If I Stay?

Capítulo 02

Após alguns minutos chegamos em minha casa. Desci da moto retirando o capacete da minha cabeça olhando para a porta de casa, encontrando Meire olhando de um lado para o outro preocupada. Era totalmente estranho, pois normalmente ela após terminar suas tarefas vai embora. Seu olhar parou em mim e ela sorriu vindo em minha direção abraçando-me fortemente, fiquei bastante surpresa com sua atitude.

— Onde você estava? Fiquei tão preocupada com você! — Ela disse entre o abraço separando-o lentamente com uma expressão extremamente preocupada.

— Vou indo! — O menino que me trouxe murmurou pegando o capacete das minhas mãos colocando-o no retrovisor.

— Fique para o jantar. — Meire disse rapidamente deixando-o surpreso, igual a mim. Afinal, ele ainda era um estranho, mesmo que tivesse me salvado.

— Muito obrigado, mas eu passo. — Ele disse em um tom doce e calmo, encarando-a.

— Eu insisto! — Meire se aproximou dele segurando em seu braço, puxando-o na tentativa de retirá-lo da moto.

O olhar do menino parou em mim como se estivesse pedindo socorro. Tinha que agradecer de alguma maneira por ele ter me salvado, e um jantar, nada mais que isso, seria uma boa opção. Dei os ombros como reposta vendo-o revirar os olhos em minha direção.

Depois de tanta insistência da Meire, ele acabou cedendo e aceitando o seu pedido. Ele travou a moto pegando os capacetes adentrando a casa conosco.

— Casa bonita! — Ele disse olhando em volta soltando uma gargalhada. — Me lembra um pouco a minha. — Na luz da casa, pude ver melhor sua aparência.

Ele tinha a pele branca, era alto e forte na medida certa, cabelos negros jogado para trás, lábios rosados e carnudos. Olhos menores que o normal, revelando que ele tinha uma certa descendência asiática e acima do olho esquerdo, próximo as sobrancelhas, havia duas pintinhas. Um piercing no nariz, um próximo do olho direito, tirando os vários em sua orelha. Um completo delinquente.

— Sente-se, por favor! — Meire disse puxando-o para a cozinha apontando para uma das cadeiras da mesa.

— Vou tomar banho e logo desço para jantar. — Exclamei fazendo com que ambos me olhassem. Antes de responderem algo, subi as escadas em direção ao meu quarto.

Adentrei meu quarto, jogando minha mochila em cima da cama. Caminhei até o banheiro, fazendo uma trilha de roupa pelo o caminho. Assim que terminei meu banho, enrolei-me em uma toalha caminhando até o closet. Vesti uma peça íntima branca, um short jeans e uma blusa de manga longa listrada. Retirei-me do closet em seguida do quarto indo rumo à cozinha, onde todos me estavam comendo.

— Por que não estão comendo? — Indaguei ao ver que a comida estava servida, mas ninguém estava comendo.

— Estávamos esperando você Srta. Sonji! — Meire respondeu-me sorrindo, retribui o sorriso sentando-me ao lado do menino.

Encarei-o percebendo que seu olhar estava focando em algum lugar em mim. Segui parando em uma mancha roxa em meu pulso, rapidamente tampei a mancha com a mão, fazendo ele me encarar com uma sobrancelha arqueada.

— Como você se chama? — Ela questionou enquanto a atenção dele se desviava para a mesma.

— Iyrb Jaesper! — Respondeu-a e eu parei alguns segundos para raciocinar, aquele nome não era estranho para mim, eu já tinha ouvido em algum lugar, porém não me lembrava exatamente onde e quando. — É a mãe dela?

— Não, sou apenas a empregada particular dela. Os pais dela vive viajando e na maior parte do tempo ela fica cozinha. — Meire respondeu-o tranquilamente com um sorriso de canto em seus lábios.

— Os meus também vivem viajando, raramente param em casa para ver pelo menos seus filhos. — Jaesper murmurou colocando um pouco de comida enquanto eu.

Quando fui falar alguma coisa a respeito daquele assunto, senti uma dor aguda em meu pulso que em instantes se espalhou para o meu corpo inteiro, como se fosse uma descarga elétrica, fazendo com que eu gemesse de dor baixo.

