O que Nunca Foi

2098 Words

Os dias seguintes voltaram à rotina, mas, de algum jeito, tudo parecia meio fora do lugar. O trabalho ia bem, a vó estava feliz, a casa cheirava a café e pão quente toda manhã — mas a minha cabeça insistia em voltar pra aquela tarde na padaria. Era automático. Eu pegava o volante, olhava o trânsito, e via o rosto da Clara refletido no vidro. O jeito como ela sorriu, nervosa, quando me apresentou o tal Daniel. O tom frio da voz dela, controlado, distante. Como se cada palavra fosse medida pra não deixar escapar nada do que um dia existiu. E, pior ainda, o olhar das crianças. Alice com aquele sorrisinho inocente, tentando entender por que a mãe dela não queria que eu fosse jogar videogame. Theo, calado, carrancudo, olhando o namorado da mãe como quem tenta decifrar um inimigo. Tava

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