Acordei no dia seguinte sentindo-me completamente animada e feliz como se eu tivesse ganhado na loteria ou algo similar. Nunca acordei horas antes e olhei para o meu guarda roupa procurando roupas, mas por conta da chegada do Thaeler, fiz isso pela a primeira vez em toda minha vida.
Em meu celular logo assim que entrei na internet, como sempre apareceu notícias da empresa KT, mas o que me chamou minha atenção foi a mensagem da minha chefa. Por ter faltado ontem, ela simplesmente me demitiu e colocou outra em meu lugar, dizendo que a minha falta afetou os lucros dela na lanchonete. Nunca tinha faltado e por uma fui demitida.
Sai do meu quarto e minha mochila em cima do sofá, indo para a cozinha com o celular em minhas mãos e para minha surpresa, encontrei meu pai servindo a mesa. Ele me olhou sorrindo, parando o olhar em meus tênis. Não havia torcido o tornozelo, mas ainda estava dolorido.
— Acho que hoje vai chover... — Referiu-se ao meu tênis enquanto eu me sentava na mesa e ele colocava o prato em minha frente. — Machucou quando?
— Ontem. — Respondi-o começando a comer. — Vai ficar em casa ou tem que ir para o hospital mais tarde?
— Vou ficar em casa hoje, se não surgir uma emergência. — Ele disse e eu inspirei fundo. — Como está a faculdade? Fez novos amigos?
Ele nunca soube que quase toda a faculdade me odiava e eu pretendia esconder esse fato dele para sempre, pois tudo que acontece comigo ele se auto culpava e ficava muito triste, e eu, não queria ver ele assim.
— Sim, se brincar em breve você vai ter um genro. — Exclamei e ele começou a engasgar com a comida.
— G-Genro? — Repetiu a última palavra inspirando fundo procurando por ar. — V-Você, namorando?
— É uma possibilidade. — Segurei a risada enquanto ele olhava em volta um tanto em choque.
— Espero que não se realize... — Escutei ele sussurrando fazendo-me rir. — Mudando de assunto antes que eu tenha uma parada cardíaca, peguei seu carro na oficina. — Entregou-me as chaves.
— Obrigada! — Agradeci pegando as chaves e colocando no bolso da minha calça. Pegava pequenas porções da comida e levava aos lábios, não estava conseguindo comer nos últimos dias. Motivo, desconhecido.
Meu celular ao meu lado vibrou. Peguei-o e vi que era uma mensagem do Thaeler, no mesmo instante um sorriso surgiu em meus lábios.
Tyun Thaeler: Quer que eu te busque em sua casa?
Eu: Meu pai pegou meu carro na oficina, então não precisa.
Tyun Thaeler: Vai conseguir dirigir com o tornozelo machucado?
Eu: Nada é impossível para mim!
Bloqueei a tela do celular e ergui meu olhar, encontrando meu pai com a sobrancelha arqueada para mim.
— É o futuro genro meu? — Indagou e eu concordei. — Deixa eu ver uma foto do traste!
— Olha as horas, está na hora de eu ir para a faculdade. — Exclamei rapidamente. — Obrigada pela a comida maravilhosa que fez e se for ficar em casa, não faça nada, apenas descanse muito! — Depositei um selar em sua bochecha e sai correndo da cozinha.
— Qualquer coisa me ligue, Yejuny. — Ele disse da cozinha e eu concordei mesmo sabendo que ele não estaria vendo. Peguei minha mochila e sai de casa.
Desativei o alarme do eu carro, adentro o banco do motorista colocando a mochila no do passageiro. Dei partida no carro e coloquei-o em movimento para minha faculdade.
Em questão de minutos cheguei em minha faculdade. Estacionei o carro na garagem e sai dele com a mochila em minhas mãos, indo em direção a minha sala recebendo olhares das demais pessoas, como sempre acontecia.
— Yejuny! — Uma voz masculina soou próxima de mim, fazendo-me revirar os olhos ao reconhecer. Era o Jaesper. — Eu vi você e aquele menino ontem.
