O Amor Que Eu Inventei Pra Nós Dois

1186 Words
Mateo Ela dorme ao meu lado, deitada de lado, os cabelos espalhados no travesseiro,Julieta ou Milena ou os dois, as vezes, eu acordo no meio da noite e passo horas só observando seu corpo nu respirando devagar, a marca de nascença nas costas as covinhas na lombar. o formato da bocamsempre meio inchada dos beijos, sempre pronta pra mentira, será que ela lembra? será que finge? , talvez, mas se finge…finge bem, durante o dia, ela sorri, me abraça, me provoca, me beija como se tivesse escolhido ficar, a noite, ela me arranha, geme meu nome, me pede mais, e isso basta, eu vou manter essa ilusão viva, nem que tenha que sufocá-la dentro dela. A campainha toca,Márcia entra como uma tempestade, não pede licença,não olha pra trás, só senta e me encara com aquele olhar que me fazia congelar quando eu era criança. — “Você é burro ou só gosta de brincar com fogo?” — “Oi, vó.” — “Julieta? Sério? Acha que eu não reconheço aquela garota que fez um inferno nas nossas vidas anos atrás?” Reviro os olhos. — “Ela não lembra.” — “Mas você lembra, Gustavo.” — “Agora sou Mateo.” — “Pra mim, continua sendo o neto mimado e doente que sempre mendigou ateção da Milena.” A dor me atravessa como navalha. — “Ela te traia com qual quer um .” — “Ela era só minha” — “ Você era um garoto ciumento, podre de ciúmes e fraco, e quando ela te disse não… você a estuprou.” Silêncio, o mundo parece parar por um segundo. — “Ela é minha.” — “Essa desgraçada nunca sera nada sua.” Levanto, a raiva vem como um incêndio nas veias. — “Você lembra o que ela fez cotigo? te humilhou, no velorio da sua mãe, te esnobou,te deixou por outro, e ainda apareceu grávida, dando uma de coitada falando que era seu” — “ Você queria que eu ficasse de braços cruzados? vendo a menina a mulher que sempre amei morrer ? ” — “Como você tirou ela do Brasil quase morta ? ” Sento e abaixo os olhos, porque sim, eu lembro, Milena sangrava no chão daquele galpão, enquanto os capangas da solange espancavam aquele maldito do Bruno,aquele filho da p**a deveria ter morrido,aproveitei que sairam pra largar o corpo dele em algum lugar,e corri pegar o corpo da Mlena,ver ela ali apaganda nos meus braços, e eu só pensava em não perder ela definitivo,ianda mais por causa daquele desgraçado,então corri, fugi, troquei de nome, cheguei no Chile com ela inconsciente mas viva, mas eu precisava desaparecer por uns dias e quando voltei… ela tinha sumido do hospital,depois quando a encontrei no restaurante,descobri que a mudaram de hostipal. — “Eu te avisei que o que você sentia por ela não era amor, era doença.” — “Mas agora… agora ela é minha, de novo, ela é Julieta, e ela me ama.” — “Ela está fingindo, idiota.” — “Não está!” — “Ela vai te destruir.” Levanto devagar, me aproximo da janela, Julieta caminha no jardim, a luz do sol bate nos olhos dela, ela ri sozinha, como se estivesse finalmente em paz, mas eu conheço aquele olhar, ela tá planejando alguma coisa, e mesmo assim…mesmo assim eu a amo. Porque se ela for Milena…é a única parte de mim que ainda me faz sentir algo real, e se não for… vou fazer ela virar, nem que eu tenha que apagar quem ela é, e escrever meu nome nela com sangue, Márcia vai embora, me deixa sozinho com meus fantasmas, e Julieta entra pela porta, rindo, cheirando a perfume e vento do mar. — “O que foi?” — “Nada.” — “Tá com aquela cara de quem pensa em besteira.” Eu sorrio. — “Tô pensando em como você é minha.” E ela sorri também, porque ela sabe que é mentira, mas joga o jogo comigo, por enquanto. Julieta Mateo dorme pesado depois do s**o, a respiração dele é como um ronco abafado, o corpo suado ainda me tocando, eu me levanto devagar nua, o quarto parece uma cela, eu caminho até a janela, o mar escuro do Chile se estende como um abismo lá fora, a cada dia, eu ganho um pedaço de poder de volta, a cada noite, eu afundo ele mais nessa fantasia de amor, ele me deseja, ele me ama, ele me quer tanto que chega a doer, e eu estou transformando essa dor em obediência. Durante o dia, cozinho pra ele, sorrio, acaricio, ouço suas ideias de futuro, seus planos de fuga, suas lembranças deturpadas, ele acredita que me salvou, ele acredita que eu pertenço a ele, a noite, me entrega flores, vinhos caros, joias pequenas, e eu retribuo com gemidos calculados e olhos úmidos. Mas enquanto ele goza…eu penso em Thiago, no nome, no rosto que ainda não consigo lembrar com clareza, no vínculo que Rodrigo mencionou, Meu irmão, comecei a procurar no computador de Mateo, emails antigos, trocas com contatos no Japão, um nome apareceu mais de uma vez:"R. Yamazaki" outro: "Takeda" E uma frase marcante:“Ele está a salvo com o clã. Não falamos dela desde o desaparecimento.” Mateo me flagra uma vez olhando a tela. — “O que procura?” — “Receitas japonesas.” — “Sabe que pode me pedir, né?” — “Você já me dá tudo o que eu quero.” Beijei sua boca, chupei seus dedos, me ajoelhei e o distraí como ele merecia, mas no fim daquela noite…quando ele dormia de novo…eu escrevi um nome na minha pele com batom Bruno, eu não lembrava do rosto, mas lembrava da dor e da sensação de estar viva quando estava com ele, Mateo viu o nome uma semana depois, estava escrito numa folha rasgada na minha gaveta, eu devia ter jogado fora ou talvez… eu quisesse que ele encontrasse. — “Quem é Bruno?” — “Não sei.” — “Por que escreveu esse nome?” — “Talvez um sonho, talvez um nome no meu passado” — “Você me ama.” — “Claro que amo.” — “Diz isso olhando pra mim.” — “Mateo… você é tudo que eu tenho.” Ele me segurou com força pelo pescoço, quase me enforcando,mas depois…me beijou. — “Não pense em mais ninguém, você é minha, sempre foi.” Essa noite o s**o foi brutal, como se ele quisesse arrancar qualquer lembrança com a força do corpo, e eu deixei. Mas por dentro, eu ria, porque ele não faz ideia que já perdi o medo, que cada movimento meu agora tem um alvo,que Bruno… não é só um nome, é a chave, Mateo está caindo, Rodrigo está observando, e Thiago está mais perto do que parece, em breve, eu saberei tudo, e aí, será a vez dele gritar por mim.
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