três

1472 Words
➳ Juliana Phelps , JP.  Com o meio dia tão perto, achei que talvez estivesse na hora de deixar meu quarto e dar uma olhada em como tudo seguia pelas ruas do morro. Confiava na capacidade do Ph para cuidar de tudo em minha ausência, mas não custava me manter atenta a minha própria comunidade. Era uma forma de evitar surpresas, uma boa maneira para manter os inimigos longe da gente. Insatisfeita com os últimos acontecimentos por aqui, não estava afim de muita coisa a não ser espairecer a mente. Por isso o corpo sobre o meu quando pensei em sair da cama quando algo se fortaleceu em minha mente. Era uma boa maneira para deixar de pensar, uma boa forma para trazer cansaço ao corpo. Bom, era a minha maneira de descontar a frustração dos meus problemas. — Ei, hora de vazar. — Empurrando a garota para o lado, sem me preocupar com novas vestes, mirei o banheiro como meu próximo local para estar. — Só mais cinco minutos. — O que ela estava pensando? Não sou a sua mãe. — Bora levantar, vaza daqui. Não quero te ver quando eu voltar. — Tirando dela a posse do cobertor, impus o ultimato e a deixei por conta própria. Estava cansada disso, de todas se acharem únicas, especiais por terem chamado a minha atenção. Era claro o meu ponto de vista, o modo como tudo terminava no amanhecer do dia seguinte. Não existia ilusão, todos me conheciam e sabiam da minha forma de agir. Me dar um fora? Claro que podiam, se fosse eu a demonstrar algum interesse. Não seria escrota a ponto de tirar o livre arbítrio de ninguém, não sou como a imagem que pintaram do meu pai. Quando por fim deixei o banheiro, vesti a primeira roupa que achei no guarda-roupa e deixei o quarto apenas para encontrar um maldito ser esparramado sobre o meu sofá. Privacidade não costuma existir entre a gente, mas às vezes o babaca passava dos limites. Parecia não ter muito amor à vida que levava, ou confiava mesmo na minha curta paciência, o que claramente deveria ser considerado um risco com base nessa última semana. Meus dias vinham sendo uma merda, e ainda não conseguia entender bem o porquê. — Quem era a garota da vez? — Com o olhar fixado a porta por ela devia ter saído a pouco tempo, perguntou como se realmente se interesse pela minha vida s****l. — Não guardei o nome, mas acho que era algo com a letra "C". — Apesar de parecer estar tirando uma com a cara dele, também era a minha única verdade com relação ao ocorrido. O palhaço riu em negação ao se sentar para conseguir me encarar com uma maior atenção. Não estava vendo onde ele tirou graça. Não era sempre que costumava ser tão aberta a esse tipo de assunto, ele devia me agradecer por não estar rezando uma bíblia para justificar o fato de não descer o braço na sua cara. — Ainda me lembro de quando você não ia pra cama com todas as minas que te dão mole. — Achando um absurdo o seu argumento, foi impossível não rir alto ao me deixar cair sobre o seu corpo. — Cara, você engordou bem de ontem pra hoje, 'né? — Cansado de respirar o mesmo ar que eu, Ph? — Junto da pergunta, também o derrubei no chão sem ter nada para temer. — Vai dizer porque raios veio tirar a minha paciência dentro da minha casa, ou vou precisar adivinhar? — Devia me agradecer, aquele 'mina estava plantada em sua porta outra vez. — Ele riu. — Pensei que ela fosse descer o "p*u" na garota que saiu vazada daqui. E talvez tivesse feito se eu não estivesse chegando. — E 'tá falando de quem agora, i****a? Sabe que não é só uma a se achar dona da posição de fiel. — De pé e ajeitando sua regata ao checar sua arma, caminhou até a porta. Era hora de dar umas voltas antes do cair da noite. A farra do fim de semana prometia muitas caras novas, e eu já estava cansada de ter sempre a mesma coisa. Fazia um tempo desde a última vez em que abri uma noite como essa para quem quisesse se aventurar por esses lados. Dessa vez a zona sul não seria barrada por ninguém. — 'Bora JP, 'cê sabe