— Está tudo bem com você Srta. Sonji? — Meire indagou ao ouvir o meu gemido de dor. Concordei forçando um sorriso.

— Só preciso de um pouco de ar, se me dão licença! — Exclamei levantando-me da cadeira saindo da cozinha rumo a porta, mas antes de chegar lá minhas pernas falharam e minha visão escureceu.

Acordei com um pouco de claridade batendo em meus olhos. Sentei-me na cama abrindo meus olhos lentamente, sentindo uma forte dor de cabeça misturada com uma tontura. Olhei em volta fixando meu olhar do Jaesper que estava, supostamente, dormindo na poltrona próximo à janela.

Tirei a coberta do meu corpo levantando-me com cuidado, aproximando dele para ver se ele realmente estava dormindo. Quando cheguei perto o suficiente dele, minhas pernas falharam fazendo com que eu fosse para o chão. Senti as fortes mãos em minha cintura arrepiando-me, impedisse que eu fosse realmente para o chão. Ele apertou-a com uma certa força, olhando para mim de uma maneira doce, como se já me conhecesse.

— Melhor não se levantar. — Ele disse se levantando e pegando-me no colo, caminhando até a cama onde me colocou sentada com cuidado. — Você ainda está bastante fraca!

— Você está aqui deste ontem? —  Indaguei analisando cada traço de seu rosto atentamente.

— Sim, depois de você desmaiar sua empregada chamou o médico particulado de vocês, de acordo com o que ela disse, e ele disse que você estava sobre pressão e que sua anemia estava extremamente alta. Quando ele foi embora a ela disse que teria que ir também, pois havia surgido um grande problema na casa dela que necessitava da sua presença! — Resumiu tudo sem ao menos desviar seu olhar de mim. — Achei estranho ela ir embora logo depois que o médico, mas tudo bem, a vida não é minha.

— Desculpa, por culpa minha você deve que faltou à escola hoje! — Exclamei e ele piscou, finalmente, desviando seu olhar dos meus. — E obrigado por não ter me deixado sozinha. — Umedeceu os lábios sorrindo.

— Sobre a escola, eu não me importo... — Ele disse soltando uma gargalhada. — Nem estava afim mesmo de ir para a minha nova escola. — Olhou para mim cuidadosamente. Escola nova? Nome conhecido para mim? Futuro casamento arranjado? Mas ele tinha uma aparência de delinquente. — Bem, eu vou indo. Agorinha deve que seus pais chegam e eu não quero estar aqui quando eles chegarem. — Caminhou até a porta, parando se virando para mim com um sorriso nos lábios, fazendo com que seus olhos formassem pequenos riscos. — Se cuida... Sonji Lincy. Espero que a gente se encontre em breve!

Ele saiu do quarto e eu fiquei em silêncio, ouvindo a porta principal ser aberta em seguida fechada. Logo o barulho da sua moto soou e depois foi se distanciando.

— Ele é muito gato mesmo aparentando ser um delinquente... — Exclamei para mim mesmo deitando-me na cama. — Seu olhar é bem intenso. — Gargalhei passando a coberta pelo o meu corpo, adormecendo novamente em questão de minutos. 

Acordei horas depois com gritos escandalosos no andar debaixo. Escutei passos apressados nas escadas e em seguida a porta do meu quarto sendo aberta de uma maneira bruta, assustando-me.

— Querida?! — Era minha voz. Aparentava estar extremamente preocupada, segurei a risada irônica e me sentei para a encarar. — Você está bem? — Concordei. — Graças à Deus! — Sorri de lado. — Eu a comprei comida favorita sua. — Minha mãe disse e eu arqueei minha sobrancelha para a mais velha.

Antes que eu falasse alguma coisa, ela saiu do quarto rapidamente. Voltando em questão de minutos com uma mesa de cama, em cima dela, sushi. Colocou-a em minhas pernas e um sorriso enorme apareceu em meus lábios.

— Qualquer coisa estou na cozinha, pode gritar à vontade! — Concordei e ela se retirou do quarto logo em seguida.

Enquanto comia pensava em várias coisas, mas a principal era a beleza do tal de Jaesper e o motivo dele estar passando próximo à escola naquele horário justo quando eu estava na rua. Era estranho, mas se não fosse por isso, eu teria sido abusada ou coisas piores.

