Capítulo 02

4037 Words
Dois meses se passaram e a minha vida continuava da mesma maneira. Faculdade, trabalho e estudar. Nada, absolutamente nada aconteceu de diferente nesse tempo, o que me deixou ainda mais depressiva e agoniada, e para piorar tudo, tinha que esconder todos esses sentimentos negativos para não deixar ninguém preocupado. Jiiny, de um dia para o outro, afastou-se de mim e começou a andar com as meninas mais ricas da faculdade. Meninas completamente arrogantes e ignorantes que esnobava todo mundo que ousava conversar com elas. Infelizmente, aparentava que a Jiiny se tornou uma delas, sem contar que ela trocou de lugar, deixando-me sozinha na mesa. Meu pai como de costume vivia no hospital, mas suas idas estavam se tornando cada vez mais constante, até em suas folgas ele passava no hospital rapidamente, o que me deixou ainda mais preocupada com ele. As notícias sobre a empresa de modelo KT cresceram absurdamente, tornando-a a mais importante e famosamente conhecida por todo o mundo, mas o que as pessoas queriam saber era quem é o CEO responsável por esse acontecimento, já que sua verdadeira identidade nunca foi revelada. Em todas as coletivas de empresa, quem aparecia era o seu secretário. Os presentes, como a rosa em frente à minha casa e o buquê entregue pra mim durante a aula na faculdade, tornaram-se cada vez mais constantes, com mensagens totalmente sem lógica e sem a assinatura da pessoa que estava enviando. Cheguei discretamente no Jaesper pra perguntar se ele era o responsável por isso, mas ele negou com todas as forças falando que não iria fazer tal coisa, pois prefere escondido, sem que as pessoas saibam, o que soou completamente irônico, pois ele dava em cima de mim com tudo mundo olhando. Olhei pela a janela do ônibus, piscando várias vezes, saindo dos meus devaneios e percebendo que estava chegando em minha faculdade. Inspirei fundo, pois eu sentia que o dia seria completamente cansativo, quanto fisicamente e mentalmente. O ônibus parou, as portas se abriram e eu sai. Infelizmente meu carro de um dia para o outro estragou e pra piorar eu não soube o motivo e tive que deixar na mecânica pro conserto, podendo pegar só amanhã à tarde, ou seja, teria que ir pro trabalho de ônibus e voltar tarde pra casa também de ônibus. Adentrei a faculdade e fui em direção a minha sala. No caminho encontrei a Jiiny e suas novas amigas, e como o habitual, ela olhou pra mim e me ignorou completamente.  — Amiga da onça... — Resmunguei pra mim mesmo adentrando a minha sala e subindo as escadas em direção a minha mesa. Na porta, Jaesper adentrou a sala sorrindo fazendo com que as meninas ficassem eufóricas. — Eu dancei pole dance na cruz pra merecer isso, só pode! — Murmurei ao ver que ele subia as escadas em minha direção. — O que você quer praga? — Queria saber se tem planos pra hoje anoite. — Ele disse e eu encarei-o com uma expressão de deboche. — Estou planejando dar uma festa, mas ela só vai acontecer se você for! — Então ela não vai acontecer não! — Exclamei e ele fez bico pra mim. — Que coisa... — Segurei a língua pra não xingar. — Pode me dar ao menos seu número? — Indagou e eu arqueei minha sobrancelha. — Por favor! — Vai para o seu campus por favor, Jaesper. Não estou com paciência, então é melhor ir enquanto estou sendo educada. — Sorri forçado e ele desceu as escadas, saindo da sala. Em questão de minutos, o sino soou e a Jiiny entrou na sala ao lado de suas amigas. Diferente dos outros dias que ela se sentou com suas amigas, ela veio em minha direção e se sentou ao meu lado. Essa atitude dela, causou-me uma certa irá, mas mantive a minha pose, mesmo querendo gritar, xingar e mandar ela ir à merda.  