Os momentos seguintes foram como borrões de luzes e gente gritando para Ethan. Ele acorda em um quarto de hospital com o braço direito, abdômen e cabeça enfaixados. Ao tentar se mexer, ele sente uma dor insuportável e desiste da ideia, deitando na cama de novo.
Um médico entrou no quarto com uma prancheta na mão, ele é alto, branco, com cabelo preto e liso, e um óculos redondo que o ajudava a ler a prancheta.
- Ethan, você acordou. Isso é um bom sinal.
- Doutor Clay? O que está acontecendo? O que... - Ethan falava com fraqueza.
O médico pegou uma cadeira e se sentou perto dele.
- Como está se sentindo, amigão?
Ethan não respondeu nada, ele estava pálido e não sentia a maior parte do próprio corpo.
- Eu... preciso te liberar pra casa, Ethan.
- O que?
- Você precisa ficar em observação, não foi só o tiro que te afetou, mas também uma bactéria na bala que adentrou o seu organismo, provavelmente o revólver estava velho e sujo demais. Sua saúde é muito frágil e você precisa se cuidar.
Ele fechou os olhos e respirou fundo.
- Tentamos alguns antibióticos nessas últimas horas, porém nada deu certo. Testamos um novo, e passei a receita para que você tome em casa pelos próximos dias.
Ethan não falava nada, ele só ficou olhando seu braço engessado e sua barriga enfaixada enquanto gemia de dor.
- Assim que estiver pronto, me avise. Sua mãe veio pra te levar pra casa.
O doutor ajudou Ethan a se levantar devagar da cama e depois saiu e deixou ele à v*****e.
Com muita dificuldade, Ethan se vestiu e saiu do quarto andando devagar. Uma enfermeira o acompanhou até a entrada do hospital, onde uma mulher loira de cabelos lisos, olhos verdes e pele clara estava esperando por ele, era Sherry, sua mãe.
Assim que ela vê Ethan, ela vai até ele e o abraça forte, com uma lágrima escorrendo pela bochecha.
- Filho, como você tá? - ela disse forçando um sorriso.
- Eu estou bem, mãe.
Sherry olhou pra enfermeira, que entregou um fichário pra ela. Sherry agradeceu e então ela e Ethan saíram do hospital.
A viagem de carro até em casa estava um silêncio total, nem Ethan e nem Sherry diziam uma única palavra, mas a mãe não parava de olhar pra ele pelo retrovisor, e Ethan percebia isso, começando a ficar incomodado.
Ela resolve quebrar o gelo e pergunta:
- O que aconteceu lá? Digo, no assalto.
- Um cara assaltou a Mary e pegou a bolsa dela, depois ele tentou atirar nela, mas eu a empurrei e a bala acabou pegando em mim.
Sherry deixou algumas lágrimas escorrerem enquanto ouvia ele, depois falou em tom da raiva:
- Por que foi se expôr assim, Ethan?! Você não é um super herói.
- Eu não podia ficar simplesmente parado assistindo minha amiga levar um tiro.
- Nem sempre devemos considerar o bem alheio mais importante que o nosso, infelizmente a vida é assim.
- Prefiro mil vezes levar outro tiro do que acreditar nisso. - disse ele.
Sherry se calou, e eles prosseguiram o resto da viagem em silêncio.
A casa dos Miles fica na rua 203, é uma modesta casa de dois andares com um gramado verde, paredes brancas e telhado marrom.
Sherry abre a porta e Ethan entra primeiro, a sala de estar com uma mesa baixa e redonda com uma TV e um sofá trazia uma sensação reconfortante para ele.
- Quer beber alguma coisa? - Sherry ofereceu.
- Pode ser.
Ela largou o fichário em cima da mesa na sala de estar e foi até a cozinha. Ethan reparou que sua mãe estava muito estranha, a reação dela era mais do que alguém que teve um filho baleado, ela parecia estar prestes a surtar, mas se segurava o tempo inteiro.
Então ele resolve m***r a dúvida, e pega o fichário em cima da mesa e abre, lá estava todo o relatório médico da situação de Ethan, e assim que ele começa a ler, se dá conta de seu real estado:
- "Crítico e irrecuperável. A expectativa de vida do paciente é de só mais algumas semanas." - ele leu.
Tinha a assinatura do Doutor Clay logo abaixo.
Ethan começou a entrar em pânico e largou o fichário em cima da mesa. Saber que sua morte estava próxima o deixou ele atônito.
Algum problema? Está passando m*l? - disse Sherry lá da cozinha, escutando ele começar a se afobar.
N-Não! Tá tudo bem.
Ela vem dar uma olhada nele e Ethan acena para ela, vendo que ele estava bem, em seguida Sherry volta para a cozinha. Ethan cuidadosamente guarda o fichário onde estava e tenta respirar devagar.
Ok, não piore as coisas Ethan. Tente agir normalmente. - ele dizia para si mesmo.
Estranhando a demora da mãe, ele vai até a cozinha verificar, e encontra Sherry em prantos na pia, chorando inconsolavemente mas sem fazer barulho para não chamar a atenção. Ethan volta para a sala e se encosta de costas na parede, também se sentindo m*l.