Maggie Campbell
Aos 15 anos, temos uma ideia muito distorcida da realidade, pensamos que tudo é um mar de rosas e que tudo corre bem e que todos gostam de nós.
Mas isso não é minimamente verdade, pelo menos para mim nunca foi.
O meu nome é Maggie Campbell e esta é a minha história.
Não é uma história bonita, não é uma história feia, é apenas a minha história.
Tu nunca sabes que resultados virão da tua ação.
Mas se não fizeres nada, não existirão resultados.
# PARTE 1 #
Santa Mónica, Los Angeles, Ano de 2000
Daisy
Narrado por Maggie
"Nunca será tarde enquanto houver vontade"
— Anda Maggie, a aula já começou.
— Calma Lou, estou a ir.
Dou uma corrida, mas sou obrigada a cair no chão.
Daisy acaba de colocar o seu pé na minha frente, me fazendo cair… mais uma vez.
— Que desastrada que tu és Maggie, não vês por onde andas, anta marreca? Nem com esses óculos enormes tu consegues ver merda nenhuma? — Daisy fala com raiva.
Não sei o que eu fiz a ela, para me odiar tanto assim.
Mas ela odeia, há três anos que ela me faz isto diversas vezes, isto e muito mais.
— Mas tu não te cansas de fazer estas coisas? Maluca! — Louise me ajuda a levantar.
— Olha aqui sua protetora das m*l vestidas e horríveis e gordas e sebosas, a ver se falas comigo direitinho ouviste? — ela fala apontando o dedo na cara da Louise.
Lou dá um estalo na sua mão e a avisa.
— Se me voltares a apontar o dedo eu o parto. — ela diz ameaçadoramente.
— Gostava de te ver a fazer isso, sua louca.
Acaba por virar as costas e vai embora pelo corredor se balançando toda.
— Maggie tu não podes permitir que ela te continue a fazer estas merdas, ela faz isto há três anos e tu nunca te defendes amiga!
Ajeito os óculos na minha cara.
— Não gosto de problemas, tu sabes isso. — falo, tentando não demonstrar que me dói o joelho.
— Mas a maluca da Daisy, já é um problema e dos grandes, enormes. Louca da merda.
Lou continua a barafustar irritada enquanto nos dirigimos para a nossa aula.
Como era de esperar, chegámos tarde à aula o que causa burburinho entre os outros alunos e o professor é obrigado a dar um berro.
— TODOS CALADOS, MAS ESTAMOS NUMA AULA OU NA FEIRA?
Todos se calam de imediato.
— Maggie e Louise, isto são horas de chegar? Já passa dez minutos da hora — ele fala a olhar para o relógio.
Pedimos desculpa e prometemos que não volta a acontecer.
A aula prossegue mais calma agora.
Sinto-me aliviada por acabar.
Ao sair da sala de aula, eu e a Lou vamos para o refeitório.
Ao entrar no refeitório, vejo que está cheio e paro abruptamente, fazendo com que a Lou que vinha atrás de mim bater nas minhas costas.
— Caramba, Mag, porque paraste de repente? — ela pergunta curiosa, mas percebe m*l olha lá para dentro.
— Já percebi. — ela coloca-se na minha frente.
Eu não gosto de frequentar locais que tem muita gente, normalmente não entro, tenho sempre a sensação que todos olham para mim e reparam o quanto eu sou esquisita.
— Mag, eu estou a morrer de fome, por favor, vamos comer! — ela implora.
Faço uma careta.
— Ok, vamos lá.
Entramos no refeitório e vamos buscar o nosso comer e vamos nos sentar na relva lá fora, porque aqui está muito cheio mesmo.
Dou graças a Deus por virmos cá para fora comer.
Estamos a comer descansadas e a divertir-nos sentadas na relva, quando o nosso sossego acaba.
— Ora, ora, ora! — Daisy fala com cara de nojo. — Se não é a sebosa da Maggie e a sua amiga peçonhenta!
As duas parvas que vêm com ela riem à gargalhada, como se ela tivesse dito a melhor piada do mundo.
Ela faz sinal com a mão e elas se calam imediatamente.
Lou não perde a oportunidade e diz.
— Ora, ora, ora, tão amestradas que as tuas cachorrinhas estão.
Sarah vai ao seu encontro mas é parada pela Daisy.
— Sua estúpida! — Sarah rosna para a Lou.
— Sua cachorra obediente.
Daria para rir destas duas, se a situação não fosse esta.
Jennifer, a outra amiga, decide falar também.
— Daisy!! — ela chama toda ofendida. — Não podemos deixar que ela nos fale assim.
— Claro que não, nós somos a parte rica da cidade, vamos lá deixar estas duas pobretonas falar assim connosco!
Elas sorriem e pegam em dois sacos e os despejam em cima de nós.
Lixo, era o que os sacos traziam.
Lou se levanta para bater em alguém mas elas já vão longe a rir na nossa cara.
— Coloque o lixo no lixo! — Daisy grita lá de longe a rir.
— Tu vais me pagar, Daisy maluca.— responde super irritada a Lou
Eu tento tirar o lixo de cima de mim, mas decididamente vou precisar de um banho.
Olho para a Lou, somos duas a precisar de um banho.
Lou chega perto de mim a barafustar.
— Não sei como tu consegues ficar aí, como se nada tivesse acontecido, Mag!
Encolho os ombros.
— Que queres que faça, eu não me vou rebaixar ao nível delas.
Ouvimos risos e piadas atrás de nós, para não variar.
Lou espreita por cima do meu ombro com cara de que vai matar alguém.
— O que foi? Nunca viram?
— Lixo a andar não.
Riem todos, feitos parvos.
— Que engraçadinho, vê se não te cai um dente com a gracinha de merda.
Eles ainda riem mais.
Eu nem olho para trás.
—Hein, Maggie, ficas bem com o lixo em cima de ti, assim não se percebe o quanto tu és esquisita.
E ri e eu só me apetecia ter um buraco para me esconder.
— Vocês importam-te de parar com essa estupidez, vamos embora, temos mais o que fazer. — ouço a voz do Ryan, mas nem me atrevo a olhar para eles.
Eles desaparecem atrás dele.
— Todos uns insuportáveis nesta escola, que merda — Lou fala pegando no tabuleiro. — Vou levar isto ao refeitório e vou para casa.
Eu suspiro chateada.
— Eu também! — acabo por dizer.