O professor adentrou a sala e começou a ministrar a sua aula completamente tediosa, mas que a gente tinha que assistir se quisesse ir para o último ano da faculdade.   Tivemos nossa pausa, os demais alunos saíram foram ao refeitório e eu mantive-me na sala, olhando fixamente pra janela esperando um enorme meteorito cair sobre a superfície da terra e acabar com a vida humana ou quem sabe um milagre em minha vida. — Olha só, nós encontramos novamente... — Uma voz feminina soou na sala, fazendo-me desviar a atenção da janela. Era a mesma mulher que me cumprimentou alguns meses atrás e que eu não me lembrava do nome. — Boa tarde! — Exclamei realizando uma reverência com a cabeça enquanto ela subia a escada em minha direção. — Por que não está comendo como os demais? — Ela indagou e eu inspirei fundo, observando-a sentar ao meu lado. — Não costumo comer no refeitório daqui! — Respondi-a sorrindo de lado e ela analisou todo o meu rosto. — Pode ficar sem comer não. — Ela disse abrindo a bolsa que estava em seu ombro. Mexeu-a e retirou de dentro uma barra de chocolate. — Dizem que chocolate deixa as pessoas mais felizes! — Sorriu, fechou a bolsa e desceu as escadas novamente. — O-Obrigada! — Exclamei um pouco alto assim que ela fez menção a abrir a porta. Ela encarou-me e sorriu largamente. — Gentil, mas não irei comer agora! — Coloquei dentro da minha mochila. Demorou um pouco, mas logo os alunos retornaram para a sala e o professor em seguida completamente preparado para a segunda seção de torturas mentais pra mim e os demais alunos.   Arrumava minhas coisas assim que as malditas aulas terminaram. Minha cabeça latejava de tanto pensar em apenas um dia, eu só queria saber de ir pra casa e descansar tanto mentalmente quanto fisicamente, mas para a minha infelicidade, tinha que ir para o maldito trabalho. — Você viu? — Escutei uma menina indagando para a outra atrás de mim. — Tem um garoto extremamente gostoso lá fora encostado em um Bentley. — Agora estou curiosa! — Jiiny disse levantando-se rapidamente da cadeira. — Vamos. — Falou naturalmente comigo, fazendo-me arquear a sobrancelha enquanto ela saia da sala. — Ela pensa que ainda somos amigas, mas pelo o jeito que sou burra, com certeza cederei... — Murmurei pra mim mesmo, colocando a mochila em minhas costas. — Pessoa mais burra que eu não existe! — Coloquei a mão em minha testa, xingando-me mentalmente. Peguei meu celular afim de conter a minha frustração por ser tão burra assim. Apareci na entrada da faculdade, tão pouco me importando em levantar o olhar e ver quem era o garoto que estava deixando as meninas eufóricas, pois tinha certeza que era uma cópia ignorante do Jaesper — Yejuny... — Jiiny apareceu ao meu lado fazendo-me tirar minha atenção do celular. — V-Você me disse que ele não existia! — Quem não existia? — Indaguei confusa e ela moveu meu rosto em direção a um belo rapaz olhando fixamente para mim com um sorriso encantador e um buquê de rosas em suas mãos. Dei um passo para trás em choque. — T-Thaeler?! O seu sorriso aumentou e ele veio em minha direção fazendo com que eu parasse de respirar por alguns segundos, encantada por sua beleza ser sobrenatural como meus desenhos e em choque por ele estar em minha frente. Cabelos negros, pele pálida, alto e forte, lábios rosados, olhos castanhos e intensos. Ele entregou-me o buquê e eu engoli o seco, piscando várias vezes pra saber se aquilo era uma ilusão ou não. — Eu morri? — Indaguei pra mim mesmo, mas Jiiny intrometida, negou olhando fixamente para ele.  — A faculdade toda morreu por que todo mundo está vendo-o... — Ela disse piscando várias vezes. — Sua tonta! — Quer que eu te prove que não é um sonho? — Ele indagou e eu engoli o seco. — Quem cala consente! — Senti uma de suas mãos em minha cintura puxando-me para mais perto dele. Sua outra mão foi posta em minha nuca e antes que eu tivesse alguma reação, ele selou nossos lábios. Não sabia como agir, se eu retribuiria o beijo ou afastasse ele, mas algo me dizia para não afastar ele e sim se entregar. Fechei meus olhos, retribuindo o beijo. Seus lábios começaram a se mover lentamente contra os meus, causando-me arrepios. Escutei um estralar de dedos e foi como se tudo a minha volta tivesse parado, dando-me a chance de aproveitar aquele momento e finalmente acordar do sonho. Gradativamente o beijo foi ganhando intensidade. Sua mão apertava a minha cintura e a outra que estava em minha nuca, acariciava os meus cabelos lentamente.  Mordi seu lábio inferior subindo minhas mãos para o seu ombro, iniciando outro beijo. Nossas línguas se tocaram e eu prendi a respiração por um instante, arrepiando-me completamente. Ele mordeu meu lábio inferior e eu escutei outro estralar de dedos.  Ainda me mantinha de olhos fechados, aquilo tinha sido muito bom e eu não desejava acordar daquele sonho nunca mais. Senti a sua respiração próximo do meu rosto e seus lábios roçarem os meus, fazendo-me entreabri-los esperando outro beijo, mas ele só depositou um selar molhado neles. — Esperei muito por esse dia. O dia em que eu finalmente poderia te beijar! — Ele sussurrou com sua voz rouca próxima do meu ouvido. Com seu sussurro extremamente arrepiante e gostoso de se ouvir, abri meus olhos tendo a visão dele encarando-me fixamente com um sorriso em seus lábios enquanto a faculdade toda estava vendo aquela cena. — Eu te levo para sua casa, sei que seu carro quebrou! — Ele disse e eu concordei ainda em choque por aquele beijo maravilhoso. Foi muito melhor sentir do que imaginar em meus sonhos. — Me manda os detalhes mais tarde... — Jiiny disse e ele guiou-me até o seu carro. Abriu a porta para mim e eu adentrei, observando-o dar a volta e entrar no banco do motorista. — Preparada? — Indagou e eu concordei colocando o buquê e a minha mochila no bando de trás do carro. Coloquei o cinto de segurança enquanto ele colocava o carro em movimento. — Parece que ainda não acredita! — Como sabe onde eu moro? — Indaguei engolindo o seco olhando para a porta do carro. — Se eu o desenhei sem sua permissão, sinto muito, mas não faz nada comigo! — Não irei te machucar! — Ele disse olhando para mim por um breve instante. — Por que faria isso? Não tenho motivos. — Ela está em choque... — Uma voz feminina soou no banco de trás, assustando-me. Soltei um grito agudo fazendo com que o Thaeler movesse o carro bruscamente.  — Para o carro... — Exclamei e ele parou. Desci do carro com o coração batendo a mil. — Eu disse para não aparecer assim do nada. — Ele disse encarando a mulher que havia aparecido no banco de trás. Nunca tinha visto-a em lugar algum. — Queria fazer uma surpresa! — Ela disse em um tom manhoso cruzando os braços. — Matando-a do coração? — Ele indagou e eu balancei minha cabeça várias vezes. — É um sonho e eu quero acordar agora! — Aproximei-me da avenida e parei no meio dela. Fechei meus olhos e escutei buzinas de um caminhão aproximando-se de mim. Antes que eu sentisse o impacto, duas mãos seguraram a minha cintura fortemente e arrastou-me de onde estava. Nós dois caímos no chão e eu abri meus olhos sentindo uma ardência em meu braço. Havia me arranhado e ainda não tinha acordado. — Ficou maluca? — Thaeler indagou em um tom alto e eu encarei-o fixamente. — Fez isso para acordar do tal sonho? Eu te disse que não é um sonho. Para de se machucar, doí meu coração. — Quer que eu dê um jeito nisso? — A mulher indagou aproximando-se de mim. Neguei rapidamente afastando-me dela. — Quero continuar sentindo a dor para ter