A VIDA DEU UM GIRO DE 360 GRAUS.

1262 Words
CAPÍTULO 4 Maria Eduarda narrando As coisas estavam estranhas. Meu pai saiu e não voltou, só não entendi o motivo da minha mãe me pedir perdão. Ela não parecia a mesma pessoa. Fiquei ali, ouvindo barulhos e muitas motos passando. Era uma invasão. Subi correndo, entrei no quarto e me enfiei embaixo da cama. Não sei quanto tempo fiquei ali. Acabei dormindo ali mesmo. Quando ia saindo, escutei meu pai e um vapor conversando na sala. Tinha uma mulher junto. Eles riam, falavam palavrões. Vi minha mãe sair do quarto cambaleando, fraca, e chamou meu pai pelo nome, muito brava. Parecia que minha mãe conhecia aquelas pessoas. Saí debaixo da cama. Quando ia abrir a porta, vi minha mãe no alto da escada, na parte de cima, muito tonta. Meu pai não gostou e mandou ela voltar pro quarto. Ela tentou descer, mas parecia zonza. Meu coração apertou de um jeito que não consegui falar nada. Fiquei ali, paralisada, vendo Laura se desequilibrar e rolar escada abaixo igualzinho uma boneca quebrada. Quando ouvi o baque do seu corpo no chão, gelei por dentro e gritei em desespero. Meu pai arregalou os olhos, correu pro pé da escada, abaixou perto da minha mãe, segurou seu pulso e depois botou dois dedos em seu pescoço. Olhou pra mim e disse: — Pega o documento da sua mãe, ela ainda tá respirando! Vamos, sua baleia, corre! Corri no quarto da minha mãe, peguei tudo e saí desesperada. Quando cheguei na sala, os dois amigos do meu pai já tinham ido embora. Peguei as chaves do carro e da casa, tranquei tudo e saímos às pressas dali. Entrando no carro, percebi que estava vestindo uma camisa grande de jogador que minha mãe comprou pra mim no brechó. Ela batia abaixo da minha b***a, que não era nada pequena. Nunca deixei ninguém me ver daquele jeito, mostrando minhas pernas e quase a b***a. Eu estava só de calcinha por baixo da blusa. Chegamos no hospital. Meu pai desceu do carro gritando por ajuda. Eu olhava pra minha mãe, ali com os olhos abertos me encarando. Ela piscou e falou: — Aqui estão as chaves do cofre. No chão do meu quarto, embaixo da cama, tem uma tábua solta. Puxa ela e abre pega o cofre esconde é seu. Não fica perto do seu pai, fica atenta a tudo. Minha mãe soltou minha mão, virando a cabeça pro lado, e começou a sair sangue de sua boca. A maca demorava a chegar. Tinha um alvoroço na recepção do hospital. Entrei com minha mãe no colo, hospital adentro, gritando: — Minha mãe tá morrendo! Ajuda aqui! Quando olhei, meu pai implorava pra alguém ir no carro pegar minha mãe. Gritei de novo: — Por favor, socorro, minha mãe tá morrendo! Uma enfermeira me olhou, com minha mãe nos braços, e disse com descaso: — Bota ela ali na enfermaria. Ela saiu rebolando, deixando minha mãe ali sem socorro. Gritei revoltada: — Cadê o médico dessa p***a? Ninguém vai fazer nada? Todos sumiram numa sala. Deixei meu pai com minha mãe e fui atrás do médico. Eu já chorava descontroladamente. Quando abri a porta do quarto, não estava preparada pro que vi. Uma médica estava transando com um homem de olhar frio. Ele a pegava de quatro, e ela gemia i**************a no cio. Fiquei parada olhando. Ele me viu, tirou o m****o enorme de dentro dela, suspendeu a cueca e falou: — Pra atrapalhar minha f**a deve ser muito importante mesmo. Eu continuei paralisada, sem conseguir responder. Do nada, meu pai entrou gritando: — Que p***a de demora é essa? Cadê o médico que você veio buscar, sua inútil? Olhei pra ele e não falei nada. Apenas pedi, com educação: — Por favor, você pode