A estrada de volta parecia infinita. Eu dirigia com uma mão só no volante, o outro braço apoiado na janela aberta, tentando não olhar pra Leila no banco do passageiro — o que, convenhamos, era uma missão impossível. Ela tava ali, ao meu lado, mexendo no celular, o cabelo solto balançando com o vento que entrava pela janela. O silêncio entre nós era confortável e sufocante ao mesmo tempo. Não tinha mais aquelas farpas de costume, nem provocações, nem piadinhas. Tinha algo novo, mais denso, mais real. Eu sentia o peso das últimas horas pairando entre a gente. Aquela tensão que o elevador, o coquetel e o quarto de hotel tinham deixado em aberto. A estrada corria lisa, e, por um segundo, eu pensei que ela ia comentar alguma coisa. Mas ela só suspirou e disse: — Eu tô exausta. — Eu t

