➳ Juliana Phelps , JP.
Depois da discussão com a Aj não fiz muito mais coisas durante o dia, haviam sido a horas tranquilas, problema algum bateu em minha porta até o exato momento. Já era noite, o som no topo da comunidade já começava a se elevar Estava na hora de me fazer presente, de dar as caras para evitar qualquer ação estúpida dos meus cidadãos e, principalmente dos idiotas da zona sul. Era comum eles se acharem os tais só por causa da influência dos seus pais. Chega a ser irônico, mas não tenho nada haver com a situação, não é da minha conta enquanto não chegar até mim.
Com o olho preso ao celular para não perder nenhum relato feito por Ph, fui rápida ao tomar meu banho e me vestir para estar saindo de casa poucos minutos depois. Alguns dos nossos, hoje convidados já haviam chegado. Mas esse era só o começo, ainda viriam mais deles. Afinal, se marcavam presença em festas privadas, porque não se multiplicariam em uma que foi aberta ao público? Seria a surpresa das surpresas, mas sabemos que isso não costuma acontecer para gente como eu.
Em nosso ambiente de comemoração, deixei minha moto onde era o lugar e entrei sem cara para qualquer tipo de cumprimento mais íntimo. Todos me conheciam, sabiam que não baixaria a guarda com tantos forasteiros entre a gente. Não me julgariam m*l, entendiam a minha posição e como dei duro pra conquistar ela. Apesar dos altos e baixos, confiavam em mim. Eu gostava disso, da sensação de ser algo pra alguém.
Ao longo do tempo que tivemos juntos, meu pai me ensinou muitas coisas. Entre elas, ele me ensinou a dar tudo por aqueles que estão do meu lado. Por esse morro ele morreu, e se em algum momento se tornar preciso, por esse mesmo morro eu também irei me sacrificar. Isso fazia da gente uma exceção, e por isso não éramos adorados por todos. Vai entender a merda do ser humano.
— Ei! Vira a fita, hora do som de verdade. — Passando pelo DJ contrato para o evento único sob o meu comando, cedi a instrução antes de subir para o meu posto. Iria observar o movimento de cima, junto dos meus parceiros mais confiáveis.
O lugar começava a ficar lotado, estava ficando difícil andar em meio a tanta gente. Mas era isso o que eu queria, o que era esperado para algo tão badalado dentro de toda a cidade. Era comum que geral estivesse afim de participar do popular "baile no morro", não era nenhuma surpresa esse movimento exagerado. Me sentia bem com isso, significava caras novas, investidas novas. Haviam minas muito gatas por aqui, metade delas da área mais rica da cidade. Aproveitaria o desejo delas por algo novo mais tarde, agora eu só tinha que me agrupar e analisar o desenvolver de tudo.
— Achei que não viria mais. — Fazendo o nosso toque, Ph comentou se encontrando comigo no topo daquela escada. Não era alto, mas nos separava de todos no solo principal.
— Ainda é cedo, tem muito pra rolar aqui. — Segurando a garrafa de cerveja entregue a mim, disse simples me pendurando na barra de proteção. O lugar já se encontrava marcado pela presença de algumas garotas, todas muito sorridentes. Oferecidas demais, fáceis demais. Não gostava desse tipo, mas também não costumava recusar um sexo fácil. Entendia meus brothers.
— Vamos até o amanhecer, Jp. — Ele riu tocando o meu ombro. — É óbvio que tem muito pra acontecer.
De olho no relógio, respirei fundo quando enxerguei Isabella batendo de frente com Ravi, o garoto responsável por manter a nossa privacidade no pé das escadas. Ela costumava abusar da sorte que tinha, mas às vezes a paciência não estava comigo. Não importa a merda que eu faça, não consigo tirar ela do meu pé. Já mandei a real mil e um vezes, mas a filha da p**a insiste em voltar pra acabar com a p***a do meu juizo. Não devia ter caprichado tanto.
Sabendo o que significava o bater daquele horário, neguei alguns pensamentos de merda e ajeitei minha postura. Cuidaria do problema que Isabella ameaçava me causar, mas não era apenas isso. Fora daqui, existia uma questão ainda mais importante a ser cuidada por mim. Ph não ficaria feliz, mas seria ele a cuidar disso por mim.
— Onde você vai? — Tocando o meu ombro quando deixei a contenção, ele perguntou entregando sua bebida nas mãos de uma das meninas aqui em cima.
— Onde nós vamos? Boa pergunta. — Sabendo que deveria me seguir, ele respirou fundo e negou tudo o que podia vir a seguir. Era engraçado, mas duvidava poder manter tudo assim pra sempre.
