O barulho da chuva continuava como se o céu não tivesse mais fim. Lá fora, os trovões rasgavam o ar e faziam o vidro tremer. Dentro da loja, as velas lançavam um brilho alaranjado que dançava nas paredes — o tipo de luz que deixa tudo mais íntimo, mais calmo. Theo estava sentado perto de mim, com o moletom que agora já parecia grande demais praquele corpo magrinho, o cabelo bagunçado e ainda úmido. Ele observava a chama das velas com aquele olhar curioso que só as crianças têm, o olhar de quem ainda vê magia até nas coisas simples. Djalma esticou o corpo na cadeira, estalando o pescoço. — Bom… se a gente tá preso aqui, que tal animar o ambiente? — disse, pegando uma vela e segurando debaixo do rosto, como se estivesse num filme de terror. Gil revirou os olhos. — Lá vem besteira. — Nã

