CAPÍTULO 3 (JESSI ALINKAR )

797 Words
Acordei cedo, mas saí de casa ainda mais cedo. Não conseguia olhar para minha amiga Valquíria desde ontem. Quando ela chegou, fingi uma enxaqueca para evitar qualquer conversa. Já estava no ponto de ônibus às seis da manhã. Meu rosto pálido e os olhos profundos revelavam a noite sem sono. Meu humor estava longe de ser dos melhores, e eu sabia que era transparente para qualquer um que me olhasse. Cheguei ao escritório antes de todos. Era a primeira vez que isso acontecia. O silêncio do espaço vazio só ampliava o caos na minha mente. A proposta do Sr. Foster e as ameaças de Gregório estavam me consumindo. Eu sabia que Gregório não estava brincando. Ele era perigoso e capaz de machucar tanto a mim quanto a Valquíria. Por outro lado, aceitar a proposta do meu chefe para me livrar dele parecia insano. Colocá-lo em meus problemas era algo que eu não desejava, mas... eu tinha escolha? Aceitar o contrato por seis meses parecia uma solução prática, mas nada fácil. Não era apenas sobre mim. A família de Foster me conhecia. Seus pais não acreditariam que de repente nos apaixonamos. Pior, seu irmão já havia me assediado antes e, depois de ser colocado em seu lugar, passou a me odiar. Estava tão absorta nos meus pensamentos que não percebi quando o Sr. Foster apareceu ao meu lado. — Senhora Alinkar! Está tudo bem? — Sua voz me fez saltar de susto. — Desculpe, senhor Foster. Eu estava distraída. — Por favor, venha ao meu escritório em cinco minutos. — Sim, senhor Foster. Ele saiu sem dizer mais nada. Fiquei paralisada. Sabia do que ele queria falar, mas não tinha decidido nada. Cinco minutos? O que poderia mudar em tão pouco tempo? "Se você não decidiu desde ontem, o que esses cinco minutos vão resolver?" pensei comigo mesma. Tentei me acalmar. Talvez ele tivesse mudado de ideia, encontrado outra pessoa. Não faria sentido eu me adiantar e pagar o mico de aceitar algo que ele já poderia ter desistido. Quando o tempo acabou, bati à porta dele. — Entre. — Sua voz soou firme, como sempre. Entrei e me sentei à sua frente. — Senhora Alinkar, antes de dar sua resposta, quero apresentar minha proposta com mais detalhes. Apenas assenti. — Sei que parece loucura, mas preciso muito da sua ajuda. Primeiro, porque sei que você não tem interesse na minha fortuna ou em ganhar fama com o nome da minha família. Segundo, porque sei que você não gosta de mim. Ele sorriu de canto e acrescentou: — Isso, é claro, pode mudar. Você nunca sabe quando vai se apaixonar por esse homem irresistível. — Senhor Foster! — protestei, sentindo meu rosto esquentar. — Continuando — ele riu. — Confio em você porque sei que é honesta, trabalhadora, e não se deixaria levar por interesses fúteis. Por isso, acredito que é a pessoa ideal para este contrato. Ele então enumerou as cláusulas: O casamento durará seis meses. Qualquer uma das partes pode solicitar o divórcio antes, caso não queira continuar. Após a assinatura do contrato, você receberá 30 mil dólares em sua conta. Ambos concordam em trocas de beijos ou carícias caso seja necessário para manter as aparências como um casal apaixonado. — O que acha, senhora Alinkar? Quer mudar algo ou adicionar? Respirei fundo antes de responder. — Sim. Trinta mil dólares é muito. Não posso aceitar, senhor Foster. Ele me encarou, surpreso. — Muito? Achei pouco! Coloquei trinta esperando que você pedisse mais. — Quinze mil dólares são suficientes. — Mais alguma alteração? — Sim. Só manteremos contato próximo quando estivermos na presença de outras pessoas. E os beijos só acontecerão em situações extremamente necessárias. Ele se recostou na cadeira, cruzando os braços com um sorriso malicioso. — Tem certeza? Pode mudar de ideia e me beijar quando quiser. Afinal, você será minha esposa. Podemos até... fazer coisas melhores. — Isso nunca vai acontecer, senhor Foster. — Nunca diga nunca ao universo. Ele gosta de surpreender. Revirei os olhos. — Senhor Foster, por que decidiu depositar os 30 mil sem me consultar? E como sabia que eu aceitaria? Ele levou o dedo aos lábios, pedindo silêncio. — Senhora Alinkar, você vai ter que mudar esse hábito de rejeitar tudo. Os 30 mil não são de graça. Vou mudar sua vida, sua rotina, seus planos por seis meses. É justo. Ele então acrescentou: — Ah, e nada de "senhor Foster" na frente da minha família. Apenas na empresa. Hoje almoçaremos juntos para alinhar os detalhes e criar nossa história de amor. Levantei-me, já arrependida de ter aceitado. — Com licença, vou voltar ao trabalho. Ele sorriu enquanto eu saía: — À vontade, minha noiva. — Por favor, senhor Foster, não comece! — respondi sem olhar para trás.
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