certeza de que não é um sonho. — Respondi-a e ela concordou sorrindo de lado. — Vamos conversar em algum local que não seja público? — Ela indagou novamente olhando para mim. Pessoas que estavam andando, pararam para poder ver o que estava acontecendo. Com a ajuda do Thaeler levantei-me do chão, sentindo uma dor um tanto irritante em meu tornozelo. Inspirei fundo, imaginando que havia lesionado, orava que fosse uma leve lesão. — Vamos para a casa dele, vai ser melhor para esclarecer as coisas! — Ela disse e eu franzi meu cenho com o seu comentário olhando em volta e encontrando algumas pessoas nós encarando. Aquele era o meu momento para correr se isso for um sequestro passivo. — Se... Ele é um desenho que ganhou a vida, ou sei lá o que, como conseguiu uma casa? — Indaguei dando um passo para trás, cambaleando, mas não caindo. — Do mesmo jeito que o trouxe a vida... — Ela respondeu-me e eu abri meus lábios para argumentar, mas não saiu nada. — Você vem conosco? — Ela está machucada, é óbvio que vai vim conosco. Tenho que cuidar dos machucados dela. — Ele disse indo em direção a porta do carro, abrindo-a para mim.  — Vou segurar na mão de Deus e ir! — Murmurei para mim mesmo caminhando até o carro. Adentrei-o e observei Taehyung entrar no banco no motorista e a mulher no banco de trás.     Passaram-se longos minutos e a gente ainda não havia chegado em nosso destino. Estava começando a ficar com mais medo do que antes, em minha mente, pensava em abrir a porta e me jogar do carro em movimento, mas Thaeler, provavelmente prevendo o que faria, trancou as portas. Um segurança parou-o na entrada de um condomínio. Olhou fixamente para mim e a mulher que estava no banco de trás, concedendo a nossa entrada. Estava em choque, pelo o fato dele morar em um condomínio fechado. Olhava as casas em volta até que senti o carro parando. A casa em que o carro estacionou em frente era um tanto um tanto chique. Pisquei várias vezes para ver se mudava algo, mas continuou a mesma coisa. Abri a porta do carro e desci olhando em volta atentamente. Era uma rua extremamente quieta e com outras casa chiques, mas nada se comparava a que estava em minha frente. Assim que fui dar um passo em diante, senti um par de mãos fortes em minha cintura e quando me dei conta, estava nos braços fortes de Thaeler. Ele guiou-me em direção a sua casa, abriu a porta com o pé e me colocou sentada no sofá. — Espere aqui... — Ele disse para mim subindo as escadas correndo. Por fora era chique, mas por dentro era mais ainda. — Quem é a senhora realmente? — Indaguei a mulher que me encarava fixamente encostada na parede.  Ela, de repente, transformou-se na senhora que eu havia ajudado na rua e em seguida a mulher que me puxou assunto comigo uma vez e que me deu o chocolate mais cedo. — Que legal! — Tinha acontecido tantas coisas comigo em um curto período de tempo, que nada mais poderia me afetar mais do que eu já estava. Logo Thaeler voltou com uma caixinha de primeiro socorro. Sentou-se ao meu lado e começou a cuidar do machucado do meu braço enquanto eu encarava-o fixamente, admirando a sua beleza que como eu desenhava. Era de outro mundo. — Machucou-se em outro lugar? — Ele indagou encarando-me e eu neguei mentindo sentindo o meu tornozelo latejando. — Tem certeza? — Concordei e ele se levantou com a caixinha em minhas mãos. — Por que trouxe ele a vida? — Indaguei para a mulher que continuava a me olhar. — Vai saber né! — Ela disse e eu franzi meu cenho em sua direção, percebendo que o ele havia voltado com um par de sapatilhas femininas em suas mãos.  — Você é bem r**m para mentir... — Ele disse agachando-se em minha frente retirando os meus saltos altos e encaixando as sapatilhas em meu pé. — Ela me trouxe a vida por que viu que você estava infeliz com sua vida... — Começou a dizer sentando-se ao meu lado. — Você não era feliz e essa infelicidade, tiraria sua vida daqui dois meses! — Espera... Eu me iria me suicidar? — Indaguei e ele concordou segurando minha mão com ternura. — Eu não iria fazer isso, obviamente eu já pensei, mas não iria deixar meu pai sozinho nesse mundo se culpando pela minha morte. — Tem coisas que ninguém é capaz de prever... — A mulher disse e eu engoli o seco. — Vivo nesse mundo a muito, muito tempo e você é a segunda pessoa que encontrei com tamanha humildade mesmo sendo infeliz consigo mesmo, então encontrei seu caderno de desenho e trouxe-o a vida para que possa ser feliz. — Entregou-me o meu caderno. — Cadê os desenhos? — Indaguei assim que comecei a folear as folhas. Todas estavam em branco. — Usei todos os seus desenhos que já fez para trazer ele a vida, além dos que estavam em seu quarto e em sua mesa digitalizadora. — Respondeu-me e eu fechei meu caderno olhando para ela surpresa. Eu quase morri do coração com essa palhaçada. — Optei em não colocar os poderes mágicos e sobrenaturais, deixei apenas o lado CEO bonito e bilionário! — Tem algum ponto negativo nisso tudo? — Indaguei e ela maneou a cabeça não me respondendo. — Tem né? — Concordou. — É simples, só não deixar que ninguém descubra que ele é um desenho que foi trazido a vida. Se alguém descobrir e ter certeza no que está dizendo, a magia irá se desfazer! — Ela disse olhando para mim fixamente. — Alguma dúvida? — Por enquanto não! — Exclamei e ela riu do meu comentário. — Ele pode escolher qualquer garota? — Sim, mas todos os sentimentos que você sentia quando o desenhava, foi transferido para ele, então ele é loucamente apaixonado por você! — Ela disse e eu encarei o Thaeler ao meu lado que concordou feliz. — Não acredito... — Murmurei começando a rir de nervosa, mas meu riso sumiu quando ele se aproximou de mim. — Continuo sem acreditar. — Ele aproximou nossos lábios, mas antes deles se tocarem virei o meu rosto. — Sério que virou o rosto? — Ele resmungou incrédulo com minha atitude. — Que crueldade da sua parte! — Vai ser muito divertido acompanhar vocês! — Ela disse sorrindo olhado fixamente para mim e o Thaeler que resmungava baixa pelo o fato de mim ter virado o rosto. Eu queria o beijo, mas acabei desviando dele. — Eu sinto que você fez isso somente para me fazer feliz, mas com certeza tem algo mais importante no meio. — Encarei-a e ela sorriu largamente dando os ombros como resposta. — Que seja, eu tenho que ir trabalhar. — Não precisa trabalhar mais não! — Ela disse e eu arqueei minha sobrancelha. — Seu possamos dizer, namorado, é bilionário, pode dar tudo para você! — Comecei a rir ironicamente com o comentário dela. — Vou deixar vocês conversarem. — Sumiu da sala, deixando-me sozinha com o ele. Quando meus lábios se abriram para falar algo, meu celular dentro da minha mochila começou a tocar. Peguei-o meio desengonçada vendo que era uma chamada da Jiiny. Atendi meio receosa, mostrando pra mim mesmo o quão eu era burra. — Me conta tudo, ainda está com ele? — A voz dela soou um tanto curiosa na linha. — Ele é mesmo seu desenho? — Encarei-o ao meu lado e me levantei do sofá. — Não. Ele existia e descobriu que eu o desenhava, então começou a me seguir igual ao Christian Gray. — Respondi-a engolindo o seco e torcendo que ela acreditasse. — Você é sortuda demais! — Ela disse soltando uma risada enquanto eu olhava para ele rapidamente. — Acho que depois de hoje você vai ser ainda mais odiada. — Estou ciente das consequências! — Encostei-me na parede e sentei no chão, vendo o Thaeler levantar-se do sofá e ir em direção a um cômodo. — Recebo ódio