Nos dias atuais...
Já de noite, Evelline estava em um parque sozinha, logo depois da audiência, ela olhava um pequeno lago, com peixes passando de lá pra cá.
Até que seu tio, Austin, chega perto dela:
- Meus parabéns, foi um show e tanto que você deu lá em Washington.
- Muito obrigada. - disse ela sem muito ânimo.
- O que há com você? Acabou de provar sua inocência, devia estar feliz.
- Eu... eu só sinto que... tem alguma coisa errada, sabe? Algo que nós ainda não estamos vendo.
- Explique.
- Você com certeza leu o relatório da semana passada, certo?
- É lógico. Se o assunto é sobre um g***o terrorista, isso tem que imediatamente passar pelos meus olhos. Mas onde quer chegar?
- Parece que estamos deixando algumas coisas passarem...
Ele respira fundo e então diz:
- Vou te contar o que 28 anos nas forças especiais me ensinaram: Se algo parece estar errado, é porque estamos vigilantes. E se estamos vigilantes, nada vai nos pegar desprevenidos. Não se preocupe, se alguma coisa não bate, nós vamos perceber e dar um jeito nisso.
- É, mas e se...
- Se...?
- Ah... deixa isso pra lá. Preciso encontrar o Johnny daqui a pouco, convidei ele pra jantar.
- Que romântico. Quando estiver com tempo podemos sentar pra discutir aquelas pautas que você sugeriu, tem pessoas bastante interessadas nas suas idéias.
- Claro, vai ser legal. Até a próxima.
- Até.
Evelline saiu pelo portão do parque, até que um carro super luxuoso parou na frente dela, e abaixou o vidro.
- Uau, mas que cara é essa? Parece que comeu e não gostou. - era Johnny Holder.
- Onde conseguiu esse carro?
- Só conto se me contar o porquê está tão séria, e um jantarzinho também seria bom.
Evelline sorriu, então ela entrou no carro, e eles foram pra casa dela. Chegando lá, Johnny vê a casa enorme com um jardim incrível logo ao lado, parecendo um parque.
- Você tem um belo cafofo. - comentou Johnny.
Eles estavam entrando na casa de Evelline, a sala é enorme e bem espaçosa, com vários quartos e salas com piso de madeira lisa e bem polida, paredes brancas, vários puffs e sofás, com uma TV de plasma enorme e uma parede de tijolinhos cinzas com lareira na base. As paredes que davam pro lado de fora eram vidros finos porém bem temperados. Também tinham várias luzes pelo teto, e a vista da sacada do segundo andar dava para o lado de fora, no horizonte era possível ver toda a cidade de Manhattan.
- Bom, obrigada.
- Escolheu bem a cidade, Manhattan é um lugar muito... legal.
- Pois é, eu quis vir pra cá depois de todo o acontecido com a minha mãe. Precisava mudar um pouco... mudar os ares e tudo mais, não tinha muito mais o que fazer em Downtown depois de tudo isso.
- Você ficou administrando os bens que sua mãe deixou, não é?
- Sim. Ela deixou tudo de herança pra mim, já que o meu irmão não quis. Mas eu não n**o que o salário de Capitã não é nada r**m. - disse ela, tirando a farda e ficando só de camiseta, se deitando em um puff.
Johnny olhou em volta, admirando a casa.
- Então, parando de sonhar, por que não me conta o que tá havendo com você? - disse Johnny se sentando em outro puff, ao lado de Evelline, segurando na mão dela.
- Tenho a sensação de que tem alguma coisa errada. Aquela missão na Barca já foi cumprida e tudo, mas....
- Mas...?
- Eu ainda não tenho certeza se está tudo de fato resolvido, eu sinto que tem alguma coisa e eu estou deixando passar.
- Explica pra mim, Eve.
- Tem uma coisa que aquele cara, o Maximilian... ele me disse uma coisa que me fez pensar muito.
- O que foi?
- A forma como ele falava, com tanta convicção, eu enganei ele e fiz com que contasse todo o plano, mas isso não pareceu abalar ele realmente, muito pelo contrário, só provou que as convicções dele estavam certas de alguma forma.
- Mas o que ele falou, exatamente?
- Disse que nem ele nem seus homens morreriam naquele dia, como se tivessem uma garantia, tipo como se alguma coisa fosse acontecer, ou, estivesse acontecendo.
