Fui pegar o caminho de volta pra casa já bem tarde, estava com a mesma corda que Alex havia me passado. Estava com a calça suja, suado e com menos cabelo. Era uma m***a não saber o que fazer para aquele animal ser dócil.
Cheguei na varanda e tirei o sapato e deixei a corda na mesa. Por um segundo me virei e olhei para o céu escuro e para a fazenda, estava cansado, banho e cama seria bom.
Entrei pra dentro e fui direto para a cozinha. Vi toda mesa posta e minha mãe em uma das pontas com dois cadernos pretos abertos.
– Oi – Passei por ela e fui até a geladeira. – Estou morto de fome – Voltei para a mesa com uma caixa de suco, me sentei e recebi um olhar dela. – O que foi?
– Você está sujo. Caiu do cavalo?
– Não, não caí, na verdade nem subi – Minha mãe olhou pra mim sem acreditar. – Alex não quis me emprestar um dos cavalos, tive que ir atrás do da senhora.
Falei baixo, isso era vergonhoso. Parecia que eu estava humilhado por um cavalo.
– Aquele é um cavalo bravo, tem que adestrar. Raramente ando de cavalo, os homens que cuidam do gado não usam cavalos, a criação é fechada.
– Desde quando Alex começou com isso?
– Aos onze , não lembra? James, seu irmão era ótimo quando subia em um cavalo.
– Era? – Minha mãe olhou pra mim, então balançou a cabeça.
Eu tinha que saber de alguma coisa? Caramba.
– As vezes eu acho que seu irmão tem razão de ter se afastado de você. Sério.
– Qual é? Sou um ótimo irmão, claro que faço algumas brincadeiras, mas é brincadeiras – Falei, mas não adiantou, mamãe levantou e foi até o armário, de onde tirou um copo e se serviu de suco. – Andei pensando, quero voltar a escola mesmo, conversei com Alex e ele topou me dar carona.
Na verdade não conversei, apenas troquei uma ideia. Mas eu falar isso, me fazia subir no conceito da Sra.Sara.
- Isso é ótimo. Amanhã vou providenciar sua matrícula.
Sorri pra falar beleza e que estava tudo certo. Fiquei sentado ali por uns bons minutos, minha mãe havia se sentado novamente. Na verdade eu até queria falar algo pra ela, algo b***a, mas nem isso eu sabia fazer. Estava sem assunto.
Do que aquela mulher gostava? Do que minha mãe gostava agora?
Fazia três anos que não vinha pra cá ou falava direito com ela.
Eu sei, pode falar que eu sou um sem coração e frio do caramba.
– O que são esses cadernos?
– Caderno de registro da fazenda – Ela falou sem olhar pra mim. – Toda sexta atualizo os dois.
– Parece chato.
– Burocracia é chata filho, mas ela não se faz sozinha.
Assim que abri a boca pra falar algo, Alex entrou na cozinha e com um celular na orelha. Parecia calmo, mas atento e ágil. O celular dele pega a tão bem aqui, poderia ser que eu pegasse emprestado.
– Amanhã vou levar você – Ele passou por nós e foi até o balcão, onde ficou de costas pra nós. – Mas acho que podemos considerar o filme... Vou jantar agora, mais a noite te ligo... Também te amo.
Quando ele desligou ele se virou para nós. Eu encarei ele.
– Conseguiu? – Perguntou, em tom de deboche, referindo-se ao cavalo.
– Conversei com minha mamãe, vou voltar a estudar, a carona ainda está de pé? – Meu irmão se aproximou e sentou na cadeira da frente.
– Está, mas tenho que te falar, eu cobro pela gasolina. Você tem dinheiro? – Eu neguei com a cabeça. – Que pena, James.
Olhei para minha mãe que continuava com os cadernos.
– Mãe, pode me dar o dinheiro da gasolina, só pra ir?
– Não, temos regras James, não lembra?
