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1706 Words
MELANIE BELFORD NARRANDO Meus dias parecem todos iguais, depois que o meu ex, Eric, terminou comigo para ficar com a minha melhor amiga. Eu não deveria ter ignorado os sinais claros de que Eric não prestava, mas não, eu quis viver uma aventura. Ele era o baixista de uma banda até que conhecida pelas noites aqui de Nova Iorque, mas o que mais me incomoda é: Por que carambas eu, Melanie Belford, fui meter o meu nariz e aceitar me relacionar com um cara como ele? Talvez tenham sido os olhos verdes e cabelos loiros brilhantes, ou as tatuagens, ou os músculos. O s*x appeal de ser músico também influenciou muito, mas o senso de humor foi o que me encantou. A real é que Eric é um homem vazio e sem vergonha, apesar de ser muito gostoso. Só que eu sinto falta dele... Em três meses de relacionamento, ele me pediu em casamento. E seis dias atrás, terminou comigo. Isso quebrou meu coração de um jeito que eu nem sei explicar... E o fato de eu ter sido traída pela minha melhor amiga, também, tem me quebrado mais ainda. É difícil demais lidar com uma situação como essa, mas eu preciso continuar em pé, firme, trabalhando, como se nada tivesse acontecido. Afinal, quem iria pagar minhas contas? E olha que são muitas... — Mel, fecha a conta pra mim? — Era um dos meus clientes mais interessantes falando: Brian Collins. Brian tem a personalidade de Eric só que preso no corpo de um mauricinho. Tenho certeza que se ele pudesse, andaria com roupas rasgadas e montado em uma moto por aí. Aliás, já devo ter visto foto dele em motos no jornal. Esse cara cheira escândalo, e é por isso que eu nem dou muita trela, apesar de já ter percebido que ele arrasta uma asinha pra mim. — Claro, só um minuto. — Fui até o caixa e peguei a conta. Entreguei um café para um cliente e depois fui até Brian. — Aqui está. — Então, Melanie, vai se inscrever para ser minha namorada no programa? — Brincou. A novidade do dia é que Brian vai ser o novo CEO do programa de namoro mais assistido de Nova Iorque. Eles só pegam homens milionários, que tenham um cargo de importância em uma empresa e ainda estejam solteiros. Gente, para um homem como Brian estar solteiro até hoje, algum defeito tem, não é mesmo? Olha pra ele... Esses olhos perfeitamente azuis, o cabelo escuro como a noite, a pele mais clara que a própria lua. O cara parece uma pintura, é cheiroso, rico, engraçado... É óbvio que ele tem algum problema! E no caso de Brian, o problema dele é ser um grande babaca, exatamente como Eric. Bom, ao menos as mulheres que ficam com Brian sabem que serão dispensadas na manhã seguinte e não ficam iludidas pensando que irão se casar. Brian vive numa bolha de luxo onde ele consegue tudo que quer. Tenho um prazer sádico em rejeitar as investidas dele, afinal, acho que eu sou a única mulher da cidade que ele não consegue dobrar com esse charme canalha dele. Isso porque, bom, eu tive um “noivo” chamado Eric. Acho que depois dele, fiquei vacinada contra canalhas. — Vai sonhando, bonitão. — Falei, rindo. Ele riu de volta e de lado, depois, passou a mão no cabelo preto perfeito. — Se eu pudesse escolher você como uma das quinze ou das dez, não lembro quantas são, certamente escolheria. — Girei meus olhos enquanto dava risada. — Você não perde a oportunidade de dar em cima de mim. Essas atitudes claramente me lembram meu ex. Só de pensar em tudo que ele me fez, eu fico com raiva dele, de mim, da minha ex-melhor amiga e desses malditos três meses que passei com ele. Também sinto raiva do dia que saí de casa e decidi por os pés naquele maldito bar... Eu era uma moça decente, virgem, meu pai gostava de se gabar dizendo que eu era uma moça “pra casar”. Tudo bem que a palavra do meu pai bêbado não tem muito valor perante a sociedade, mas esse tipo de elogio me agradava e tinha valor pra mim. Eric conseguiu roubar isso de mim, e eu nem lembro como foi minha primeira vez, sendo que eu havia esperado tanto por esse momento... Só me lembro que doeu e eu sangrei bastante. — Eu não perco a oportunidade mesmo. Vai que um dia você cai no meu papo? — Ele me entregou uma nota de cinquenta dólares. Eu fiquei incomodada com meus próprios pensamentos, então, meu sorriso acabou sumindo. — Pegue o troco para você. — Ah, você já está querendo comprar minha candidatura? — Brinquei, tentando manter a simpatia típica. Ele piscou um dos olhos e saiu da cafeteria. Queria que o amor fosse simples como parece nesse programa de TV. Você vai, passa trinta dias com um bonitão e sai de lá noiva. Ou, é eliminada e leva um pé na b***a publicamente e em rede nacional. Quase na hora da minha saída, Eric entrou de