- Eve, escuta, o que mais você esperava que ele fosse dizer? Ele era um vilão! Um dos malvados! É evidente que ele ia dizer alguma coisa assim.
- Mas não foi só isso, você não achou estranho ele ter entrado no meio da bomba mesmo sabendo que iria explodir?
- Eu não sei. Vai tentar entrar na cabeça desses lunáticos...
- Sei lá... Eu ainda não consigo aceitar que foi só isso. Floyd pelo visto nunca soube o que aconteceu com a equipe de resgate que ele enviou, já que ele quis me acusar da explosão no prédio. Tudo é tão esquisito nessa história, como se tivesse alguém obstruindo informações pra esconder algo.
- Olha, o que você deveria fazer é seguir em frente, sabe? Você tem feito isso bem desde que derrotou os Salvadores, por que não dá a si mesma um descanso? Não precisa viver em conspiração sempre.
Evelline fica com o olhar baixo, muito pensativa.
- Não fique assim, por favor.
Johnny acariciou o cabelo dela e foi aproximando o rosto devagar, e então a beija.
- Ainda bem que você tem eu aqui pra te animar, não é? - disse ele.
Evelline riu, e eles voltaram a se beijar.
- Espera! Espera! - disse Johnny.
- Hã? O que foi?
- Tem uma coisa que eu preciso fazer.
Ele colocou a mão no bolso, tirou uma caixinha preta, e então se ajoelhou.
- Não creio... - disse Evelline, boquiaberta.
- Evelline Armstrong, você aceita se casar comigo?
Evelline fica emocionada.
- Eu aceito! - disse ela na hora.
Então ele pôs a aliança no dedo dela, e eles dois deitaram no sofá aos beijos e amassos, até que Evelline interrompe empurrando Johnny para trás.
- O que foi?
- O jantar!
- O que?
- Foi pra isso que viemos aqui, não foi?
E ela se levanta dali, e vai até o balcão da cozinha, Johnny vai logo atrás.
Um tempo depois, eles estavam na ponta do balcão, os dois jantando com luz baixa e uma música lenta ao fundo.
- Eu sempre gostei do nome Daryl. - disse Johnny.
- Daryl? Você daria ao seu filho o nome de Daryl?
- Eu sempre quis ter um menino com esse nome, já imaginou? Daryl Winter Armstrong!
- Você é um sonhador.
- E o que você escolheria então?
- Pra menino? Não sei direito... mas pra menina com certeza seria... Ava.
- Ava Winter Armstrong? Não é r**m, mas Daryl ainda seria melhor.
Ela ri e dá um gole no vinho.
- Isso aqui tá ótimo, você é muito boa cozinhando.
- Tive muito tempo pra aprender a cozinhar com a minha avó.
- Essa receita é dela?
- Não, é minha mesmo. Mas ela ajudou a aperfeiçoar, fazer uma macarronada com almôndega pode ser mais difícil do que parece. - brincou ela.
Johnny riu, e reparou que Evelline tem uma cicatriz enorme no braço, que ia do ombro até as costas da mão.
- O que foi isso? - perguntou ele apontando pra cicatriz.
- Ah, isso? Eu me machuquei a muito tempo atrás, quando descobri meus poderes.
- Você não tem fator de cura, não é?
- Bom, tenho o suficiente pra não ter sangrado até a morte aquele dia.
- Tsk.
Ele levantou o dedo indicador, e encostou no início da cicatriz, no ombro de Evelline.
- O que está fazendo? - perguntou ela.
E então a ponta do dedo indicador dele virou gelo seco, e ele foi descendo o dedo pelo braço dela, bem em cima da cicatriz.
- Isso arde! - Evelline gemeu de dor.
- Calma... - disse Johnny tranquilamente.
E ele foi descendo o dedo, até chegar nas costas da mão dela, e ele segura a mão dela ao terminar.
- Como está se sentindo? - perguntou ele.
- Uau, isso é...
Evelline olhou pro braço, e viu que a cicatriz havia sumido.
- Como você...?
- Gelo seco a uma certa temperatura pode cicatrizar muito melhor uma ferida dessas, a sensação de ardência vai ficar por um tempo, mas pelo menos você vai poder parar de andar com blusa de manga longa por aí.
