04 - Captura da bandeira

1050 Words
OS dias foram se passando num piscar de olhos, logo era sexta-feira, dia de captura da bandeira. O chalé de Ares, obviamente, era o mais preparado. Mirana observava seus companheiros se desdobrando e arrumando aliados, ouvia todas as estratégias de batalha serem anunciadas, era uma loucura sem fim. Se perguntava as vezes se era mesmo necessário um jogo tão perigoso. Mas não podia negar, algo em si despertava um grande êxtase quando ouvia o som das espadas se chocando, dos campistas correndo, do grito de guerra quando venciam... Sim, o chalé de Ares não perdeu uma captura em meses. Tudo graças a ninguém menos que Luana Lewis. Modéstia a parte, a irmã de Mirah era um gênio quando o assunto era batalhas. Sempre líder do time, fazia estratégias insuperáveis, era a melhor espadachim do chalé, assim como a mais fria. Ah sim, ela não tinha pena nenhuma de seus inimigos e tampouco com seus amigos. Mirana largou a espada após uma falha no movimento, calculou errado o giro da mão. Suspirou em frustração, mais um motivo adicionado em sua lista de razões para odiar a captura da bandeira: era péssima com espadas ou adagas. Na realidade, se sentia péssima em qualquer coisa quando o assunto era batalhas. Era por isso que se sentia inútil entre os vários filhos do deus da guerra. — Isso é impossível - murmurou sozinha, sentindo a respiração acelerar — se Lua não estivesse tão ocupada para treinar comigo não estaria tão péssima. Elas sempre treinavam juntas, exceto nos dias do jogo. Enquanto refletia sozinha, Mirana nem sequer notou a presença de Serena no campo de treino da arena. A morena se aproximou com um som baixo, uma risada discreta. — Falando sozinha, Mirana Lewis? - a loira pulou de susto com a voz repentina da outra, se virando. Encarar Serena ainda era algo estranho para Mirah, mesmo que ela não transbordasse qualquer sinal de maldade até aquele momento. Quiron deixou semideuses de sua confiança para observá-la durante os dias e todos concluíram que ela parecia apenas uma inocente semideusa indefinida. Até então o único assunto comentado sobre ela eram suposições de quem poderia ser seu pai ou mãe divino. Mirana mordeu o labio inferior com discrição, tentando se recompor. — Não é costume, garanto - respondeu enquanto analisava ao redor. Estavam sozinhas, como no sonho que teve. Serena esboçou um sorriso ladino. — Entendo. Pelo que tenho observado de você durante esses dias, parece tão cheia de amigos o tempo todo, surpreendente vir aqui e te encontrar sozinha - rebateu a morena, trocando a posição da perna. A loira não pôde evitar rir. — Eu, cheia de amigos? - riu novamente — por favor, só me dão atenção por causa da minha irmã. Ela sim sempre teve destaque em tudo aqui - respondeu ao se recompor. Lightwoody a analisou dos pés a cabeça para tentar ler suas expressões. Não sabia bem o que pensar das garotas Lewis, só sabia que eram populares e peculiares. — Não somos diferentes, suponho - comentou, caminhando para longe após ouvir o sinal do jantar. Mirana nem percebera quanto tempo passou treinando. — O que quer dizer com isso?! - aumentou o tom, confusa, enquanto observava as costas da morena misteriosa se afastando. Serena levantou a cabeça por um curto minuto, sorrindo ladina. Um sorriso atrevido e muito, mas muito, sombrio, causando arrepios na loira. — Descubra você mesma - rebateu e saiu de vez da arena, com uma risada ecoando por todo o local afundando os ouvidos de Mirana. / / / Tudo estava pronto para a corrida. Os semideuses estavam a postos em seus times, de elmos e armaduras, espadas e lanças e quaisquer outra a**a permitida para uso. Quiron se encontrava no centro da roda observando todos. Até que o som da corneta foi ouvida. — Chalés! Lembrem-se das principais regras: não ultrapassar o limite permitido da área, não m***r o adversário e não trapacear. Vence aquele que capturar a bandeira do time adversário primeiro! - após os alertas, deu sinal. Todos começaram a se espalhar pelo acampamento. O jogo havia começado. — Time! Como planejamos: Chalé de Ares direto para o ataque, chalé de Hefesto na defesa, Chalé de Apolo e Hecate na retaguarda, causem distrações - Luana gritou enquanto brandia sua lança, uma poderosa a**a de ferro estigio capaz de cortar até mesmo o mais duro concreto. a**a na qual todos ali temiam — Vamos adicionar mais uma vitória neste inverno. Todos brandiram o grito de guerra e se espalharam, prontos para o ataque. Porém, do outro lado do acampamento, perto da clareira, Mayra Lickson, única filha de Hades presente no Acampamento, liderava o time adversário sob as sombras e o fogo. Seu olhar era de um castanho tao escuro e penetrante que seus companheiros calaram-se. O cabelo igualmente castanho diferenciado por algumas mechas coloridas estava preso para facilitar o acesso ao elmo, a espada elétrica brandida. — Atenção! Não aceito que o chalé de Ares e seus aliados vençam dessa vez! Mudamos nossa estratégia exatamente para prová-los que não são os mais fortes do acampamento! - exclamou com força na voz, nem mesmo parecia uma garota de apenas 15 anos — chalé de Demeter espalhem-se pela floresta e pelos campos de morango; chalé de Atena ao ataque, chale de Zeus, Hermes e Poseidon ajudem no contra ataque! - brandiu junto ao grito de guerra, estendendo sua espada para o campo inimigo. Entre seus companheiros estava Serena, inclusa no chalé de Hermes por ainda ser indeterminada. A morena surpreendentemente sabia o que devia fazer embora nunca tenha estado nesse tipo de atividade. Mayra a acompanhou entre o bosque. — Não acho que essa estratégia seja a mais adequada se quer alcançar a vitória - rebateu para a companheira enquanto seguiam. A filha de Hades encarou a aliada com ofensa. — Você não estava aqui nos outros jogos para ter opinião! - respondeu avarenta — perdemos diversas capturas seguidas, usamos inimagináveis estratégias e nenhuma nos deu vitória! Serena nem mesmo se abalou pela frieza da companheira. — Ainda acho que deveríamos usar outro tipo de distração - insistiu, observando os arredores. Seus instintos diziam que os inimigos estavam a espreita. Mayra ia rebater, mas um barulho na floresta a assombrou. Algo se mexia entre as árvores.
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