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Na batida do coração

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intro-logo
Blurb

O termo médico Cardiopatia dilatada nunca havia chegado aos ouvidos de Esdras Felipe Henkel, um empresário do ramo da tecnologia, até o dia em que foi diagnosticado com tal doença. Doença essa caracterizada por aumentar seu ventrículo esquerdo e, consequentemente seu coração, fazendo com que sua contração diminuísse.

Aos vinte e oito anos, ele não poderia receber pior notícia. Afinal a doença era mortal e a única alternativa é correr contra o tempo e até mesmo a ética para receber um transplante cardíaco.

Seu único desejo antes de morrer é descobrir o que é o amor. Quando conhece a jovem Catherine, filha de um importante médico pediatra da cidade, Esdras decide esperar a morte e viver o relacionamento inesperado. Ele acredita que agora que tem amor nada mais o prende a vida.

Miguel, seu pai faz de tudo para que o filho sobreviva, mesmo que isso signifique nunca receber o perdão por seus atos.

Na batida do coração fala sobre sonhos, culpa, princípios, aceitação a morte, mas, principalmente, amor de um pai para com o filho.

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Capítulo 1
  Ás vezes, nas madrugadas silenciosas, costumava parar e pensar. Não fui o primeiro e creio que não haverá o último, pois as madrugadas foram feitas para pensar. Não é? Foi exatamente em uma madrugada qualquer que minha vida mudou completamente. Tudo começou quando me questionei sobre o que era o amor, é difícil saber o significado de algo que nunca sentiu e a definição do dicionário não me parecia aceitável. Ainda assim, não foi naquela trevosa madrugada que descobri o tão desejado significado. Não saber o real significado do amor não deveria ser um problema para um jovem de vinte oito anos, na teoria, ainda tenho muitos anos de vida para me preocupar com isso. Contudo, em minhas mãos há um pedaço de papel que muda tudo o que eu sei sobre vida e até sobre mim. Quando se está morrendo qualquer detalhe que lhe falta é importante. Tenho muito dinheiro, uma família importante perante a sociedade e que me deu e dá todos os bens materiais que preciso, tenho fama e qualquer mulher que quiser, mas não sei o que é amor e tão pouco tenho saúde. E, para mim, isso deveria ser à base de qualquer vida. Vida essa que nunca tive ou vi em meus pais. Eu não tenho. Estou morrendo. Fui diagnosticado com Cardiomiopatia Dilatada, uma doença sem cura e sem grande estimativa de vida. Quanto tempo tenho? Um ano no máximo. A única coisa que pode salvar minha vida é um transplante de coração. Obviamente, não tenho tempo de esperar na fila de espera por um coração compatível. Por isso meu pai, juntamente com meu médico, doutor Mauro, sugeriram a hipótese de um transplante ilegal. O plano me parecia extremamente absurdo, só de por em risco a carreira do doutor Mauro, mas ainda havia o fato de que para eu viver alguém morreria. Alguém que talvez entendesse um pouco do amor. Alguém que queria viver a todo custo. Diferente de mim: – Esdras? – O Dr. Mauro indaga com um tom carinhoso. – Que bom que veio. Espero que tenha pensado naquela possibilidade... Lembre-se que muitos não têm essa chance. 