Acordei com a barriga pedindo espaço e a cabeça um pouco pesada, como se meu corpo todo tivesse afundado num colchão de nuvem depois de meses dormindo em chão duro. A luz do quarto estava mais fraca agora, as cortinas ainda fechadas, e lá fora já era noite. Não fazia ideia da hora, mas os sons que vinham da rua eram de um horário adiantado, gente voltando do trabalho, motos passando, vozes abafadas pelos muros altos daquele canto esquecido do morro. Pisquei devagar. O lençol cobria meu corpo até a cintura. A pele ainda guardava a sensação das mãos dele, do toque, da respiração quente no meu pescoço. Virei a cabeça e não vi Marreco na cama. Senti um arrepio. Parte por instinto, parte por medo de ter sido deixada. Mas antes mesmo que o pânico tomasse forma, a porta se abriu devagar. — Ac

