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3369 Words
- Uhuuu!!! – fui acordada com um grito de alegria, e, logo em seguida, alguém começou a batucar alguma coisa que não fazia ideia do que era, mas que fez um barulho infernal. - Argh! – descobri minha cabeça – Qual o problema de vocês duas? - Esse é o ponto. Não tem problema nenhum – Débora disse. Bruna subiu em cima da sua cama e começou a pular.  - Hoje é o primeiro dia de aula! Resmunguei novamente. - Não acredito que estejam tão felizes assim com o primeiro dia de aula – cobri minha cabeça novamente. - Não acredito que você não esteja – Bruna desceu da cama e puxou a coberta da minha cara – Levata! - É a faculdade. Gatinhos, festas, diversão... – Débora disse – Poderia ser melhor? - Isso aqui não é uma extensão da escola, Débora. É o nosso futuro que... - Bruna começou. - Por favor – eu a interrompi – Não começa com isso. Levantei da cama e fui até o banheiro. Lavei meu rosto e voltei para o quarto para me vestir. As garotas já estavam vestidas e passavam maquiagem. Apenas coloquei uma calça escura e uma blusa branca, que combinava com o tênis. Depois penteei meu cabelo e terminei de me arrumar. - Prontinho – joguei a mochila atrás das costas – Já estou pronta. As duas se viraram para me encarar e me olharam da cabeça aos pés. - Hoje é o primeiro dia – Débora ergueu a sobrancelha – Não pode ir assim. - Não só posso, como eu vou. - Fala sério, pelo menos um batom – Débora estendeu um batom vermelho para mim. - Você sabe que eu odeio batom – revirei os olhos para sua mão estendida. - Mas é a faculdade, e é o primeiro dia – seu tom era sonhador. - E eu não me importo – disse no mesmo tom sonhador que ela. Virei de costas e saí pela porta. Meu humor não estava dos melhores. Primeiro porque fui acordada de uma forma que eu odiava. Segundo porque eu detestava aulas. E primeiros dias. Toda aquela empolgação sem motivo... Saí do prédio arrastando o pé e fui em direção ao refeitório. Achei que ia ser uma boa comer alguma coisa, mas quando abri a porta me arrependi. Tinha um milhão de pessoas no refeitório, e pelo que parecia, todas elas olhavam quando alguém entrava pela porta. Eu pensei em recuar a princípio, mas seria pior, então apenas fui até à fila para pegar meu café. Olhei ao redor, tentando achar alguém conhecido, mas era lógico que não acharia, afinal eu não conhecia ninguém. Tinha acabado de colocar minha comida, já preocupada com a parte da mesa, quando Alex apareceu ao meu lado, com sua bandeja já pronta. - Perdida? – ele perguntou. - Sempre – sorri. - Ainda bem que eu sempre te acho – ele sorriu – Está a fim de procurar uma mesa? - É tudo que eu quero, no momento. A gente saiu à procura da mesa, e depois de uns minutos rodando o refeitório, finalmente achamos uma vazia. - Onde suas amigas estão? – ele perguntou ao nos sentarmos. - Se arrumando para o precioso primeiro dia de aula na faculdade – disse. - Pelo visto você não está tão animada quanto elas. - Você percebeu? – falei com o tom irônico e depois comecei a rir – Desculpa. - Tudo bem – ele disse – Você está decepcionada, eu entendo. - É tão obvio assim? - Talvez sim... Ou talvez eu só sei disso porque você me disse ontem. Eu ri. Ele ficou calado por um segundo, apenas me encarando. Abaixei a cabeça e fingi que estava comendo, mas conseguia sentir seus olhos em mim. Quando passou de constrangimento para um estágio mais elevado, ergui os olhos e tentei puxar assunto. - Então... A faculdade também está sendo decepcionante para você? - Um pouco. Na verdade, não estava nos meus planos. - Então por que está aqui? Ele parou por um segundo, talvez pensando se contava ou não. - Por uma pessoa. - Uma garota? – perguntei, curvando uma sobrancelha. - Bom, até onde eu sei, ela é uma garota – ele riu, e eu acompanhei. O jeito que ele me fazia rir e esquecer de tudo às vezes me assustava. Eu nem o conhecia direito, como ele podia simplesmente mudar meu dia e meu humor com apenas palavras? Nem minhas amigas conseguiam fazer isso. Essa conclusão me deixou com um frio na barriga e um pensamento nada legal sobre o que isso poderia significar. Balancei a cabeça e engoli em seco. - Tudo bem com você? – ele perguntou. - Tudo – eu dei um sorriso forçado e bebi um pouco de suco – Então... Essa garota... Por que você não está com ela agora? – ele me fitou e deu um sorriso do tipo "não é óbvio? ". Eu estava quase tendo