CAPÍTULO 1 (DERECK FOSTER)
Meu humor estava péssimo. Após duas reuniões frustrantes, encarei mais uma que parecia seguir pelo mesmo caminho. Ser CEO de uma das maiores empresas do país era desgastante, mas eu me recusava a ceder. Desde jovem, meu pai sempre dizia: “Ser bom não basta, Dereck. Você precisa ser excepcional.”
E ser excepcional exigia sacrifícios.
— Entendo seu interesse em se tornar sócio, Dereck — disse Douglas, com um tom carregado de formalidade.
— Não é interesse, Douglas. É decisão. — Minha resposta rápida não o agradou.
Ele respirou fundo, visivelmente desconfortável.
— A empresa ainda não está em suas mãos.
— Mas estará em breve. E quando isso acontecer, você vai me agradecer por salvá-la da falência.
Seu rosto ficou vermelho. Douglas odiava admitir a verdade, mas não tinha escolha. Sua empresa estava afundando, e ele sabia que só alguém como eu poderia salvá-la. Mesmo assim, ele insistiu:
— Vamos encerrar por aqui. Ainda há outras propostas a considerar.
Eu ri, balançando a cabeça.
— Perda de tempo. Nós dois sabemos qual será sua escolha. Mas tudo bem. Tenho paciência quando sei o que quero.
Saí do escritório dele com um sorriso satisfeito, embora o peso da rotina ainda estivesse sobre mim.
— Senhora Alinkar — chamei minha secretária assim que passei por sua mesa. — Cancele as reuniões da tarde. Estou sem paciência para ouvir reclamações do meu pai.
— Lamento, senhor Foster, mas ele já está na sua sala há vinte minutos.
Ótimo. Exatamente o que eu precisava.
— Traga um café para ele, por favor.
— Imediatamente, senhor Foster.
Jessi Alinkar era minha secretária há três anos. Competente, reservada, e uma mulher que sabia exatamente como manter distância. Às vezes, parecia que ela vestia roupas discretas de propósito, para passar despercebida. Mas, para mim, ela era impossível de ignorar.
Seus olhos verdes, como duas esmeraldas brilhantes, eram hipnotizantes. Seus cabelos ruivos soltos a faziam parecer quase etérea. Eu já havia tentado me aproximar dela, mas, para minha surpresa, ela me rejeitou.
Nenhuma mulher antes havia me rejeitado. Isso me deixou furioso, mas também intrigado. Decidi, então, manter o profissionalismo. Jessi era uma funcionária excelente e, se não podia tê-la como amante, manteria seu talento ao meu lado.
No elevador, subimos em silêncio. Jessi era boa em evitar contato visual, mas eu a observava pelo canto do olho. Ela não fazia ideia do impacto que tinha.
Quando entrei em minha sala, encontrei meu pai relaxado em uma poltrona, como se fosse o dono do lugar.
— Deve ser urgente para você ter esperado vinte minutos — comentei, fechando a porta.
— Sabendo como você é, eu correria o risco de ser barrado se chegasse no horário. — Ele riu.
— O que quer, pai? Não tenho tempo para joguinhos.
Ele me observou por um instante, como se avaliasse minhas reações, e então perguntou:
— Sabe que dia é hoje?
— Claro. O que isso tem a ver com nossa conversa?
Ele se inclinou para frente, com um sorriso que me irritava profundamente.
— Hoje completam três anos desde que você assumiu como CEO. E, como previsto no contrato, você tem seis meses para cumprir a cláusula de casamento. Caso contrário, perderá o cargo para o seu irmão.
Senti meu sangue gelar.
— Isso é sério, pai? Achei que fosse só uma regra para evitar escândalos.
— É mais do que isso. Foi uma exigência do conselho. E, como esperado, eles estão preocupados que você não consiga cumprir a cláusula no prazo.
Passei as mãos pelos cabelos, exasperado.
— Vou falar com o conselho e pedir que anulem isso.
— Não será possível. Seu irmão já os convenceu do contrário.
Ricardo. Só podia ser ele. Meu irmão mais novo era obcecado por me superar. Nossa relação, que antes era boa, foi arruinada quando descobri que ele estava se envolvendo com minha noiva cinco anos atrás. Desde então, ele fazia de tudo para me desestabilizar.
— O Ricardo age como se fosse meu inimigo! — exclamei, irritado.
— Ele é seu irmão, Dereck. Só quer provar que pode ser tão bom quanto você.
— Bom? Ele quer destruir tudo o que eu construí.
Meu pai suspirou e se levantou.
— Pense bem, filho. Preciso de uma resposta até quinta-feira.
Quando ele saiu, fui até o bar no canto da sala e servi uma dose de uísque. Engoli o líquido de uma vez, sentindo a ardência aliviar a tensão.
Casamento em seis meses? Onde eu encontraria uma noiva?
Foi quando Jessi entrou, carregando uma pasta de documentos.
Olhei para ela, e uma ideia louca começou a tomar forma em minha mente