— O que você tem a ver com isso mesmo? — Indaguei olhando para ele por um breve momento. — Nada! — Tentei me afastar dele, mas ele empurrou-me na parede. — Perdeu o juízo?
— Você será minha... — Ele disse e tentei empurrá-lo para longe, mas foi em vão. — Será minha mesmo por uma noite!
— Me larga seu i*****l retardado! — Exclamei tentando novamente empurrá-lo. Inspirei fundo e tentei dar um chute em seu m****o, mas ele desviou.
— Tenho certeza que você não é surdo. — Thaeler apareceu atrás dele, segurando em seu ombro. — Lamento te informar, mas ela já é minha! — Puxou o Jaesper para longe de mim enquanto os alunos olhavam para nós atentamente.
Encarei o Thaeler e para minha surpresa estava com uma expressão um tanto assustadora. Uma expressão que eu nunca imaginaria ver em seu rosto. Jaesper olhou para mim, para o Thaeler, para os alunos, e saiu em passos rápidos.
— Ele te machucou? — Thaeler indagou aproximando-se de mim, hesitando tocar em meu rosto. — Vai para sua sala, depois a gente conversa. — Ele disse e antes que eu comentasse algo, afastou-se de mim indo na mesma direção que o Jaesper foi.
Caminhei até a minha sala, olhei em volta procurando minha melhor amiga, mas ela ainda não tinha chegado. Sentei-me em minha cadeira mordendo meu lábio inferior, imaginando o que o Thaeler foi fazer.
— Não acredito, ela tem o Jaesper aos seus pés e agora tem aquele bonitão. — Escutei uma das meninas atrás de mim falarem. — O que ela faz para eles ficarem babando por ela?
— Quer saber mesmo? — Indaguei virando-me para encara-las. — Não fico me jogando em cima deles igual vocês vivem fazendo. Não podem ver ele que a v****a de vocês fica assanhadas!
— Q-Quem é você para falar isso? — Ela disse e eu sorri de lado, fazendo-a engolir o seco.
— Se não gostou do que eu falei, sendo que é a verdade, controle essa sua enorme língua de cobra antes de mencionar-me novamente. — Exclamei sorrindo de lado e piscando.
O sinal tocou e eu arrumei a minha postura. O professor adentrou a sala começando a ministrar a sua aula e nada do sinal da Jiiny ou do Thaeler, somente resmungos da menina atrás de mim.
Caminhava lentamente em direção ao refeitório após o soar do último sinal, liberando os universitários. Estava procurando o Thaeler já que todas as minhas mensagens não eram visualizadas e a Jiiny que só visualizava e não respondia.
Parei na porta e olhei em volta, encontrando a Jiiny conversando com várias meninas ao seu redor. Por um lado, estava feliz, mas por outro lado sentia-me triste. Feliz, por que ela estava fazendo amizade com outras pessoas e triste por que a gente tinha se afastado de uma maneira enorme.
— Procurando quem? — Uma voz soou próximo do meu ouvido assustando-me. Era o Thaeler.
— Você! — Exclamei sem pensar duas vezes, vendo um sorriso surgi em seus lábios. — Onde foi mais cedo?
— Conversar com aquele seu amigo! — Respondeu-me sorrindo. Olhei em todo o seu rosto procurando marcas de briga, mas não encontrei, felizmente. — Aquela é a sua melhor amiga? — Referiu-se a Jiiny e eu concordei. — Por que não está com ela?
— Você é curioso hein... — Resmunguei mudando de assunto, pois nem eu sabia a resposta para aquilo.
— Quer comer aqui ou em outro local? — Indagou provavelmente ao perceber que eu havia ficado um pouco desconfortável com sua pergunta.
— Nenhuma das opções! — Respondi-o piscando e afastando do refeitório, indo para a saída da faculdade.
— Vamos, eu quero comer em algum lugar. Estou morrendo de fome, tanto que a minha pacinha sumiu! — Ele disse ao meu lado e eu encarei-o segurando o sorriso. — Hum? Vamos?!
