O banco de trás do BMW ainda tinha o perfume suave da Clara grudado em mim. Eu sentia o cheiro da pele dela como se tivesse impregnado na minha camiseta, misturado com o doce infantil da colônia das crianças que me abraçaram com tanta força antes de eu entrar no carro. O motorista acelerava rumo ao aeroporto e, pela janela, eu via a mansão sumindo no retrovisor, como se fosse um cenário de filme que acabava ali. Fechei os olhos por um instante, tentando processar. Foram só dois dias — dois dias, p***a — e parecia que eu tinha vivido meses inteiros dentro daquela bolha. Dois dias fingindo ser marido, fingindo ser pai, fingindo ser milionário. Mas, no fundo, em alguns momentos, não parecia fingimento. Parecia real. Principalmente quando Alice agarrava meu pescoço com aqueles bracinhos finos