— Pela última vez, apenas convidados podem subir. — Ravi era um rapaz muito calmo, costumava me ajudar bastante em momentos como esse. Gostava dele, o via como um irmão mais novo aqui dentro, alguém com capacidade para crescer sem muito esforço. Ele era diferente.
— Não quero saber disso! — m*l havia chegado, e já estava estética. Isso parecia ser uma característica dela. — Aí está você, Jp. Manda esse garoto me deixar passar.
— Não ouviu o que ele disse? — Toquei o ombro do moleque. — Somente os convidados do dono do morro podem passar daqui, e não me lembro de ter convidado você. Então vai, rala daqui antes que eu me estresse.
— Mas, Jp...
— Mas nada, vaza daqui. — Era um ultimato, ninguém nunca ousou a ir contra um ultimato desses. Ela não seria a primeira a testar as consequências, ficou claro no momento em que cruzou os braços, respirou fundo e saiu batendo o pé. Só podia ser louca.
— Essa garota não aprende, 'tá sempre testando. — Negando o modo como a insistência de Isabella começava a se tornar incômoda, desceu um degrau a mais e me olhou. — Do que precisa de mim? Não me chamou apenas pra assistir o esparro daquele inferno, não é?
— Se fosse o único problema, teria deixado você se livrar dela sozinho. — Sendo o simples, disse observando o caminhar de uma garota do outro lado da área. Então voltei a me focar nele quando ela sorriu e desapareceu da minha visão. — AJ deve aparecer por aqui em até uma hora no máximo, mas não quero que a deixe entrar. Faça com que ela vá embora.
— Não 'tô te entendo. Não era um evento aberto ao público da zona sul? — Entendia a sua dúvida, mas isso devia ser simples.
— Aberta ao público, não à ela. — Estava claro, não precisava de mais argumentos contra isso. — Cuide para que ela vá embora, então faça o que bem entender do restante da noite.
— Ela já não gosta muito de mim, Jp. Depois disso, tenho certeza que ela vai me odiar.
— Faz parte do trabalho, Ph. Agora vai fazer o que mandei.
Com a ordem dada, enquanto ele saía para evitar a minha dor de cabeça diante da possibilidade de mais uma discussão, eu voltei para o meu lugar. Fora a April, não tinha mais nada para me preocupar. Ao menos foi isso o que pensei quando me debrucei sobre aquela barra de proteção com uma nova garrafa de cerveja em mãos. Não estava afim de nada mais pesado, pelo menos não até o momento em que vi ela passando pela entrada como se estivesse tentando despistar alguém. O que eu havia dito pra aquele i****a?
Perto de um colapso mental, busquei por novos ares para os pulmões, e tirei autocontrole da p**a que pariu para não arremessar aquela garrafa na primeira pessoa que me perguntasse algo. Era mesmo tão difícil entender que esse lugar não é pra todos? Ela não devia ter vindo aqui, disse isso da última vez, e como sempre não adiantou em merda nenhuma. Era hora de tentar mais uma vez, e arrastar ela até mesmo pelos cabelos caso volte a não servir pra nada.
Descendo as escadas, fiz o impossível para não perder ela de vista. Estava seguindo para o bar em busca do que beber, e se juntando a mim quando desci o último degrau, Ph também a observou.
— O que eu te pedi pra fazer?
— Não me olha assim, estava perto de a convencer a ir embora de forma civilizada quando uma garota da zona sul me distraiu e ela desapareceu. — Ainda não havia ouvido uma desculpa tão i****a assim.
— Foi dar mole pra uma patricinha ao invés de fazer o seu trabalho? Que merda você tem na cabeça, Pedro? — Não me lembrava da última vez em que fiquei tão irritada assim, mas sabia que esse ainda não era o momento.
— Não me chama assim em público, sabe que não gosto.
— f**a-se se gosta ou não. Está me devendo.
— Te devendo é um c*****o. Aquela garota se aproximou de propósito, e não foi porque se interessou por mim. — Suas palavras ganharam a minha atenção. Podia ser uma amiga da AJ, talvez ela tivesse vindo preparada.
— Onde está essa garota?
— Vou ter que procurar, mas ele entrou antes de mim. Tentei checar se a April ainda estava do lado de fora. — Ele não tinha culpa, precisava aceitar isso. Dentro do seu alcance, fez o necessário.
— Olhe de cima. — Indiquei o nosso lugar. — Quando ver ela, mostre para onde devo ir. Vou resolver esse problema com duas conversas.
— Sem problemas, serei rápido.