigo que sempre os amei e respeitei acima de tudo. Me jogo na minha cama novamente e fico ali por um tempo, tentando esquecer tudo aquilo mas é impossível, eu não consigo parar de imaginar quem possa ser esse homem que me comprou, porque ele aceitou esse tipo de acordo sem me conhecer? Sem saber quem eu sou? Seja lá quem for esses homem ele é um monstro igual aos meus pais e eu também vou odiá-lo pelo resto da minha vida, eu vou fazer ele se arrepender de ter me comprado, a vida dele vai se tornar um inferno a partir do momento em que eu entrar nela, e se for um velho feio e nojento vai ser ainda mais fácil, vou infernizar tanto a vida dele que vai acabar enfartando. Saio dos meus pensamentos quando a minha mãe bate na porta do quarto pedindo para eu descer, segundo ela o tal homem já chegou para me buscar e está lá em baixo me esperando, meu estômago revira e eu tenho vontade de vomitar de tanto nojo que eu estou sentindo de tudo disso. Me levanto e passo as mãos pelos cabelos mas não me arrumei, do jeito que eu estou eu desço para esse homem ver o quanto a ideia de pertencer a ele me enoja e me causa repulsa. Meus olhos estão vermelhos e inchados de tanto que eu já chorei, não vi mais o Roger desde aquela maldita conversa no escritório, ele não é mais o meu pai por isso só o chamarei pelo nome a partir de hoje, e só falarei dele se for um assunto de extrema importância, não sou de guardar mágoa nem rancor de ninguém mas eles passaram de todos os limites. Desço as escadas lentamente sem a menor vontade de estar ali, e na verdade eu não tenho vontade mesmo mas agora essa casa não é mais minha, então eu preciso ir embora, e com esses pensamentos eu começo a chorar novamente. desci as escadas de cabeça baixa porque eu não estou afim de olha na cara de ninguém, mas uma voz se pronuncia me assustando. — Você está bem? — Pergunta uma voz forte rouca e oponente me fazendo levantar rapidamente o rosto para encara-lo. — Você? — Pergunto surpresa secando o meu rosto com as costas das minhas mãos e o encaro sem acreditar que é mesmo ele ali na minha frente.
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