um surto psicótico com os pensamentos que passaram pela minha cabeça quando uma bandeja bateu com força ao meu lado na mesa. Olhei para ela e percebi que tinha uma mão conectada a ela, e um braço, e um corpo inteiro e um rosto não muito amigável da versão furiosa da Débora. - Onde você se meteu?! – ela perguntou furiosa. - Débora! – Bruna disse, em tom de repreensão – Dá para chamar menos atenção e ser uma pessoa civilizada? – ela se sentou na cadeira da ponta. - Ok – Débora se sentou ao meu lado, olhou para Alex e deu um sorriso – Bom dia, bonitão. Ele sorriu. - Bom dia. - Tudo bem – ela olhou para mim de novo – Agora você pode me contar porque tanto mau humor? - Não é nada – joguei comida para dentro da boca, para não ter que explicar. - Não é nada? Nada, meu amor, é o que eu ainda não fiz com você. Por que não esperou a gente? - Eu acordei com o pé esquerdo, ok? Normal, você faz isso sempre. Ela ficou em silêncio, me fitando, com aquela cara de que estava contando até dez para não explodir. - Ok, vocês duas... – Bruna falou, se sentando entre nós duas – Não briguem, por favor. Vamos resolver o problema como pessoas adultas. - Não, não. Vamos manter a mentalidade assim – ela sorriu malignamente – Não é assim que você gosta, Ágata? Eu poderia muito bem ter levado essa discussão à frente, mas eu já nos conhecia bem o suficiente para saber como iria acabar. Eu quase nunca brigava com a Débora, mas quando a gente batia de frente era um caos. Porque éramos duas orgulhosas, incapazes de admitir quem estava errada, e quando estávamos com raiva falávamos o que vinha à cabeça, sem medo se íamos magoar uma a outra. Mas no final, não conseguíamos passar mais de um dia sem nos falar. - Eu não vou discutir com você – eu disse e voltei a comer. - Claro que não vai, você... - Ok, Débora! – Bruna a interrompeu – Vamos parar por aqui. Olhei para Alex para ver sua reação, mas ele não pareceu alterado. Estava com os braços cruzados em cima da mesa, apenas observando a cena, sem nenhuma subjeção. Apenas analisando. - Acho que eu perdi a fome – Débora disse e se levantou da mesa. Observei ela sair e ir em direção ao lado de fora do refeitório. Revirei os olhos e passei a mão no rosto. - Precisava disso tudo? – comentei mais para mim mesma. - Não fica assim – Bruna falou – Você conhece muito bem a amiga que tem. Sabe que ela fica com raiva por qualquer coisa. - Eu sei – eu disse. - Não se preocupe, daqui a pouco vocês já estão se falando de novo – Bruna falou – É sempre assim. - Acho que é hora de ir – Alex falou, olhando o relógio na parede do refeitório. Levantei e peguei minha mochila do chão. Bruna me olhou. - Eu vou atrás da Débora, só para ter certeza que ela não está fazendo nada i****a. - Okay – eu disse. Observei ela ir embora e depois olhei para Alex ao meu lado, que ainda parecia o mesmo de sempre. Inabalável. - Desculpa por isso – eu disse. - Não tem que pedir desculpas, eu que era o intruso ali – eu ri. No meio do caminho, descobrimos que estávamos fazendo o mesmo curso, Administração, e que tínhamos exatamente as mesmas aulas. Também descobri que éramos ambos indecisos que não faziam ideia do que queriam ser na vida. E por que estávamos na faculdade? Não fazia a mínima ideia. Bem, pelo menos não da parte dele... A primeira aula era um saco, como se eu já não soubesse que seria. Bruna e Débora não estavam nela, já que uma ia fazer Medicina, e a outra... Bom, a outra também não tinha nada em mente, só tinha ido para zoar e estava cursando Relações Internacionais. Enfim, eu só tinha duas aulas com a Débora, e nenhuma com a Bruna. Na primeira aula que tive com Débora, ela me ignorou totalmente, de modo que fiquei com Alex mais uma vez. Mas na segunda aula ela acabou desistindo e veio até mim. Ela não pediu exatamente desculpas, ela nunca pedia. Mas nos acertamos, era o que importava. No período da tarde, Bruna teve aula. Então eu, Débora e Alex saímos para conhecer um pouco da cidade. Tudo era novo para nós duas, mas ele já parecia conhecer há muito tempo. Era engraçado como toda vez que eu perguntava algo sobre de onde ele era, sobre sua família, ou sobre ele mesmo, recebia apenas respostas curtas e evasivas, como se ele não quisesse contar. Como se tivesse algo a esconder. Voltamos já no final do dia e tivemos que ouvir meia hora de reclamações de como éramos péssimas amigas por não termos esperado o fim de semana para conhecermos