Narrado por Lara
O cheiro da cela estava ainda mais insuportável naquela manhã. Talvez fosse só minha paranoia falando, ou talvez fosse o cheiro da morte se aproximando. Eu não tinha dormido. A noite inteira fiquei acordada, sentada na beira da cama, observando cada movimento de Denise pelo reflexo enferrujado da moldura metálica do beliche. A detenta mais temida do pavilhão. A mulher que, agora, eu sabia, queria me ver morta.
Janaína não estava na cela. Tinha sido levada para o atendimento médico após passar m*l durante a madrugada. Coincidência? Eu duvidava. Tudo estava muito silencioso naquela ala. Silêncio demais para uma prisão cheia de mulheres. Era como se o pavilhão inteiro estivesse segurando a respiração. Eu sentia os olhos de algumas detentas me seguindo, como se soubessem. Co