4 – Ah... eu pensei sim. – Dou meu melhor sorriso. Mas não parece atraente o suficiente para enganar Mauro. Por isso sou direto em minha resposta. – Não. Eu não vou aceitar um coração ilegal. É loucura. – Você vai morrer. – Estou pronto para isso. Não agora. – Cruzo as pernas pensando em como seria terrível morrer ali, naquele escritório sem graça. Mauro era um solitário, não havia fotos espalhadas por sua mesa, ou aquele famoso toque feminino em sua sala. Talvez fosse por isso que ele colocaria sua carreira em risco por alguns tostões. Ele não tinha nada a perder. – Tenho que resolver algumas coisas ainda, mas estarei pronto quando a hora chegar. – Seu coração já tem quase o dobro do que deveria ter, seu ventrículo esquerdo está parando de funcionar, a doença está em estado avançado. Você não pode recusar o transplante. A minha decisão em recusar o transplante envolve muito mais do que meu senso ético. A verdade, até um pouco vaidosa, é que não quero um coração estranho batendo em meu peito. Era como usar uniformes de futebol sujos e eu jamais faria isso. Prefiro não entrar no jogo a me sujar com algo que pertenceu a outro. Não importa se o jogo que estou recusando é a vida. Apesar de saber que nada do que Mauro use como argumento me convencerá de aceitar o transplante, converso com ele sobre os avanços de minha doença e como aquilo me incomoda: – Os sintomas pioraram. Não durmo há três dias e minhas mãos começaram a tremer. Mas, ainda assim, recuso qualquer transplante. – Você já comunicou a sua família essa escolha? Eles estão cientes da doença e a conhecem muito bem. – Como assim? Como meus pais poderiam conhecer tão bem essa doença? – Pergunto confuso. Mauro dá uma resposta rápida, mas seu chocalhar de ombros me deixa em dúvida sobre se o que ele diz é verdade. – Internet, um clique e eles podem descobrir tudo. 5 – Não creio que eles tenham feito isso. De qualquer modo, não disse nada ainda, não imagino como informar a minha mãe que escolhi morrer. Ela já sofre demais com suas próprias e escondidas tristezas. – Você está tomando os remédios? – Mauro trata de mudar de assunto. – Sim. – Bom, já que recusou o transplante não há muito o que se fazer. Continue com os remédios e com a boa alimentação, tome cuidado com grandes doses de adrenalina ou crises nervosas, o ideal é que tire umas férias da empresa. Ele anota algo em um papel e me estende, são novos medicamentos e novas prescrições de exames. – Eu não posso tirar férias. Essa semana os novos estagiários chegam, eu os supervisiono sempre. É tradição. Levanto-me e visto minha camisa social de cor salmom. Mais uma novidade nos últimos meses. Meu cérebro fica procurando realizar atos que eu ainda não havia feito. É um instinto para realizar tudo o que eu puder antes de morrer. Algumas coisas eram bem estranhas, como t*****r em um banheiro de avião com uma aeromoça gostosa chamada Keira, outras vezes era somente usar uma camisa de cor salmom. – Quando puder tire as férias. – Aperto a mão do doutor e me dirijo a saída com meu último prognostico no bolso do paletó, do lado esquerdo, em cima do coração. Faz todo sentido colocar a morte acima da vida naquele momento. *** Ao sair do hospital vou direto para a empresa, estaciono o carro e quando estou para entrar no meu edifício sinto um cheiro de café. Não muito longe dali há o melhor café de todos os tempos e, antes da doença, eu não passava um dia sem, mas quando o coração começou a inchar o café foi uma das primeiras coisas que parei de tomar. O cheiro impregna na minha narina e meu coração até bate mais rápido, o que é totalmente irônico. Sem muito pensar, atravesso a rua e entro na cafeteria, sorrio para a 6 atendente e ela sorri de volta, surpresa com minha presença, ela é uma jovem bonita e bem simpática, mas não é meu tipo de mulher, afinal é casada, e dessas me afasto: – Bom dia, senhor Henkel. – Ela exclama colocando um copo de café preto para viagem na minha frente. – Faz tempo que não aparece por aqui. – Ando meio ocupado. – Dou de ombros sem dar muitas explicações, afinal ela sabe da doença que me aflige e respeita minha intolerância em falar no assunto. Pego o café e a pago com uma nota de dez reais, ela quer me devolver o troco, mas recuso, não preciso de muito dinheiro, não tenho muito tempo de