04: Uma Noite Caótica

747 Words
Desci do táxi e caminhei até o estacionamento da empresa dele, onde sabia que seu carro estaria. Meu coração batia acelerado, o estômago revirado de raiva, mas eu estava decidida. Era agora ou nunca. Ao chegar ao veículo, um sorriso amargo surgiu em meus lábios. Ele amava aquele carro. Se amostra pra Deus e o mundo com ele. Comecei a lançar os ovos, um por um, contra a lataria do carro, sentindo uma sensação de vingança a cada impacto. Os ovos explodiam no metal, deixando um rastro de sujeira — a marca da minha raiva. A cada ovo que voava, minha voz saía pausada, quase como uma oração: — Você não vai sair impune, Renato. Arremessei mais um ovo, os olhos brilhando de fúria. — Você me enganou, me usou. Ele não gostava tanto daquele maldito carro? Nem deixava entrar molhado? Pois toma! — Que seja bem infeliz com a Débora, seu cretino! Os ovos batiam contra o carro, espalhando a bagunça pela pintura. Não me preocupava mais com as consequências, apenas com o que ele merecia ouvir. Mas a diversão durou pouco. O alarme do carro disparou, chamando a atenção de todos. Meu coração acelerou, mas eu não parei. Precisava terminar o que comecei. E então, lá estava ele. Renato apareceu correndo em minha direção, os olhos arregalados de surpresa e raiva. — Isabella! O que você está fazendo?!— gritou, furioso. Eu ri, mas com uma amargura que transbordava. — Estou fazendo você pagar pelo que fez comigo! Ele tentou se aproximar, mas eu não deixei. — Não chega perto! Joguei mais ovos nele, sem me importar com a sujeira. — Você acha que pode me tratar assim, Renato? Me enganar e sair impune? Eu te vi com ela! Com a Débora, na sua casa! Você mentiu pra mim! Ele ficou parado por um momento, tentando processar minhas palavras, mas logo tentou se justificar. — Não é o que você pensa!— ele disse, com aquele tom ensaiado de quem sempre tenta iludir. — Nada disso?— ri, incrédula, e joguei o último ovo, mirando diretamente nele. — Ah, caramba! — exclamou, frustrado. — Você acha que sou i****a? Vai se f***r, Renato! Você é um mentiroso! Ele começava a ficar nervoso, tentando se aproximar mais uma vez. Mas eu estava pronta. Não ia mais ceder. — Não quero mais saber de você! Não se atreva a se aproximar!— gritei, deixando a raiva tomar conta. Ele estendeu a mão, desesperado. — Isabella, espera! Eu... Eu posso consertar isso. Por favor, me deixa explicar! Eu o ignorei e me virei para sair dali, mas ele me seguiu, não aceitando o fim da nossa história. — Você vai me ouvir, Isabella! Eu preciso que você me perdoe! Parei por um instante e encarei Renato com um sorriso frio. — Se continuar me seguindo, eu vou denunciar você. Não ouse me seguir mais! Ele congelou, o choque estampado no rosto. Não ousou dar mais um passo. Sabia que eu tinha razão. Se insistisse, as coisas ficariam muito feias para ele. Entrei em um táxi, a raiva e a sensação de vitória ainda me consumindo. Olhei pela janela, vendo-o ficar para trás, e percebi que dali para frente tudo mudaria. Peguei o celular e liguei para Carla. Precisava contar a ela o que tinha feito. A adrenalina ainda corria em minhas veias. Ela atendeu rapidamente. — Fala, Bella? Respirei fundo, tentando me acalmar. — Carla... Eu cometi uma loucura. Fiz uma coisa que... nem sei como explicar. Ela ficou em silêncio por um momento, como se tentasse processar minhas palavras. — O que você fez?— sua voz saiu preocupada. — Joguei ovos no carro do Renato. Depois ele tentou me seguir, implorando, e eu disse que, se continuasse, eu o denunciaria. Ela suspirou antes de responder: — Isabella... Você... fez o certo? Balancei a cabeça, mesmo sabendo que ela não podia me ver. — Eu não sei. Mas não aguentei mais. Não consigo olhar para ele como antes. Não quero que ele me encontre. Você pode me deixar dormir aí? Não sei para onde ir. Ela hesitou por um instante antes de responder, com um tom suave: — Claro, amiga. Pode vir. Eu vou te ajudar. Vai ficar tudo bem. Me encostei no banco do táxi, finalmente permitindo-me relaxar um pouco. Tudo estava caótico, mas eu sabia que não estava sozinha. Ao menos Carla estava comigo. E isso, por enquanto, era tudo o que eu precisava. ...
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