Os dias seguintes passaram lentos, quase parados no tempo, como se o relógio tivesse preguiça de andar ali na cidade da minha vó. E, pela primeira vez em muito tempo, eu não reclamei disso. Acordava com o canto dos galos, o cheiro de café fresco e o barulho das galinhas ciscando no quintal. Vó Cida já tava de pé antes de mim, sempre com aquele avental florido e um sorriso doce, desses que parecem abraçar. A simplicidade da rotina dela me fazia esquecer um pouco do turbilhão que minha cabeça ainda insistia em reviver. Clara, as crianças, a mansão, o disfarce, o jeito que ela me olhava às vezes como se eu fosse de verdade… tudo isso ainda rondava minha mente, mas cada dia doía um pouco menos. E foi num desses dias que eu resolvi encarar a realidade. Peguei o celular, entrei no aplicativo

