CAPÍTULO 2 (JESSI ALINKAR )

847 Words
Desci para pegar o açúcar para o café do Sr. Élio Foster. Sabia que ele preferia o café forte, mas bem adocicado. Após pegar o açúcar, no caminho de volta para o meu andar, deparei-me com uma multidão prestes a entrar no elevador comum. Quando não estou acompanhada pelo Sr. Foster, prefiro usar o elevador regular, mesmo ele já tendo autorizado que eu usasse o dos sócios. Não me sentia confortável em dividir o mesmo espaço com eles; os olhares de superioridade ou malícia eram sufocantes. Finalmente cheguei ao meu andar. Peguei a bandeja com o café e bati à porta do escritório do Sr. Foster. Ao entrar, percebi que o Sr. Élio já não estava mais lá. Antes que eu pudesse perguntar, o Sr. Foster me encarou de uma forma que me fez gelar. — Senhor Foster, desculpe a demora. O Sr. Élio já foi? Ele sorriu de canto, um gesto que me deixou ainda mais desconfortável. — Senhora Alinkar, por favor, coloque a bandeja na mesa e sente-se um minuto. Franzi a testa, estranhando a solicitação. Ele nunca deixava nada passar, e normalmente já estaria reclamando da demora. Mesmo desconfiada, obedeci. Assim que me sentei, ele cruzou as mãos sobre a mesa e começou a falar: — Senhora Alinkar, preciso da sua ajuda. — Em que posso ajudar, senhor Foster? — Preciso que se case comigo. A incredulidade tomou conta de mim, e não pude evitar soltar uma risada nervosa. — Hahaha! Essa foi boa, senhor Foster. É a primeira vez que o vejo fazer uma piada. — Não é uma piada, senhora Alinkar. Estou falando sério. Minha risada cessou instantaneamente. Ele estava falando sério. Por um momento, fiquei sem reação. O que um homem como Dereck Foster — rico, poderoso, e desejado por tantas mulheres — poderia querer com alguém como eu? O pensamento de que ele estava tentando me humilhar foi o primeiro a surgir, e minha resposta foi seca: — Não. — Por favor, deixe-me explicar a situação primeiro — insistiu ele. Cruzei os braços, ouvindo com atenção enquanto ele explicava sobre o contrato com o conselho e a cláusula de casamento. Quanto mais ele falava, mais absurdo tudo aquilo me parecia. Quando ele terminou, fui direta: — Lamento sua situação, senhor Foster, mas não posso ajudá-lo. Ele respirou fundo, como se tentasse controlar a frustração. — Senhora Alinkar, entendo que isso é inesperado. Mas seria apenas um casamento de fachada, com um contrato. Em troca, pagarei o valor que você quiser. Apenas seis meses, e depois você estará livre. Minha resposta foi firme: — Isso é loucura. Não vou fazer isso. — Por favor, não me responda ainda. Pense até amanhã. Levantei-me, já decidida. — Não há o que pensar. Minha resposta continua sendo não. Peguei a bandeja e caminhei em direção à porta. Antes de sair, ouvi sua voz novamente: — Vou esperar pela sua resposta amanhã. Nem me virei para respondê-lo. — Não vai mudar nada. Saí do escritório atordoada. Faltavam poucos minutos para o fim do expediente, então organizei minhas coisas rapidamente e deixei o prédio. Enquanto caminhava para casa, minha mente estava em caos, revivendo a conversa absurda com o Sr. Foster. Eu precisava contar isso para Valquíria, minha melhor amiga. Ela provavelmente riria da minha história, ou talvez nem acreditasse. Valquíria era mais do que uma amiga. Depois que meus pais morreram, ela se tornou minha única família. Quando minha vida desmoronou, ela foi a única pessoa que me acolheu. Lembrei-me dos dias sombrios após a morte deles. Além de perder meus pais, descobri que eles haviam deixado uma dívida enorme com agiotas. Sem dinheiro ou recursos, fiquei vulnerável. Quando disse que só tinha a casa como garantia, eles a incendiaram enquanto eu dormia. Por sorte, consegui escapar. Desde então, vivi fugindo, trabalhando em dois empregos para pagar os 15 mil dólares que eles exigiam. Cheguei ao ponto de ônibus e desci na parada mais próxima de casa. O vento frio soprava quando comecei a caminhar. Mas antes de chegar ao prédio, um homem surgiu do nada, bloqueando meu caminho. — Alinkar, Alinkar... Achou que podia fugir de mim? Meu coração parou. Reconheceria aquela voz em qualquer lugar. — Como você me encontrou? — Ninguém foge da gente, princesa. Ele segurava uma faca e passou a lâmina perto do meu rosto. Fiquei paralisada. — Você está mais bonita do que nunca — continuou ele, com um sorriso c***l. — Ah, e sua amiguinha Valquíria... Acho que vou visitá-la um dia desses. — Não toque nela! Se fizer algo, eu mato você! Ele riu, debochado. — Calma, ferinha. Só estou avisando. Não brinque comigo. — Estou falando sério. Não machuque ela! — Silêncio! — rosnou ele, encostando a faca no meu pescoço. — Se gritar, eu acabo com você aqui mesmo. Eu tremia, mas o encarei com toda a coragem que consegui reunir. — Vou te dar uma chance. Até sexta-feira, quero o dinheiro. Se não pagar, você e sua amiga vão morrer. Sem dizer mais nada, ele desapareceu na escuridão, me deixando ali, atônita e sozinha.
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