ajudar minha mãe? Comecei a chorar. Ele saiu em disparada com meu pai. Senti os olhos daquele homem correndo pelo meu corpo, queimando igual fogo. Ainda com os olhos marejados, me desculpei e saí dali, muito constrangida. Quando pensei que tinha acabado, a enfermeira que mandou eu esperar saiu do banheiro, ajeitando o jaleco, e me olhou com deboche: — Eu mandei você esperar lá, não foi, garota? Respondi na mesma hora: — Eu esperei, só que você não chamou o médico, pelo visto. Aquele homem, com o olhar de gelo, olhou pra enfermeira e perguntou: — Por que você não chamou sua irmã, Bárbara? Bárbara respondeu: — Eu fiz sinal pra ela, mas tu sabe, quando ela tá com você, ela não gosta de ser interrompida. Ouvi uma gritaria. Abri a porta do quarto e vi meu pai sendo arrastado pelos seguranças daquele homem. Corri até ele, apavorada, perguntando: — O que aconteceu, pai? — Sua mãe tá morta, sua inútil! Você foi buscar o médico e demorou. Aquela palavra dele, me culpando, foi demais pra mim. Minha cabeça rodou, minha vista escureceu de um jeito que saí cambaleando pra trás e não vi mais nada. Senti aqueles braços enormes me envolvendo, me segurando. Desmaiei. Acordei com uma mão andando entre minhas pernas. Fui abrindo os olhos devagar e vi meu pai me alisando, mas não era um toque inocente. Vi malícia e maldade naquele gesto. Só senti um solavanco, e meu pai voando longe. Abri os olhos, meio confusa. O homem segurava meu pai pelo pescoço, dizendo: — Seu filho da p**a, você tava na maldade com sua filha, p***a? Tava alisando as pernas da garota, seu pervertido? — Não, chefia, tava com maldade não... é minha filha, que isso... — Eu sei o que vi! Tentei levantar. Vi que minha calcinha estava aparecendo e minhas pernas molhadas. O segurança do homem olhou e falou: — Aí, patrão, vê as calças desse cara aí. Olhamos juntos. No mesmo instante, meu pai estava com as calças abertas e o p*u pra fora. Tampei meu rosto de vergonha. Uma senhora enfermeira veio me abraçar, cobrindo minhas pernas. — Leva pra salinha, vai pro micro-ondas, anda, leva esse pervertido agora! Tentei descer, minha cabeça rodou. A enfermeira me segurou. Eu fui até ele, dei um tapa na cara do Paulo que ficou com a marca da minha mão. Cuspi nele e saí, foi quando ouvi a revelação horrível: — Você era pra ser minha! Sua mãe me prometeu que, quando você fizesse quinze anos, ela deixaria eu fazer um filho em você e ser seu primeiro. Mas ela se arrependeu, por isso fui envenenando ela aos poucos. Agora que ela tá morta, não posso pegar o que é meu. Você vai sofrer, sua inútil. Você está vendida! Ele saiu dali arrastado pelos seguranças do homem. Olhei pra ele, agradeci por ter me ajudado. A senhora me ajudou a preparar o corpo da minha mãe. Dona Sônia me levou em casa, no carro do homem que vi chamarem de “patrão”. Pegamos roupas e o perfume caro que ela gostava. Já era dez da manhã quando esperei a liberação do corpo. Quando foi liberado, o segurança chegou, deu o dinheiro nas mãos da Dona Sônia e foi embora. Ela foi na funerária, mandou levar o corpo pro cemitério. Só estávamos eu e Dona Sônia no enterro. De longe, lá estava aquele homem com olhar sombrio, observando tudo. Saí dali com Dona Sônia. Fomos paradas por um homem enorme, n***o. — Boa tarde. Sou Jacaré do Adeus. Vim falar com seu pai. Onde ele está? — Não sei — respondi. Ele me olhou sério e falou: — Até breve. Seu pai está me devendo, e logo venho buscar minha mercadoria. Fiquei parada, sem responder.
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