mãos dadas com Kate. Ele veio com certeza para me provocar e eu estava caindo como um patinho nas provocações. Deus, eu não devia me importar com esse canalha! Ele me fez tão m*l! Os dois se sentaram em uma mesa e Eric me olhava, com aquela carinha de cachorro pidão. Meus sentimentos bagunçados, um misto de amor e ódio, tomaram conta de mim. Mas mesmo tão irritada por dentro, eu precisava respirar fundo e atender os clientes como se nada estivesse acontecendo. E agora, esses dois energúmenos eram meus clientes. — Posso ajudar? — Cheguei para atendê-los, fingindo simpatia. — Ah, oi. — Kate disse. — Traz dois cafezes para nós. “Cafezes”. Meu Deus. A Kate sempre foi uma garota burra, mas a palavra “cafezes” passou de todos os níveis de burrice já vistos. — Dois cafés. Com açúcar ou sem? — Eu a corrigi, enquanto anotava em um papel o pedido. A vontade que me deu foi de enviar cafés cheios de cocô de cavalo pra mesa dela. — Você sabe que não tomo açúcar, Melanie. E também sabe que meu tchutchuco não suporta café sem açúcar. Portanto... Um café com açúcar pro meu lindo, e outro sem, pra mim. Você já devia saber disso, sua garçonete incompetente de merda. — Ergui meus olhos, indignada com o xingamento. — Você acha que sou obrigada a decorar a droga do pedido de toda menininha mimada que passa aqui na cafeteria, bonitinha? — Por Deus, por que respondi desse jeito? Maldita hora que levantei da cama hoje. A Kate é uma barraqueira... Isso não vai terminar bem! Jesus, me proteja! Kate se levantou da mesa e começou a gritar comigo. — Você acha que está falando com a vagabunda da sua mãe, pra me atacar desse jeito? m*l comida! — Gritou. — Você também deve estar bem m*l comida, porque está ficando com o inútil do meu ex! Sua cretina! — Retruquei. E então, o caos se instaurou. Ela me atacou fisicamente e eu me defendi. Nós rolamos no chão feito duas adolescentes, por mais que eu já tenha vinte e dois anos. Eu estava naquele chão, brigando por um homem que eu nem quero mais, e correndo o risco de perder a única coisa que me faz não ser uma completa derrotada: Meu emprego. Eu não sei quanto tempo nos batemos, mas eu sei que deixei a Kate com dois olhos roxos e tufos de cabelo bem arrancados. Ela não conseguiu fazer nada além de me deixar um arranhão perto do lábio superior. — O que está acontecendo aqui? — Era meu chefe. Ele gritou e Kate imediatamente me largou. Eu tremia por dentro. Sabia que o pior estava prestes a acontecer, afinal, como eu me explicaria em uma situação como essa? Eu literalmente ataquei uma cliente... Nós duas nos levantamos do chão, Eric ainda estava com aquela cara de bocó e eu queria morrer por ter passado essa vergonha. Quando percebi, o celular dele estava ligado, e ele apontava para nós duas. Ele estava gravando essa palhaçada? Meu Deus... Que vergonha! — Você gravou a surra que eu dei nela? — Kate perguntou para Eric, que riu da cara dela. — Olha, eu acho que quem levou a surra foi você e eu já postei nas redes, as pessoas estão dando apelidos para vocês duas! Vocês vão virar belos memes nas redes sociais! — Ah, que ótimo, agora além de humilhação local, vou sofrer uma humilhação global por causa do meu ex. — Chefe, me perdoa. Ela começou a me provocar e eu perdi a cabeça. — Eu falei, completamente constrangida. Ele negou com a cabeça. — Você sabe o que você acabou de fazer? Você jogou dois anos de bom comportamento no lixo, Melanie. — Ele disse, depois, olhou para Eric e Kate. — Eu quero vocês dois fora da minha cafeteria. Agora! — Gritou. Os dois saíram andando com pressa. — E você, Melanie, recolha suas coisas e vá embora. Eu não posso aceitar esse tipo de comportamento por aqui. Você está demitida! — Chefe, você viu que a culpa não foi minha! Ela me atacou, eu só me defendi! — Eu disse, o segurando pelo braço. — Por favor, eu preciso do emprego! Você sabe da minha situação, sabe do meu pai... — Querida, eu não posso fazer nada! Com esse vídeo de você batendo em um cliente, quem é que vai querer tomar café da manhã aqui? Nossa cafeteria era conhecida pelo bom atendimento! — Ele resmungou. — Agora... Vai ficar conhecida pelo barraco que você armou com aquela garota! Melanie, suma daqui! Eu fui andando até o vestiário, muito triste, mas decidi não protestar mais. Tirei meu avental e joguei ali mesmo, comecei a recolher minhas coisas e me permiti chorar. Minha vida está uma verdadeira merda. As contas estão atrasadas, meu pai só sabe encher a cara depois que minha madrasta morreu, e eu preciso arcar com todas as responsabilidades, tanto as minhas, quanto as dele. Ele nem pode saber que fui demitida, ou vai surtar!
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