Manu narrando:
Eu não quero ter esse bebê, não quero mas ao mesmo tempo eu lembro do que Dulce me falou... É só uma criança. Mas eu não quero!
Eu grávida de um bandido, nojento, traficante! Ai Deus diz que isso não é verdade. Se eu já queria morrer, agora que eu sei que eu estou grávida de um traficante... Ai que eu não quero mesmo.
Pensei em tirar essa criança , pensei em me suicidar, pensei em tantas coisas.. Mas nada disso parecia ser uma boa solução.
Toda vez que eu pensava em abortar lembrava do que Dulce havia me falo.
Ou então já sei, eu posso pedir a minha mãe pra viajar , ter esse filho lá e entregar ele pra adoção bem longe de mim.
Eu estou me sentindo péssima!
- Alô? - atendo o telefone assim que tocou.
- Oi iai, como cê tá? - era Léo.
- Não posso dizer que bem né. - suspirei.
- Manu, fica calma . Eu tô com você ouviu?!
- Eu sei Léo, eu te amo.
- Também loirinha... Eu tenho que ir tá tô no trabalho a gente se fala beijos.
Pensei um pouco e vai que eu não tava grávida né? Vai que esse teste deu errado que isso era só paranóia minha.
Vesti uma calça jeans de lavagem escura com uma blusa de manga polo verde, calcei uma sapatilha preta , peguei dinheiro e meu celular e sai em direção ao laboratório para fazer um exame de sangue.
Peguei um táxi e em instantes estava no laboratório, paguei a corrida ,tomei coragem e entrei.
- Boa tarde, poderia fazer um exame de sangue? - perguntei gentilmente a recepcionista.
- Sim querida, poderia me informar seu plano ?
- Ok. - dei as seguintes informações à ela.
- Pode aguardar, já já será chamada. - sorriu sem mostrar os dentes e eu fui me sentar.
Enquanto esperava , me lembrei daquela noite... Aquela triste noite em que me deixei levar pelo sentimento, pelo desejo. Maldita hora em que fui , maldita seja!
- Manuela Montenegro. - a moça falou meu nome e eu fui em direção à sala .
Fiz o exame e disseram que eu teria que esperar meia hora até o resultado sair, eu em bando de lerdos.
Esperei esse resultado quase dormindo na cadeira, sonhando com o meu príncipe encantado que nunca vai chegar.
- Senhorita Manuela. - a recepcionista me tirou dos pensamentos. - Seu resultado está pronto.
- Obrigado. - peguei o envelope com o coração na mão.
Sai correndo da clínica, peguei meu celular e tinha várias ligações de Léo. Não quis retornar.
Eu ainda tinha esperanças , vai que eu tivesse feito esse teste errado. Só o exame poderia confirmar se eu estava esperando esse ser.. Filho de um traficante..
Me sentei no banco que havia ali em uma praçinha, crianças brincavam com seus pais , pareciam que tinham amor...
Coisa que eu nunca recebi dos meus pais.
Como eu poderia oferecer amor materno à uma criança, se nunca fui amada pelos meus pais?
Abri o envelope em movimentos lentos, com um pingo de esperança no coração.
- Não pode ser, eu estou mesmo grávida . - chorei desesperadamente ao ver o resultado.
Fiquei ali alguns minutos processando tudo que estava me acontecendo.
Levantei e segui em direção a minha casa, chorando incessavelmente.
Cheguei em casa e minha mãe estava me olhando com uma cara nada amigável.
- Que foi?
- O que é isso? - ela me mostrou o teste de gravidez que eu havia feito.
Mas eu não tinha jogado essa d***a no lixo ? Como ela encontrou isso? Agora Manuela você estava lascada!
- Eu.. - não sabia o que dizer.
- Vai diz algo sua ... - ela parecia procurar palavras pra me descrever. - Sua v*******a!
- Mamãe , esse teste não é meu!- menti. - Aliás, como encontrou isso? Deve ser de outra pessoa e...
- Cala a d***a da boca! Uma das empregadas encontrou isto no teu banheiro. Agora vai me dizer que é de quem? Já não basta , ter se perdido , agido como uma p**a. Ainda está grávida.
Eu não conseguia dizer nada. Não conseguia pronunciar nem uma palavra pra me defender, pois eu sabia que tudo aquilo era verdade. Talvez eu fosse mesmo uma p**a, uma desvalorizada. Eu só conseguia me culpar.
- O que está acontecendo Mirelle? Porque você está gritando com nossa filha?! - meu pai entrou na sala nervoso.
- Nossa filha? Que filha? Uma p********a.
- Mãe, para com isso.- falei chorando.
- Mirelle por que está dizendo isso?
- Sua "filha" Luís... Está grávida! Essa inconseqüente está grávida!
- Manuela? Grávida, como assim . Você pode me explicar isso?
- Pai eu não sei o que dizer.
- Calma! Calma Mirelle, Manuela diz ao menos quem é o pai dessa criança que poderemos resolver o caso. É de algum filho de empresário conhecido?
Não acredito, até nessas condições eles pensavam em dinheiro!
- Ele é um...
- Desembucha garota! - minha mãe me fuzilou com o olhar.
- Ele é um traficante, mas olha não tem problema eu tiro essa criança e ficará tudo bem. Não precisam se preocup.. - Nem bem terminei de falar e senti um t**a no meu rosto.
- Sai daqui agora! Pega suas coisas e sai da minha casa sua inútil. Você é uma reprovação, se me perguntarem se tenho filha irei dizer que morreu! - minha mãe praticamente cuspiu as palavras.
- Deixa eu ficar aqui por favor.. - disse chorando. - Pai me ajuda faz alguma coisa. - meu pai não falava nada, apenas olhava pra minha mãe.
- Sai daqui...- ela disse
Subi correndo para pegar minhas coisas antes que me expulsassem daqui sem roupa alguma! Dulce veio atrás de mim, eu chorava tanto que meus olhos e cabeça doiam.
Pensei em me jogar da escada, mas pensei também no erro que iria cometer.
Peguei minhas coisas aleatoriamente e joguei na mala.
Dulce me ajudava, e chorava junto comigo.
- Eu não vou te deixar só. Pra onde você vai?
- Eu não sei... Devo ir pra casa do Léo. Dulce, não faça nada, não me dê apoio. Meus pais podem te demitir por isso.
- Eu vou estar com você sim Manu! Toma. - me entregou um papel com um número anotado.
- O que é isto?
- Meu número. Sempre me ligue, não perca o contato comigo.
- Obrigado Du... - a abracei e chorei mais ainda.
Porque meu Deus? Será que meus pais não entendiam que isso tudo não foi da minha intenção? Eu nunca quis estar passando por isso. Eu só estava bêbada...
Peguei minhas malas, e pedi um táxi em direção a casa de Léo com o único dinheiro que eu tinha na bolsa.