vida mesmo. Sorrio e me afasto do balcão, meu coração, repentinamente, bate rápido demais e minhas mãos tremem sem poder segurar o copo. Ele caí e algumas pessoas gritam enquanto eu respiro profundamente para controlar meu coração, como as enfermeiras me ensinaram: – Seu i****a! – Alguém fala grosseiramente. – Sujou tudo a minha bota. Olho para baixo e me deparo com uma garota loura de olhos cor de avelã e bochecha rosada. Ela veste uma calça social apertada e uma camisa larga com dois botões abertos que destacam seus s***s, belos s***s na verdade. A sua bota, que vai até o joelho, está toda suja de café, mas mesmo que estivesse limpa ainda assim seria h******l e eu sorrio com a ideia de lhe dizer aquilo e é exatamente o que faço: – Está melhor assim. – Sorrio sarcasticamente e ela ergue uma sobrancelha me desafiando a continuar a falar. – Ela era h******l mesmo. – Cara por que você não morre? – A garota cruza os braços sem perceber o quão aquilo é sensual do meu ponto de vista. A garçonete exclama em estado de choque e todos olham para a cena com curiosidade. A menina, que não passa de uma criança boba com uma bota h******l não sabe o quão grave é o que falou. Mas eu estou pronto para morrer, que até me torno sarcástico com a ideia: – Não diga isso! – Repreende a garçonete. 7 – Qual é mãe, é só jeito de falar. – Pela primeira vez noto a semelhança entre as duas. – Ela tem razão. – Tento amenizar o clima, mas quando percebo um gesto de arrogância da jovem mudo de opinião. Tiro o diagnóstico do bolso e estendo para ela. – Desejo realizado. Caminho calmamente até a saída. Achei que minhas pernas não se moveriam, mas em poucos segundos eu estava no conforto do hall de entrada da Henkel Tecnologias. Respiro com dificuldade e preciso me segurar na parede para não cair. Todos os sons a minha volta parecem alto demais e minha visão está escurecendo, mas então ouço a voz dela, da garota das botas e tudo volta ao normal, como um passe de mágica: – E-eu não sabia. – Ela sussurra estendendo-me o papel de volta. – Desculpe-me. – Desculpe-me pela bota, eu posso te comprar outra? – Não precisa. – Ela parece bem mais calma, o que a deixa com a aparência ainda mais frágil. Pela primeira vez me pergunto qual a idade dela e por que torço tanto para que seja bem mais de vinte. – Eu nem gostava delas, é que estava nervosa com o primeiro dia de trabalho. – Onde vai trabalhar? – Aqui. - Ela sorri, parece animada. – Você também trabalha aqui? Fico em silencio, meus olhos passeiam pela garota e param nos seus belos lábios vermelhos. Ela fica constrangida e começa a mexer em uma pulseira de pingentes que tem no pulso esquerdo. Percebo que me silencio a aflige: – Bom dia senhor Henkel. – Marcel, meu assistente, me cumprimenta. – Marcel. – Dou apenas um aceno de cabeça e continuo a olhar a garota a minha frente com intensidade. Seu tom passa de pálido para vermelho em segundos. – Henkel? – Ela indaga. – Henkel Tecnologias? – Prazer. – Jogo a cabeça de lado e dou uma piscadela. – Esdras Henkel, presidente e dono da Henkel Tecnologias. 8 – Catherine Fernandes uma subordinada pronta para ser demitida no primeiro dia. – Ela bate na própria testa depois de apertar minha mão. – Mas pode me chamar de i****a. – Vocês já se conhecem? – Marcel interrompe. – Ela desejou que eu morresse. – Dou uma gargalhada, mas os dois ficam sérios. Sou eu quem está morrendo e eles que perdem o bom humor? Paro de rir e aperto o botão chamando o elevador. Marcel e Catherine ficam ao meu lado em silencio, o elevador chega e juntos entramos, todos iremos para o mesmo andar onde o restante dos estagiários nos esperam. Estagiários que repentinamente perdi o interesse de conhecer e até mesmo de contratar. Antes mesmo de conhecê-los já sei que nenhum me chamará