CAPÍTULO 42 Narrativa de Zulu O hospital tem um silêncio que incomoda. Não é silêncio de paz, é silêncio de espera. Cada bip daquelas máquinas parecia um soco no meu estômago. A Elizabeth dormia, mas não era sono de descanso, era aquele sono pesado de quem tá dopada de remédio. Eu ficava olhando pra ela e pensando que, por muito pouco, eu podia estar sentado ali sem nada. Se ela tivesse ido, eu não ia ter mais motivo pra segurar arma nenhuma. De vez em quando a Duda encostava na janela e ficava olhando pra rua. Ela não falava muito, mas dava pra sentir o peso dela também. Era irmã, era cunhada, era esposa de rei. E mesmo assim, tava ali do nosso lado, cuidando como se fosse mãe. — Zulu — ela disse uma hora, sem virar pra mim. — Você sabe que a Beth vai ter que passar meses deitada. Não