a quem me refiro quando falo dessa merda. — O i****a também não tinha mais paciência pra falar desse mesmo assunto toda vez em que fico com alguém, já começava a me deixar em mais lençóis esse prego no meu sapato. Nem lembrava mais de quantas vezes já mandei a real pra essa garota, mas a verdade é que nada adianta, ela parece não querer me ouvir. — Velho, essa Isabella já não está mais me descendo. Começo a enxergar o momento em que vou precisar passar dos meus próprios limites pra ver se a filha da mãe entende que comigo nada é 'pra sempre. — Tocando seu braço no meu, ele sorriu tomando um passo em minha frente. Os moleques responsáveis por cuidar das informações da rua de baixo chamavam por ele. Já deviam saber qual a expectativa para os nossos visitantes. Aquela parte do serviço não era minha, então passei por eles sem exibir qualquer tipo de expressão. Não gostava de ficar de sorrisos com todos por aqui, era inapropriado se quisesse fazer valer o status conquistado na base de unhas e dentes. Em um mundo tão machista quanto esse em que vivo, não podia cometer muitos vacilos. Não era segredo pra ninguém que alguns grupos aqui dentro se sentiriam mil vezes melhor se fosse o Ph o dono desse morro. Não se importariam em me ter como sua sub, mas não me engolem com a dona da p***a toda. É a minoria, mas sei que não querem o meu bem. — O que 'tá fazendo aqui? — Perto da entrada, a vi se aproximando e não demorei para tomar a sua frente. Já havíamos falado sobre isso antes. — Por mais que você faça parecer o contrário, acredito que essas ruas ainda são públicas, Juliana. — Já falei pra não me chamar assim, vou ter que repetir quantas vezes pra você finalmente entender, merda. — Segurando com força o seu braço, a puxei para o canto para não incomodar o corre dos entregadores. Seu olhar segurava o meu sem qualquer sinal de medo, e isso me fazia questionar muita coisa. — Me solta. — Disse firme se livrando do meu toque. — Não sou essas raparigas que se vangloriam por caírem na sua cama. — Para de drama, AJ. — Me encostando na parede mais próxima, acendi um cigarro e levei até a boca para um trago breve. — É April. — Se livrando do meu cigarro, ela respirou fundo. — Não precisaria ficar repetindo toda vez em que a gente se vê se você fizesse algum caso no que eu falo. — Diz logo o que veio fazer aqui, não 'tô com tempo pra perder por nada. — Sempre de olho em quem passava pelas minhas costas, insisti no que queria saber. Ela quase nunca aparecia, e grande parte disso é por minha causa, mas se estávamos tendo algum diálogo é porque algo ela queria. Sua insistência não costumava ser de graça. — Por nada é o c*****o! — Seu tom chamou a atenção, mas devido ao meu olhar de poucos amigos, ninguém se manteve focado na gente. — Pra que esse show? 'Tá querendo o quê com isso? — Tomando a sua frente, a encarei com força. Em seus olhos, notei a umidade dar sinal de existência. — Não pode agir como se eu não fosse ninguém, Juliana. — Com o sorriso quebrado e reprimindo as lágrimas presente em seu olhar, olhou algo em seu celular. Em minhas costas, Ph se aproximava. — Ao menos não pra sempre, e você sabe disso. Com a chegada do meu melhor amigo, ela acenou pra ele e voltou por onde veio. Devia ter recebido algo importante, pois desistiu até mesmo de subir o morro dessa vez. Mas isso não era da minha conta, não devia me preocupar com problemas que não eram meus. Tê-la aqui era sempre uma grande dor de cabeça. O modo como a olhavam me incomodava. — Sabe que ela 'tá certa, não sabe? — Parecendo o lado sensato dos meus pensamentos, ele surgiam outra vez como a razão que eu não queria aceitar. Possuía os meus motivos para a querer longe. — Não enche o saco, Ph. Não agora. — Sei o que me contou, mas queria entender porque precisa tratá-la com tanta indiferença, Jp. — Às vezes ela me tira do sério, mas não é a única.
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