— Vamos, só por que eu quero ver você saudável! — Concordei e ele sorriu largamente fazendo gesto que ia me abraçar, mas não concluiu o ato. — Como conseguiu entrar na faculdade? Somente os matriculados que podem!
— Que coisa né. — Ele disse enquanto a gente adentrava a garagem. — Eu agora sou um dos patrocinadores da faculdade, então posso entrar a hora que eu quiser. — Encarei-o surpresa.
— Como? — Murmurei perplexa com o seu comentário. — Thaeler, você está brincando né? — Negou abrindo a porta do carro para mim.
— Eu queria ficar próximo de você, mas sem ter que estudar, pois parece que é chato de tanto você reclamava enquanto me desenhava. — Ele respondeu-me sorrindo largamente. — Surpresa?
— Imagina, nenhum pouco. — Exclamei com um certo deboche. — Tem mais surpresas escondidas?
— Sim, mas por enquanto será segredo. — Ele disse e eu semicerrei os olhos para ele. — Entre, minha princesa!
— Tem uma cafeteria aqui próximo. O bolo de lá é uma delícia. — Sugeri e ele fechou a porta do carro concordando com a minha ideia.
— Eu estava pesquisando ontem... — Começou a dizer enquanto a gente saia do estacionamento. — Dizem que quando um casal se beija, isso é considerado o início de um namoro. — Comecei a tossir ao engasgar com a minha saliva. — Então a gente está namorando?
— O-Onde viu isso? — Indaguei tentando me recompor. — É-É mentira isso... — Neguei, mesmo sendo um pouco de verdade na cultura sul-coreana, às vezes.
— Então por que você engasgou com o nada? — Engoli o seco discretamente com a sua pergunta que eu não tinha resposta.
— É por que a sua afirmação me pegou desprevenida. — Respondi-o tentando parecer naturalmente. — Olha chegamos! — Mudei de assunto novamente, empurrando a porta do estabelecimento.
Aproximamos da recepção e eu olhei os bolos que estavam disponíveis na vitrine enquanto o Thaeler olhava o que tinha para beber.
— Vai querer algum bolo? — Indagou rouco próximo do meu ouvido, arrepiando-me e eu neguei. Minha barriga desde mais cedo não estava muito aceitável pra comida. — Só algo de beber mesmo? — Concordei. — Um Mocha e um Frappé, pra tomar aqui!
— Eu ia pergunta como você sabia que eu gosto do estilo de café Mocha, mas acho que não é necessário. — Exclamei e ele sorriu enquanto a gente se sentava em uma mesa com poltronas em um canto mais escondido das pessoas, mas que dava para ver tudo que estava acontecendo.
— Por que não quis algo de comer? — Indagou e eu dei os ombros como resposta. — Deve que é efeito colateral de você ficar tanto tempo sem comer!
— Bobagem! — Resmunguei e logo em seguida escutei a voz da Jiiny entrando no estabelecimento. Olhei para trás, encontrando-a com a mesmas meninas do refeitório.
Juro que ela olhou fixamente para mim, mas ignorou completamente a minha presença naquele local.
— Ela pode até ser sua melhor amiga desde que eram pequenas, mas não gosto dela. — Thaeler disse e eu encarei-o. — Ela exala uma áurea de pessoa falsa!
— Isso é coisa da sua mente... — Exclamei mordendo meu lábio inferior. — Eu vou enviar uma mensagem e você me conta a reação dela. — Peguei meu celular dentro da minha mochila e digitei uma mensagem para a Jiiny perguntando o que ela tinha para estar me ignorando.
— Ela pegou o celular e olhou pra cá... — Thaeler começou a falar, mas parou na metade. — Ignorou... — Parecia que ele hesitava em falar algo a mais.
— Que estranho. — Murmurei tentando não demonstrar que eu estava um pouco chateada.