- É... Valeu. Isso doía toda vez que ia chover. - ela brincou.
Evelline tentou mexer o braço, e sentiu uma ardência de leve, mas ficou feliz por ter sarado o braço de vez.
- E quanto a você, onde conseguiu esses poderes? - perguntou ela.
- É verdade, eu nunca te contei antes, não é?
- Como poderia? Nosso relacionamento não era um dos melhores antes.
Ele riu, um pouco infeliz, e concordou.
- A história sobre como eu consegui meus poderes é um pouco tensa. Meus pais morreram num acidente de moto, os policiais disseram que alguém fez alterações nas engrenagens da moto deles, e meu pai acabou perdendo o controle por conta de uma falha no motor. Eu fui posto para adoção, foi aí que a Therese Rice me adotou e me levou até os Invernais.
- Você lembra dos seus pais?
- Vagamente. Tudo o que sei é que eu tinha uma saúde mais frágil, herança materna, sabe? Um dia eu fiquei tão doente que a Therese me entregou para os Invernais, que me levaram para um laboratório conhecido na época por fazer experiências em humanos.
- Isso é medonho.
- Eu achava isso também. Mas os Invernais são uma força de elite que cuida dos polos Norte e Sul, independente de qualquer país. Nós somos muito avançados tecnologicamente, e nós também temos um código de honra. Therese fazia parte desse g***o e sabia que eles poderiam me ajudar, então ela deixou eles fazerem isso comigo.
- E quem diria que hoje você é o Holder deles, né?
- É, eu me tornei o Holder.
- Antigamente eu pensava que Holder era seu nome de verdade, era tão esquisito. - disse Evelline, rindo.
- Muita gente pensa isso. - ele riu também.
- E qual foi a consequência disso tudo?
- Meu DNA foi mudado para sempre, modificando até a estrutura molecular, e isso me transformou em uma pessoa com super habilidades. No início isso foi empolgante, eu queria sair por aí fazendo tudo que desse na telha, mas com o tempo, só sair por aí fazendo acrobacias não vai trazer a verdadeira diferença no mundo, foi por isso que entrei pra Blizzard, para ajudar os Invernais a ajudar pessoas ao redor do mundo e combater ameaças como terroristas e acabar com qualquer ameaça contra a paz mundial. Com o tempo e várias missões, me tornei líder do Arco Sul da Blizzard. Foi durante uma missão de apoio próximo ao Senegal, que encontrei Kamau pela primeira vez, ele já era o Guru, ou, o Lobo n***o, líder de Xhará. Ele pulou pra cima de mim em posição de ataque, mas eu consegui cobrir minha garganta com gelo antes da faca dele me degolar. Então nós trabalhamos juntos para resgatar os reféns de um acampamento de agitadores, mas logo em seguida apareceu Caleb voando em sua armadura. Caleb também já era o líder do World System, a maior rede virtual do planeta, ele monitora todo tipo de ações de hackers e detém um dos maiores conhecimentos tecnológicos do século.
- E o que aconteceu depois?
- Nós entramos lá e resolvemos a situação, Kamau recuperou as pessoas sequestradas, Caleb pôde enfim recuperar os dados de informações valiosas, e eu... bom, eu ganhei novos amigos que se tornaram mais chegados que irmãos.
- Vocês realmente caíram de cabeça nessa de ajudar pessoas, hein.
- A vida foi muito generosa em nos dar a oportunidade de fazer uma coisa muito efetiva pro mundo juntos, sabe? Conseguimos ajudar milhares de pessoas com isso.
- Uhum... acho que temos isso em comum, não é? - Evelline sorriu de canto de boca.
- Fico feliz de que nosso relacionamento finalmente esteja andando, mesmo depois de tanto tempo e tantos problemas. - disse Johnny.
- Eu também... - ela disse com carinho.
Então ele deu um gole no vinho, e perguntou:
- Me diga Eve, por que desistiu do Extraordinário?
Evelline franziu a testa.
- Que inusitado. - disse ela.
- Se vamos levar esse relacionamento pra frente, eu quero que sejamos transparentes um com o outro.
- Muito bem, eu vou te contar o que quer saber. A razão de eu não ter ficado com ele, é que eu acho que não gostava realmente dele, pelo menos não tanto quanto eu gosto de você...
- Hm...