Terminei de comer tudo, sentindo-me um pouco mais forte. Levantei-me da cama caminhando até a porta sem sentir nenhum sinal que minhas pernas falhariam. Saí do quarto e desci as escadas encontrando a minha mãe na sala, mexendo em alguns papéis da empresa.

— Obrigada por ter voltado. — Exclamei sentando-me ao seu lado encostando minha cabeça em seu ombro encarando a papelada em suas mãos.

— Você é a minha filha, então é minha obrigação vim cuidar de você! — Minha mãe disse acariciando meus cabelos ainda encarando os papéis em sua mão.

— Conseguiu convencer meu pai? — Indaguei esperançosa por ele ter mudado de ideia em relação ao casamento. Ela negou e eu soltei um longo suspiro.

— Você vai gostar do seu noivo. Ele é bonito e estuda agora na sua escola, como já te disse! — Ela disse e eu estralei minha língua. Tudo indicava que o Jaesper era meu noivo, mas eu me recusava acreditar.

— Qual é o nome dele? — Indaguei curiosa e desejando acabar com a ansiedade que crescia dentro do meu peito.

— Só vai descobrir no dia do encontro de vocês! — Ela piscou e eu revirei os olhos ficando séria.

Acordei mais tarde que o normal, meu celular havia despertado mais cedo, só que eu o desliguei e dormir novamente sem que eu percebesse. Estava com um pouco de raiva do meu pai, pela ideia louca do casamento arranjado e por ter me mudado da escola repentinamente.

Levantei-me caminhando até o banheiro. Despi-me do pijama. Assim que terminei meu banho realizei minhas higienes pessoais e enrolei-me na tolha saindo do banheiro encontrando a minha mãe sentada em minha cama à minha espera.

— Está mais atrasada que o habitual, Lincy! — Ela disse se levantando e me entregando meu uniforme passado. — Você tem... — Olhou no seu relógio de pulso. — Vinte minutos para se arrumar. — Saiu do meu quarto deixando-me sozinha.

Quando ela saiu comecei a me arrumar rapidamente. Vestir meu uniforme, penteei meus cabelos e calcei meu tênis. Terminei mais rápido do que imaginava. Peguei minha mochila saindo do meu quarto correndo à encontro da minha mãe.

— Estou pronta! — Exclamei ofegante assim que a achei, pousando minhas mãos em meu joelho respirando fundo.

— Seu recorde! — Ela sorriu indo em direção a porta, segui-a para fora. Adentramos o carro e em seguida ela colocou-o em movimento rumo ao meu colégio. — Tenta comer, não quero receber uma ligação falando que minha filha desmaiou. Sua mãe está velha, não tem mais coração pra isso não. — Soltei uma risada balançando a cabeça negativamente.

Desde ontem eu não conseguir tirar a ideia de que o tal do Jaesper poderia ser meu futuro marido forçado. Esses pensamentos estavam acabando com o meu estado mental. Meu sexto sentindo deste quando eu era pequena é muito aguçado, quando fiquei mais velha ele se tornou ainda mais do que eu pensava, o que nem sempre, era tão divertido assim.

Senti o carro parar tirando-me dos pensamentos. Encarei a janela percebendo que já havíamos chegado na escola.

— Bye! — Exclamei para a minha mãe deixando um selar em sua bochecha, pegando minha mochila no banco de trás. 

— Bye, bye! — Ela sorriu para mim deixando um selar em minha testa. — Tenha uma ótima aula, quando te liberarem eu venho te buscar. — Concordei.

Desci do carro olhando em volta e adentrei o colégio correndo rumo a minha sala, percebendo que eu era a única que estava fora da sala e extremamente atrasada. Cheguei em minha sala e bati duas vezes na porta à espera da professora

— Está atrasada Srta. Sonji! — Ele disse ao abrir a porta e me ver cruzando os braços e arqueando as sobrancelhas.

— Desculpa professor, eu fui dormir tarde ontem. Desculpa! — Murmurei temendo que ele não me deixasse entrar, se bem que seria uma boa ideia faltar a aula.

— Tudo bem, vou deixar passar só essa vez. — Ele disse e eu sorri agradecida enquanto ele dava espaço para entrar. Adentrei a sala sentindo os olhares de todo mundo cair sobre mim. Passei entre os alunos sentando-me em minha cadeira, pegando os meus matérias colocando na mesa. — Muito bem, voltando a atenção de vocês para frente.