— Você não confia nela, né? — Ele disse e eu franzi meu cenho em sua direção. — Não te disse um fato importante sobre tudo isso, se alguém em que você tem uma confiança imensa descobrir, nada se desfaz, continua a mesma coisa, e você não contou pra ela sobre mim!
— Por que eu não sabia dessa parte! — Resmunguei levantando-me da poltrona em sua frente, sentando-me ao seu lado. — E também não tem necessidade de ela saber disso. Ainda bem que você mencionou tal coisa, será que eu desenhar algo aparecerá em você? — Sussurrei.
— Deve que sim! — Ele deu os ombros como resposta enquanto eu pegava animadamente meu caderno de desenho dentro da mochila. — Vai desenhar o que?
Não o respondi, apenas foquei em fazer o esboço dele perfeitamente. Quando terminei o esboço desenhei uma tatuagem de corvo médio em seu peitoral.
Puxei-o para mais perto de mim, desabotoando a sua camisa de botões um pouco até que eu pudesse ver o local, e para minha surpresa tinha aparecido a tatuagem que havia feito no esboço meu.
— Que ousadia... — Ele disse tampando a parte que estava exposta. — Eu sou tímido! — Fez um gesto meio afeminado, fazendo-me rir.
— E se eu apagar... — Murmurei pra mim mesmo, apagando a tatuagem de corvo do esboço e puxando a blusa do Thaeler para que eu vesse. — Que legal, sumiu!
— Eu sou uma piada pra você? — Ele indagou abotoando os botões enquanto eu ria.
— Você é a pessoa que sempre sonhei em ter. — Respondi-o segurando o seu queixo e depositando um selar em seus lábios.
— Se você continuar fazendo isso, vai ser mais difícil eu manter minha promessa. — Ele disse olhando em todo o meu rosto, fixando o olhar em meus lábios, mas logo desviou.
— Não precisa manter ela não. É meio desnecessária. Eu sempre quis que você fosse assim e eu não sei o dia de amanhã, então se algo acontecer comigo, quero partir feliz sabendo que aproveitei o máximo. — Exclamei olhando para o esboço em minha frente.
Senti as mãos do Thaeler em seu rosto, virando-o para ele. Seu rosto aproximou-se do meu fazendo com que meu ar sumisse por um instante e nossos lábios se roçaram.
— Aqui o pedido de vocês! — Uma voz feminina soou próxima de nós, fazendo nós dois se afastar no mesmo instante.
Agradeci com um gesto enquanto ela colocava os cafés na mesa e saia em seguida. Fiquei com vergonha e coloquei a mão em minha testa, tentando esconder meu rosto vermelho arrancando do Thaeler risadas.
— É bom? — Ele indagou referindo-se ao café que estava bebendo. Concordei levando o meu copo até seus lábios, mas ele colocou novamente na mesa. — Quero provar de outra maneira! — Selou nossos lábios em um beijo.
Levei minhas mãos em sua nuca, retribuindo o beijo enquanto nossos lábios se moviam sincronizados e a sua língua brincava com a minha, causando-me arrepios longos e deliciosos. Inclinei minha cabeça mais pro lado e ele intensificou o beijo enquanto eu erguia o caderno tampando nossos rostos. Thaeler separou nossos lábios, mordiscando meu lábio inferior suavemente.
— Muito bom ele mesmo! — Ele disse mordendo o seu lábio inferior fazendo uma expressão um tanto safada.
— O seu também é muito bom. — Entrei na sua onda aproximando nossos rostos e beijando seu lábio suavemente.
Olhei em volta brevemente, encontrando a Jiiny olhando fixamente para nós dois. Sorri fechado e ela desviou o olhar no mesmo instante.
— Yejuny... — Puxou meu rosto em sua direção. — Eu sei que você é uma mulher poderosa, então não deixe que essas meninas decidirem onde é o seu lugar e nem te colocarem para baixo. Pise nelas com seu salto alto agulha e mostre que é superior! — Soltei uma risada e depositei novamente um selar em seus lábios.