a atenção, não com Catherine por perto. Quando chegamos à sala de reunião todos ficam de pé e me cumprimentam com educação. Dou um breve sorriso e peço que eles se sentem e então me apresento, mesmo que eles já saibam quem sou eu: – Sou Esdras Henkel, fundador e presidente dessa empresa e serei eu que irei acompanhar o desenvolvimento de todos vocês aqui. Para isso preciso conhecê-los. Quero que do primeiro ao último se levantem e digam seu nome, idade e o que espera desse estágio. Um por um, todos se apresentam, muitos são tolos e infantis, somente buscam vaidades fúteis e independência dos pais e eu ignoro a maioria das apresentações. Mas quando Catherine se levanta, me ajeito na cadeira e olho diretamente para ela como que para intimida-la. Eu quero saber tudo sobre ela, quero-a na minha vida, ao menos no que resta dela. Por algum motivo nossos caminhos se cruzaram e eu não vou deixar que ela se tornasse apenas mais uma no lixo que é minha vida. Mais uma vez sinto meu coração batendo forte e enquanto ela fala eu percebo que sou o cara mais azarado do mundo: – Meu nome é Catherine Fernandes, tenho dezessete anos e estou cursando o último ano do ensino médio, estou aqui para crescer intelectualmente e cumprir o lema da empresa "salvar pessoas com a melhor tecnologia" é isso o que eu quero, fazer algo que ajude alguém, fazer a diferença. 9 Dezessete anos? Meu subconsciente indaga confuso, por mais que a garota pareça frágil e tenha um rosto de boneca de porcelana, eu não podia imaginar que ainda era uma criança, literalmente. Seus pensamentos intelectuais não se pareciam em nada com a sua idade. Ela parece séria, inteligente e mais velha. – Esdras? – Marcel me chama. – Está tudo bem? – Estou ótimo. – Respondo m*l humorado. – Podem me esperar lá fora, todos vocês, com exceção de Catherine Fernandes. – Se ferrou. – Alguém que não consigo identificar sussurra enquanto sai, o que me faz revirar os olhos. Catherine fica em pé e espera que todos saiam para se sentar novamente. Sento-me ao seu lado e coloco a mãos nos lábios analisando-a mais uma vez: – Dezessete anos? – É tudo o que consigo dizer. Ela me responde com um aceno de cabeça. – Senhor Henkel. – ela suspira profundamente. – Parou a reunião por causa da minha idade? Ela era esperta, sagaz. Eu sabia que por mais que suas palavras parecessem respeitosas ela estava me testando. Poderia até dizer que estava flertando. Mas não quero parecer tão confiante. – Isso quer dizer que não existe possibilidade de você sair comigo, não é? – O quê? – Catherine se levanta e acaba tropeçando na cadeira caindo nos meus braços, mas m*l me deixa sentir sua pele e já se afasta dando um passo para trás. Sei que ela sentiu o mesmo que eu senti o coração acelerado e o arrepio na nuca. – Você está me chamando para sair? Um encontro? – Estou te chamando para jantar comigo. – Eu não...Você é meu chefe! – Exclama indignada. 10 – Considere o jantar como uma boa ação para um moribundo a beira da morte. – Pela primeira vez ela sorri com uma piada sobre minha doença. – Por que você sempre faz piadas com a morte? – Por que eu não tenho medo de morrer. – Minto. – Todos têm medo de morrer. – Eu tenho medo é de viver. – Respondo sinceramente, mas ela não entende o que eu quero dizer, afinal ela não sabe que a única maneira de me salvar é roubando um coração de alguém. –Janta comigo e eu te explico. – E-eu não sei se é uma boa ideia. – Está demitida. – O quê? – É brincadeira. – Sorrio. – i****a. – sussurra. – Boba. Ela sorri, e é um sorriso encantador. – b****a. – Vai jantar comigo? – Ok, mas vê se não derrube comida na minha roupa. – Você vai de roupa? – Finjo surpresa e ela levanta uma sobrancelha ciente de que estou brincando.  

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