Narrado por Matteo O apartamento estava em silêncio, e eu gostava assim. Sempre gostei. O silêncio me dava controle. Permitia que eu ouvisse meus próprios pensamentos, que traçasse estratégias sem distrações. Mas naquela manhã em particular, o silêncio não era reconfortante. Era inquietante. Estava carregado de expectativa. A folha em cima da mesa — timbrada, carimbada, oficial — dizia exatamente o que eu esperava: o juiz havia autorizado o exame de DNA. Me levantei devagar da poltrona, estalando os dedos, e fui até o bar para servir mais uma dose de conhaque. O copo gelado na mão me deu a única sensação de firmeza que eu tinha tido em dias. Li o documento mais uma vez, saboreando cada palavra como um predador farejando o sangue da presa. “Material genético será colhido da menor, com a

