Camila narrando
Meu nome é Camila, tenho 21 anos, morena clara, cabelos castanhos que clareei com luzes, longos e levemente ondulados nas pontas. Sou magra, mas tenho pernas grossas, b***a empinada e s***s médios—coloquei silicone faz um tempo. Nunca tive namorado, não porque falta opção, mas porque nunca quis.
Quer dizer… tem o Lucas.
Lucas sempre foi intenso, diferente dos outros caras. Ele é o sub do meu irmão, braço direito do Tucano, e já vi o que ele é capaz de fazer. Mas isso nunca me assustou, pelo contrário, sempre me atraiu. O problema é que ele não sabe o que eu sinto, e se depender de mim, nunca vai saber.
Agora, sentada no sofá, eu só conseguia pensar na merda que o Tucano fez hoje. Ele quase matou minha melhor amiga. Bruna não pisa mais aqui, isso é certeza.
A casa tava silenciosa, só a luz baixa da sala acesa, e eu fiquei ali, passando os dedos no controle da TV sem prestar atenção em nada. Não tava no clima pra sair, então deixei o pagode pra lá. Melhor evitar.
Foi quando ouvi o ronco da moto.
Poucos segundos depois, a porta foi aberta com tudo, batendo na parede com força.
Tucano entrou feito um furacão, o cheiro de cigarro misturado com o perfume amadeirado dele invadindo a sala. Ele jogou a jaqueta no sofá com violência, os olhos escuros faiscando de raiva.
— Que foi agora, p***a? — perguntei, sem paciência.
Ele passou a mão no cabelo, impaciente, e me olhou daquele jeito frio.
— Aquela p***a daquele vagabundo botou a mão nela.
Pisquei devagar, absorvendo as palavras. Bruna.
Puta que pariu… já sabia onde isso ia dar.
— Tu matou alguém, não matou?
Ele soltou um riso curto, sem um pingo de arrependimento.
— E tu acha que eu ia deixar barato?
Suspirei, balançando a cabeça. Claro que não.
Encostei na bancada, cruzando os braços.
— E agora? Bruna deve tá p**a contigo.
Ele tragou o cigarro, soltando a fumaça devagar. O silêncio dele disse tudo.
— Ela ficou assustada. Mas não desviou o olhar.
Eu franzi o cenho, analisando ele. Então era isso?
O homem que nunca se importou com mulher nenhuma tava ali, puto, incomodado, remoendo o que aconteceu.
E eu conhecia muito bem meu irmão.
— Tu tá gostando dela, né? — provoquei, erguendo a sobrancelha.
Ele me lançou um olhar mortal.
— Para de falar merda, Camila.
Dei uma risada curta. Peguei ele.
— Tá sim. E isso vai ser um problema, porque Bruna não quer nada contigo.
Ele não respondeu, só tragou o cigarro outra vez, a expressão indecifrável.
Mas eu sabia a verdade.
Tucano nunca aceitou um “não” antes.
E agora, minha amiga era o novo alvo dele.
Fiquei um tempo trocando ideia com Tucano, mas ele tava irredutível. Não adiantava falar nada, ele fazia o que queria e ponto. Depois de um tempo, subi pro meu quarto, joguei o corpo na cama e peguei o celular.
Liguei pra Bruna.
Ela atendeu rápido, mas pelo tom da voz, tava chorando.
— Bruna? — falei baixo, tentando acalmar. — O que foi, amiga? Fala comigo.
Ela respirou fundo, mas dava pra sentir o desespero dela do outro lado da linha.
— Que sede é essa que seu irmão tem comigo, Camila? — A voz dela tava embargada, meio trêmula. — A gente não tem nada, nunca ficamos, e pra piorar… ele matou um cara na minha frente!
Fechei os olhos, apertando a ponte do nariz. Merda, Tucano…
— Bruna…
— Eu tô apavorada com seu irmão! — ela me cortou, a voz mais alta. — Pelo amor de Deus, manda ele ficar longe de mim! Que obsessão é essa?!
Mordi o lábio, sem saber bem o que dizer. Eu conhecia Tucano. Quando ele cismava com algo, nada fazia ele desistir.
Mas Bruna não era dessas de se submeter.
E agora? Como eu resolvia essa situação?