Seu grande amigo envia Eduardo.

1185 Words
Quantas vezes Canora fugiu de seus abusadores, ralou os joelhos, machucou sua alma e coração, teve pesadelos, medo do escuro, sofreu calada, chorou em silêncio e teve sua felicidade de ser uma menina em crescimento arrancada, destruída? Ela não podia brincar na rua porque sempre aparecia seu primo ou seu tio tentando agarra-la. Para se defender ela mordia, mas as vezes ela ficava sem reação, como que em choque e apenas fugia. Difícil de dizer quantas vezes mas, com certeza foram inúmeras vezes. Diante de toda essa luta e sofrimento, Chorando sozinha em seu quarto, desabafando, pensando estar sozinha, seu melhor amigo estava lá colhendo todas as suas lágrimas e lutando por sua vida. Deus nunca a desamparou e com certeza a livrou de coisas piores. E uma dessas coisas piores, sem sombra de dúvidas, Canora sentia que era o e*****o e a morte. Ela pensava: " Obrigada por me amar Senhor, mesmo em não tendo nada em troca. Eu sei que diante de tudo isso, o Senhor me livrou da morte diversas vezes. Quantas vezes pensei em fugir sem rumo, ou até mesmo tirar minha vida e somente eu sei o que sentia quando pensava nessas saídas equivocadas.” Então, ela sentia como se o Senhor lhe abraçasse e foi possível sentir como se sua mão tocasse em seu coração dentro do meu peito. Realmente, o Senhor cuidava e zelava pela vida de Canora. Ela não entendia o porquê de tudo isso, mas tudo tinha seu propósito. A palavra de Deus diz "nem uma folha cai sem a permissão de Deus." Jó sofreu, perdeu seus filhos e todos os seus bens, ficou extremamente doente, mas Deus não permitiu que lhe fosse tirado sua vida e quando Jó entendeu o propósito de Deus, confessou sua ignorância, tudo lhe foi restituído em dobro e sua fé foi renovada, vivendo agora pela sua própria experiência com Deus. Ela sabia que estava vivendo sua própria experiencia com Deus. Lá na frente viria a recompensa. *** Canora costumava ir à casa de sua tia jogar basquete com seus primos e lá, ela conheceu, apenas de vista, um rapaz loiro, possivelmente da mesma idade dela. Ela o viu sentado na calçada com suas costas encostadas no muro da frente da casa de sua tia. De bermuda cor cáqui e camisa branca. Ela nunca mais esqueceria daquela cena. Simples assim, mas marcante. Não foi amor à primeira vista, mas ela sentiu algo diferente ao olha-lo. Ela acreditava que ele não a via pois, ela sempre se sentia invisível. Passados alguns dias, seu primo foi em seu bairro e levou esse mesmo garoto junto. Ela ficou sabendo que seu nome era Eduardo. Canora tinha vontade de chegar próximo e conversar com Eduardo, mas ela não conseguia pois, ela tinha medo da reação de seu pai e de Eduardo. “Porque esse garoto lindo olharia para mim? Nem arrumada direito eu estou.” Ela pensava que um rapaz bonito e simpático como ele com certeza já deveria ter uma namorada. Seu primo passou a aparecer em seu bairro todo o domingo acompanhado de seu amigo Eduardo. Eles ficavam conversando amenidades com seu pai e seus irmãos, enquanto ela passeava de moto, passando as vezes por eles, sem saber que já era observada por Eduardo. Canora estava frequentando a igreja que ela ia anteriormente com Talita e agora os seus pais que a acompanhavam aos cultos, para se aproximar ainda mais de seu melhor amigo (Deus).Ela estava muito feliz por sempre irem aos fins de semana aos cultos. Ao passar pela praça, indo para o culto, ela percebeu que Eduardo estava sentado em um dos bancos da praça. Seu pai o cumprimentou com um "boa noite" enquanto Canora abaixou a cabeça, sem graça, e seguiu para a igreja. Com o passar do tempo ela observou que Eduardo também ia aos cultos, sentando do outro lado da igreja. Ela não sabia que tudo isso era porque ele queria vê-la. Ela apenas o observava pelo seu reflexo no vidro da janela que tinha ao seu lado. Como esquecer daquela imagem dele ali, lindo, de olhos verdes, cabelo bem alinhado, vestindo calça caqui, camisa branca e uma blusa social verde militar aberta por cima. Ela pensava conversando com Deus em seu íntimo, se realmente aqui era tudo o que parecia ser. Será que Eduardo estava mesmo a fim dela? Uma certa noite, os pais de Canora estavam conversando na sala animados. Canora acordou e foi até a cozinha beber um pouco de água e então ouviu uma parte da conversa de seus pais, que falavam sobre ela: - Rodrigo está a dias brincando, falando que Canora e Eduardo deveriam namorar. Eduardo tem aparecido mais vezes na loja, sempre conversando comigo, numa boa. - Vai dizer que ele quer namorar com ela? - Então, Rodrigo veio me dizer que Eduardo queria falar comigo. Eu disse que tudo bem e fiquei curioso pra saber sobre o que se tratava. Diante das brincadeiras e piadinhas de Rodrigo e os outros funcionários da loja, imaginei que a conversa seria sobre isso. E hoje, na hora de fechar a loja Eduardo disse que iria pegar uma carona comigo pra conversarmos. Ele me fez parar na praça e pediu pra mim ouvi-lo e depois dar sua resposta. *** O pai de Canora parou na praça e sentou-se num dos bancos, na companhia de Eduardo. Eduardo estava visivelmente ansioso e com medo da resposta que receberia do pai de Canora. - O senhor me desculpa te pedir para conversarmos nesse horário, sei que deve estar cansado do seu dia de serviço, mas, gostaria que me ouvisse primeiro para que eu não perca a coragem em lhe falar. Eu tenho pensado muito em sua filha, acho ela muito linda e educada e gostaria de namorar ela mas, eu preciso saber se o senhor me permite namora-la. - Diz Eduardo morrendo de medo e com as mãos suando frio. - Vocês dois já conversaram sobre isso? Digo, você e ela tem conversado? - Não senhor. Nunca conversei com ela. - Respondeu Eduardo com os olhos arregalados. - Olha, se forem namorar com respeito, tudo direitinho, conforme eu acho que deve ser, e se ela quiser, por mim tudo bem. - Muito obrigado Senhor. Como eu sei que ela gosta de ir aos cultos, posso ir com vocês e assim eu tento me aproximar dela? - Por mim, tudo bem, desde que seja com respeito. *** Canora não imaginava que tudo isso era providência de Deus para suas orações. Tudo fazia parte dos planos de Deus. Canora, começou a sentir uma alegria tremenda e foi em silêncio para seu quarto, fingindo não saber de nada. No dia seguinte, logo cedo, seu pai veio conversar com ela sobre a conversa que teve com Eduardo. Ela ouviu tudo em Silêncio sem dizer o quanto ela tinha ficado feliz com essa notícia. Ela nunca havia imaginado que Eduardo tinha interesse por ela. E ela ficou admirada em como tudo estava acontecendo. Deus estava atendendo a um de seus pedidos. Ela não teve que pedir ao seu pai para deixá-la namorar.
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