gratuito. — Continua falando assim que eu uma hora terei dó de você! — Ela disse e eu revirei os olhos. — Vejo você amanhã com o Sr. Gray versão coreana. — Desligou a chamada. Inspirei fundo e bloqueei a tela do celular, encontrando-o vindo em minha direção com um prato e um garfo em suas mãos. Ele sentou-se em minha frente sorrindo largamente e eu encarei o prato, encontrando diversas frutas cortadas. — Você não comeu nada hoje, nem em sua casa e nem na faculdade... — Ele disse espetando o garfo um pedaço de morango trazendo em direção aos meus lábios. — Tem que comer, mesmo que seja um pouco. Por isso que você está quase sumindo. — Não sinto fome. — Exclamei abrindo minha boca e mordendo o morango.  — Mesmo assim tem que comer... — Resmungou e eu fiz careta olhando para o lado. — Ficar sem comer o dia todo pode comprometer a sua vida, e eu não quero perder você por esse motivo. — Aproximou o garfo com um pedaço de maça.  Fiz careta novamente com o seu comentário. Ele parecia meu pai antigamente antes de ficar ocupado com o trabalho. Nunca gostei de ser cobrada assim, mas de alguma maneira, naquele instante, estava feliz, tanto que tive que conter o sorriso.  — Não se preocupe comigo, não tocarei em você sem sua permissão, não te beijarei de surpresa igual hoje, apenas quero ficar ao seu lado e cuidar de você, se você permitir! — Ele murmurou e eu olhei para os lados um tanto surpresa com a sua declaração.  Aproximei nossos rostos subitamente, assustando-o. Depositei um selar demorado em seus lábios, arrancando uma risada anasalada dele. — Você é muito fofa garota. — Ele disse apertando o meu nariz suavemente antes de me dar mais um pedaço de morango em minha boca.     Depois dele me obrigar a comer todas as frutas que estavam no prato, conversou um pouco comigo sobre como ele se sentiu estando vivo, quando me viu ou me tocou. Ouvia atentamente tudo o que ele dizia enquanto sorriu de lado ao ver o que eu sempre sonhei ao meu lado. Ao ver que estava um pouco tarde, sugeriu me levar para a minha casa. Queria ficar mais um pouco com ele, ouvir sua maravilhosa e meio rouca voz, ver o seu sorriso, mas acabei cedendo e aceitando a ideia de voltar para casa. Após longos minutos do carro, ele parou em frente à minha casa. Olhei para a casa encontrando todas as luzes apagas, mostrando que novamente meu pai não estava em casa. Inspirei fundo e retirei o meu cinto de segurança. — Cadê seu celular? Me dá ele... — Thaeler indagou de repente e eu apontei para dentro da mochila em minhas pernas. — Peguei-o dentro da mochila e entreguei para ele. — Esse é o meu número, me ligue quando estiver sozinha, com medo de alguma coisa ou simplesmente querer a minha presença. — Colocou os dedos em formato "V" próximo dos seus olhos, entregando-me meu celular em seguida. Encarei a tela do meu celular e arqueei a sobrancelha. — Thaeler?! CGI combina mais com você! — Exclamei e ele me olhou confuso. — Imagem de computação gráfica, pois você é perfeito demais para existir! — Comecei a rir e desci do carro com vergonha. — Yejuny... — Ele chamou-me assim que eu estava abrindo a porta. — Quero você ao meu lado ou em cima de mim, não importa! — Comecei a rir ainda mais, corando ao entender o sentindo. — Te vejo amanhã, CGI! — Mandei um beijo no ar para ele, vendo-o pegar e colocar dentro de sua blusa.  Adentrei e fechei a porta atrás de mim, logo escutei o seu carro ligando e se afastando da minha casa. Tentei desfazer o sorriso em meus lábios, mas a cada instante ele aumentava. Sentei no sofá com meu celular em minhas mãos. Aparentemente tudo estava entrando em ordem, parecia verdade demais e eu continuava acreditar que era apenas um sonho.  
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