a cidade juntas. Bruna só parou de reclamar quando entrou no banheiro para tomar banho. - Aproveita que daqui dez minutos tudo começa de novo – Débora disse. - Aposto que ela é capaz de diminuir o tempo de banho só para continuar reclamando – ri – E olha que ela ama tomar banho. Débora estava jogada na minha cama, e eu estava no parapeito da janela, olhando para fora, para as sombras onde vi aquela pessoa no primeiro dia na faculdade. Não conseguia tirar isso da minha cabeça. - Então... – Débora começou, e, pelo tom que ela usava, já sabia que ia entrar em um assunto delicado – O que rola entre você e o Alex? Desviei o olhar da janela e a encarei. - Como assim o que rola entre você e o Alex? – perguntei. - Fala sério... – ela revirou os olhos – É bem óbvio que tem algo aí. - Talvez amizade – falei, em tom de pergunta. Ela me encarou e inclinou a cabeça para o lado, me analisando daquele jeito que só ela conseguia fazer, como se enxergasse através de mim. - Tem certeza que é só amizade? Porque se for, eu juro que paro de correr atrás dele agora mes... – dei uma risada, interrompendo-a. - Não viaja, Débora – disse – Não tem nada, pode ficar despreocupada. Pensei se isso realmente era verdade, ou se eu só queria que fosse verdade. Aquela hora no refeitório pareceu bem provável que existia algo mais que amizade. Mas provavelmente só era paranóia da minha parte. Eu estava muito paranóica ultimamente, era verdade. ... - Vocês têm que ir – Alex falou. Estávamos no refeitório, tomando café. - Para um jogo de futebol? – Débora ergueu as sobrancelhas – Ver um bando de caras atrás de uma bola? Não, obrigada. - Eu tenho aula na sexta de tarde – Bruna falou enquanto guardava seu caderno dentro da mochila e se levantava – E eu tenho que ir, tenho que terminar um trabalho antes da aula começar. - Daqui quinze minutos? – ergui uma sobrancelha. - Exatamente. - Boa sorte, então. - Valeu – ela saiu com pressa, mordendo uma maçã. - E então... – Alex perguntou – Eu preciso de companhia nesse jogo. - Não rola para mim – Débora disse – Você deveria chamar um de seus amigos. - Mas para isso ele precisaria ter amigos – dei um sorriso brincalhão e em troca ganhei um peteleco no ombro. - Eu tenho vocês. - Nós não somos homens – Débora disse. - Bela observação – eu falei, irônica. - Cala a boca. - Ninguém? – Alex perguntou mais uma vez. - Eu vou – eu disse. - Legal, pelo menos uma. - Alex, você é gay? – Débora perguntou, encarando ele. Isso quase fez com que ele cuspisse todo o suco que tinha tomado. - Débora! - Ele está aqui há uma semana e só conseguiu fazer três amigas. Três mulheres – ela disse – Isso é atípico. Alex riu. - Eu já tenho meus próprios amigos – ele disse – E não, eu não sou gay. - E onde estão seus amigos? - Também não quer a ficha criminal dele? – perguntei. - Eles não estão na faculdade, só isso – Alex respondeu. Graças a Deus deu a hora da gente ir. Cortei a Débora antes que ela fizesse mais perguntas. Então nos levantamos e fomos em direção às salas de aula. Depois das aulas, às 16h30min, Alex bateu na minha porta para irmos ao jogo. No estacionamento da faculdade, paramos em frente a uma moto. Mas não uma moto qualquer, era a moto. Ela era grande e vermelha, uma máquina potente que parecia brilhar. Nunca tinha visto algo assim, mas também não era de se espantar. Não existiam coisas desse tipo na minha cidade. - É sua? – perguntei para ele, meneando a cabeça em direção à moto. - Maneira, não é? - Muito. - Você já dirige? – ele perguntou. - Não tenho dezoito ainda. - Verdade... – ele montou na moto e apontou com a cabeça para trás, me convidando a subir. - Sem capacete? – ergui as sobrancelhas. - Confie em mim – ele deu um largo sorriso – Não vamos precisar. Dei um sorriso e subi na moto, sem nem pensar duas vezes. Isso era um comportamento não proveniente de mim. Em casos normais, eu pensaria um milhão de vezes antes de fazer isso e, no final, iria chegar à conclusão de que não confiava tanto assim na pessoa para fazer uma loucura dessas. Mas com ele era sempre diferente. Ele despertava uma confiança em mim que nunca ninguém foi capaz, e isso me assustava um pouco. Mas eu gostava da sensação. Ele deu partida na moto e, assim que saímos do campus, acelerou. Por um minuto eu fechei os olhos, mas quão mais rápido ia, mais a sensação de estar voando aumentava. Levantei a cabeça e abri os olhos. Estávamos indo a 120 km/h, poderíamos