- E também... você é igual a mim, Johnny. Tem o DNA diferente, nossos poderes são uma genética, nós somos perfeitamente compatíveis. E eu sei o que quero pra mim e pra minha família, e os Armstrong merecem se reerguer agora que os Salvadores não existem mais, e o mundo vai precisar de heróis que tenham verdadeiramente super poderes no sangue, e com o Extraordinário eu jamais conseguiria isso.
- Então você está comigo porque quer filhos com poderes?
- Não, esse é um dos motivos, mas eu te amo, sempre te amei, e sempre vou te amar, eu quero ficar com você pro resto da vida, ela só seria perfeita com você do meu lado.
Johnny pensa bem, e então ele dá um sorriso bobo.
- Eu também te amo muito, meu amor.
Ela se ajeita na cadeira e se debruça pra perto dele.
- E você?
- Eu, o quê?
- Você disse que temos que ser transparentes um com o outro, você... sei lá, andou saindo com alguém?
- Você é única.
- Até mesmo antigamente?
- Por que? Eu beijo tão bem que parece que eu pratico sempre?
- É que parece tão difícil de acreditar.
- Nunca tive olhos pra mais ninguém além de você.
E eles dois se beijam, e ficam se beijando por um tempo.
Mas então Evelline interrompeu de novo.
- Já está na hora de você ir, não acha? Vai ficar bem tarde.
E eles se beijam mais uma vez.
- Ah, eu pensei que eu pudesse dormir aqui.
- Boa tentativa, mas não.
- Está muito tarde pra eu voltar sozinho, não acha?
- Você sabe se cuidar.
Então ele levanta e vai até a porta, Evelline o acompanha.
- Essa noite tá meio fria, não acha melhor a gente se esquentar? - sugeriu ele.
- Quem sabe depois do casamento?
- Que canseira hein.
- Eu não sou burra. - disse ela, sorrindo.
Então eles deram um beijo de despedida, e Johnny foi embora.
Evelline fechou a porta.
Depois ela colocou seu pijama, uma camisa e um short bem a v*****e, e depois colocou a louça no lugar, e então ela foi deitar pra dormir, apagando as luzes da casa e pegou no sono bem rápido.
Passaram-se algumas horas, a luz da lua refletia dentro da casa, até que uma sombra aparece, e vai caminhando devagar até a porta do quarto de Evelline, e abre a porta devagar sem ela ranger, e depois fecha devagar também.
A luz da lua que vinha da janela do quarto de Evelline e que passava por cima da cama dela mostrou um tipo de laço vermelho pendurado na cintura da pessoa que estava no quarto.
Então essa pessoa misteriosa puxou uma faca, e mirou bem no coração de Evelline, que dormia profundamente.
Um pouco ofegante, a pessoa misteriosa segura a faca com as duas mãos e a levanta, quando ela já estava prestes a matá-la, a Fragmentada desperta, e dispara uma rajada de poder, e isso corta um pedaço do laço vermelho na cintura da pessoa.
A pessoa cai e pelo gemido de susto, a Fragmentada entende que é uma mulher.
A mulher levanta e tenta abrir a porta, porém a Fragmentada também se levanta da cama, e vai flutuando para cima da mulher, e atira uma esfera de energia, e estoura a parede com ela, arremessando a mulher para a sala.
Ela cai, sangrando, e agora a Fragmentada podia ver a aparência da mulher com a luz da lua sobre ela, ela estava vestindo um traje vermelho, com uma máscara que tampava a boca eo nariz, e tinha o cabelo preso num r**o de cavalo com fita também vermelha.
A Fragmentada da um sorriso, e vai flutuando para cima da mulher, e ela tenta fugir se arrastando para trás no chão, e ela se levanta, e tenta atacá-la com uma espada que ela tira das costas, e tenta um ataque direto, porém a Fragmentada quebra a espada com a telecinese.
Se vendo sem opções, a mulher pega o que sobrou da espada, e depois saca a outra, e então as arranha uma na outra, fazendo um ruído metálico muito alto, e a Fragmentada põe as mãos sobre a cabeça, atordoada e gritando.
A mulher aproveita pra quebrar a janela e pular, fugindo dali.
Evelline retoma a consciência, caída no chão e confusa:
- Mas... o que foi isso? - disse ela, ofegante.