Havia faltado um único dia e esse único dia foi o suficiente para que a sala mudasse completamente. Todo mundo tinha um parceiro sentando em uma cadeira ao seu lado, menos eu, e mentalmente agradecia por isso.

Batidas na porta fez com que o professor parasse de explicar o conteúdo e soltasse um longo suspiro caminhando até a porta. Abriu-a e revelando a diretora.

— Bom dia diretora! — Ele disse olhando para trás dela com o cenho franzido. — Outro aluno novo? — Deu espaço para ela entrar seguida de um menino.

Assim que eu vi o Jaesper ao lado da diretora, lembrei-me que a minha mãe tinha me dito ontem que o meu marido forçado começaria a estudar na mesma escola que eu. É, ele, sem sombras de dúvidas, era realmente meu casamento forçado.

— Esse é o novo aluno da classe, por favor sejam educados e deem a ela uma recepção calorosa! — A diretora disse olhando para nós em seguida olhando para o menino. — Se apresente por favor!

— Bom dia! — Ele sorriu largamente. — Me chamo Iyrb Jaesper, fui obrigado a estudar nessa escola por meus pais, então por favor cuidem bem de mim, afinal eu com certeza irei me sentir sozinho nessa enorme escola! — Após dizer isso as meninas todas grunhiram em aprovação, resultando em um sorriso lerdo de sua parte.

— Ele é um gato! — A menina que estava sentada em minha frente sussurrou para outra em seu lado.

— Coloca gato nisso! — sua amiga concordou sorrindo lerda ainda encarando o Jaesper. — Você sabe que ele é filho de um empresário cheio do dinheiro? — Sua amiga sorriu em resposta, encarando-a maliciosamente, em seguida voltando a olhar para ele.

Enquanto eu ouvia aqueles absurdos que resultava em mim, reviradas de olhos, sentia alguém me olhando. Ergui o meu olhar para onde ele se encontrava, percebendo que ele me olhava fixamente, mas assim que nossos olhares se cruzaram, ele abaixou a cabeça sorrindo de uma maneira tímida. 

— Por favor pode se sentar ao lado da Srta. Sonji. — O professor disse assim que a diretora saiu da sala fechando a porta consigo. Jaesper concordou caminhando entre os alunos, colocando sua mochila em cima da mesa sentando-se ao meu lado.

— Voltando para a aula... NOVAMENTE! — Concluiu o professor mostrando que estava farto de interferências durante suas aulas.

— Pensei que iriamos nós rever novamente, mas não pensei que seria assim tão rápido. — Ele disse em um tom baixo pegando seus materiais de dentro da sua mochila.

— Digo o mesmo... — Exclamei no mesmo tom encarando-o de soslaio, percebendo que ele me olhava atentamente com um sorriso bobo nos lábios.

Quando a primeira aula acabou, observei ele de lado discretamente, vendo-o relaxar na cadeira enquanto várias meninas vinham em sua direção. Assim que elas se aproximaram dele, ele soltou um resmungo baixo seguido de um suspiro, colocando um sorriso nos lábios, um tanto forçado.

Guardei meus materiais dentro da mochila, levantando-me e passando por aquela multidão de meninas com cuidado. Era aula de educação física e eu estava complemente perdida por não saber onde que era o vestiário.

Caminhei pelo o corredor cheio de armários nós cantos, parando em frente ao armário que possuía meu nome. Coloquei a minha senha no cadeado e peguei meu uniforme de educação física que estava dentro dele.

Em passos lentos, caminhei olhando em volta procurando o vestiário, felizmente encontrei algumas meninas da minha sala saindo de um cômodo com o uniforme de educação física em seus corpos. 

Soltei um suspiro de alívio andando em passos rápido adentrando o cômodo que elas haviam saído. Despi-me do uniforme social, ficando apenas com a minha lingerie vermelha com detalhes branco.

— Seu corpo é perfeito! — Ouvi uma voz masculina atrás de mim fazendo com que eu me virasse rapidamente, encontrando o Jaesper encostado na soleira da porta com os lábios preso entre seus dentes, enquanto analisava meu corpo com seus olhos lentamente.