ser parados a qualquer momento, mas eu nem me importava. Não nesse momento, não com ele. Era fantástico, e só o que eu queria fazer era abrir os braços e voar. Porém, isso estava fora de cogitação. A sensação era tão boa que comecei a rir, e ele começou a rir da minha risada. Era simplesmente maravilhoso ver o mundo passar tão rápido por você. Era como se as coisas ruins ficassem para trás, sem poder te alcançar. Não enquanto você estivesse correndo. ... - Deixa eu adivinhar – ele disse assim que estacionou a moto e desceu dela – Nunca tinha andado de moto antes? - Não. Desci da moto também e olhei para o enorme estádio à minha frente. - Você não disse quem vai jogar – falei – Mas seja quem for, aposto vinte pratas no time adversário. Ele sorriu. - Nunca consegui vinte pratas tão fácil. - Não cante vitória tão cedo – falei – Seu time pode perder. - Não vão. Quem vai perder é você. Vinte pratas. ... - Cinco, dez, quinze e vinte – peguei as notas na mão e olhei para a cara desgostosa de Alex – Acho que não foi tão fácil assim, né?! - Não fica se achando, foi só sorte. - Ou o seu time realmente é r**m. - Como eu disse, foi apenas sorte.  - Sabe de uma coisa, acho que você deveria me dar mais vinte reais por essa blusa – estiquei minha blusa, toda manchada de refrigerante e mostarda. - Isso aí não foi culpa minha – ele disse – Não fui eu quem derramou em você. - Mas se não fosse você, eu não teria vindo ao jogo. E se eu não tivesse vindo ao jogo, eu não teria manchado uma das minhas blusas favoritas. - Sabe, até que não ficou r**m – ele inclinou a cabeça – Até que você ficou sexy. - Ohhh...! – abri a boca como que horrorizada, e ele riu da minha cara. Dei um pequeno soco no braço dele e comecei a rir também. - Você bate que nem criança – ele disse. Eu ri. - Da próxima eu vou me esforçar mais, prometo – disse – Agora eu tenho que tirar essa blusa. - Você pode tirar aqui, se quiser. Não tem problema nenhum. Estreitei os olhos e ele começou a rir. - Estou brincando – ele levantou os braços na defensiva. - Sei que está – dei um sorriso. - Até amanhã, então. - Até... – entrei no prédio e comecei a subir as escadas com o sorriso mais largo do mundo no rosto. Quando entrei no quarto sorrindo, as meninas caíram matando em cima de mim. - Como foi?! – Débora perguntou. - Vocês se beijaram?! – Bruna perguntou. - Rolou alguma coisa?! Olhei sem entender nada, até minha ficha cair. - Que história é essa? – fechei a cara para elas – Como assim "rolou alguma coisa"? - Eu quero saber se você e o Alex fizeram mais do que assistir ao jogo – Débora disse. Cruzei os braços. - Por que eu faria algo a mais do que assistir ao jogo? - Porque você gosta dele – Bruna falou em tom de pergunta, como se fosse óbvio. - Eu não... – respirei fundo e fechei os olhos, tentando não perder a calma – Por favor, me digam que isso não foi armação de vocês duas para que nós dois fossemos sozinhos a esse jogo. - Como um encontro? – Bruna falou com uma cara de culpada. - É, Bruna! Como um encontro. - Não exatamente – ela disse e puxou a Débora para sua frente – Fala com ela, é tudo culpa dela. - Hei! – Débora protestou – Sua traidora! - Débora! – chamei, firme, esperando por uma resposta. - Tudo bem! – ela levantou as mãos para o alto, se rendendo – Eu admito. Eu meio que armei esse encontro para vocês. - Meio que armou? - É... Não foi bem uma armação. A Bruna tinha mesmo aula, ela não iria de qualquer jeito. E eu realmente não gosto de futebol. Quer dizer, eu até iria, só para curtir, mas aí eu percebi que era a ocasião perfeita para vocês dois e... - Não existe nós dois – eu a interrompi, falando de um modo ameaçador – Ele é apenas meu amigo. Pelo amor de Deus, de onde vocês tiraram isso? Uma olhou para a outra em um curto período de dois segundos e depois olharam para mim de novo. - Talvez o jeito que você olha para ele – Bruna disse. - Com certeza o jeito que você olha para ele – Débora adicionou. - Argh! – eu resmunguei e peguei minha toalha, indo em direção ao banheiro – Eu vou tomar banho, não sou obrigada a ficar ouvindo as bobagens de vocês. Quando estava fechando a porta do banheiro, Bruna surgiu à minha frente. - Mas vocês se beijaram? Fechei a porta na cara dela como resposta. Perfeito. Agora eu já sabia que não estava só sendo paranoica, e se estava, minhas amigas estavam sendo junto comigo. 
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