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Narrado por Lara Os dias na cadeia tinham um cheiro específico. Um misto de mofo com desespero. O tipo de cheiro que gruda na pele, nos cabelos, nas lembranças. Desde que fui transferida para o novo bloco, meu corpo não relaxava. Dormir era um ato de coragem. Comer, um exercício de fé. E confiar... isso eu já não fazia mais. A cela era pequena, com duas camas de ferro separadas por um espaço de um metro e meio. Eu dividia o espaço com a Janaína, uma mulher miúda, cheia de tatuagens, que estava lá há tempo suficiente para conhecer o sistema como as linhas da própria mão. — Cuidado com a loira nova — ela disse na segunda noite, enquanto deitávamos. — Qual loira? — Aquela de cabelo preso, cicatriz no pescoço. Denise. Fica te olhando como quem já te desenhou no chão. Senti um frio subir

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