– Mãe?! Educação em primeiro lugar, lembra??
– Eu suprirei e comecei a lembrar que teria que trabalhar pra ganhar um salário. – Se fosse ajudar na fazenda, qual seria o meu salário?
Mamãe fez questão de pegar um papel e anotar um número. Quando vi aquilo quase sai pra recorrer a classe rural.
– Isso é pouco, eu gasto bem mais que isso...
– A única coisa que você sabe fazer é tirar leite. James, tirar leite por esse valor é muita vantagem. Tenho funcionários que trabalham muito mais por esse valor, com trabalhos significativos.
– Quando começo?
– Amanhã às seis, seu irmão vai te explicar como funciona.
– Não tem máquinas que tira leite? Ordenhas?
– Não. – Alex respondeu sério.
– Você vai gostar, isso é quase uma terapia.
– Mamãe, terapia e beber o leite já pronto na caixa.
– Fala logo que não sabe tirar leite cara, não é vergonhoso, claro, a menos que você tenha nascido em uma fazenda.
– Tá cheio de deboche pro meu lado, pare com isso, se não eu vou com deboche pra cima de você.
Ameacei.
– Eu te amasso se você tentar. Não sou mais criança, James.
– Os dois, parem! – Minha mãe falou mais alto.
– Cheguei na maior boa vontade pra pegar um cavalo e ele nem fez questão, me deixou com um que só sabia correr de mim...
– Graças a Deus, você mostrou uma prova clara do arrogante que e quando não quis cumprimentar Sam.
– E por causa da garota? – Perguntei.
– Ela sabe de muito pra nem querer olhar na sua cara James, ela é minha amiga, uma ótima pessoa pra você fazer aquilo. Tem pessoas que não merecem seu descaso.
Eu me levantei e olhei para Alex quase indo pra cima dele. Quase.
– Primeiro, eu vi o olhar que lançaram quando você disse que eu era seu irmão. Segundo, a garota que se exploda. Terceiro, eu queria apenas a m***a de um lazer aqui.
– Amanhã você tenta pegar o cavalo de novo, quem sabe você não o pega.
Eu olhei f**o pra ele, depois minha mãe olhou pra ele e pra mim e balançou a cabeça.
– Não quero ver os dois brigando sempre que se virem, isso é errado!
– Errado é ele querer tudo pronto na hora que ele precisar.
– Está se achando Alex, não está?
- James, eu não me acho ou preciso, eu só faço o que é certo, diferente de um cara aí.
– Olha, o que você pensa de mim ou não é problema seu. Por mim nem queria olhar pra sua cara...
– James.
– Não mãe, deixa eu falar, se você e meu pai não tivessem me colocado aqui, eu não estaria aqui tendo essa conversa, mas estou e vou ficar por mais um ano. Então Alex, por favor, se quiser nem olhar pra minha cara, beleza, não faz diferença. Mas a partir de hoje não misture as coisas, vou fazer a lição de casa, por mais m***a que seja.
Quando terminei me senti quente, senti a pressão subir. Se tivesse algum problema cardíaco acho que já teria morrido. Peguei a caixa de suco na mesa e olhei pra mamãe.
– Desculpe por isso mamãe, não vai voltar a se repetir, prometo, tanto que não me espere para o jantar. Nem hoje, nem amanhã e assim por diante. Prefiro ficar sozinho, sou muito malvado pra comer com pessoas tão boas.
Sai dali o mais rápido que pude, quando fechei a porta do meu quarto tive sinais de paz. Eu era o vilão? Eu?!
Não era justo, só sai da linha algumas vezes! Eu não reconhecia Alex.
Um dia chegamos a ser realmente irmãos?
Fechei os olhos e não quis saber de nada e ninguém.
AVISO - Mais um capítulo fresquinho pra vocês (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham do livro e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo fantástico. Att, Amanda Oliveira, amo-te. Beijinhos. Hehehehe até