Dia seguinte Layla Acordo com o sol invadindo o meu quarto, ou melhor, sou acordada. Não pelo despertador, que eu não tenho. Nem pelos gritos da vizinha do 401, como de costume. É um toque. Leve. Na porta. Quase respeitoso. Quase. — Layla Al Makto... — uma voz feminina sussurra do outro lado, num árabe polido, quase cerimonial. Aquele tipo de entonação que faz até “bom dia” soar como uma convocação real. — O café da manhã será servido no terraço sul. O vestido que usará está no closet. Vossa excelência a aguarda. Vossa excelência me aguarda? Allah. Não é um pesadelo. É real. Muito real. Levanto-me ainda zonza, com a estátua de mármore agarrada como um travesseiro emocional. Passo a mão no cabelo, no rosto, no orgulho — tudo amassado. Olhos fundos, alma revolta. Abro o closet e,

