SEGREDOS E MENTIRAS

Nathaniel Existe uma coisa sobre a ambição, que é muito interessante. É que ela não pode ser interrompida, medida, ou contida. Há sempre algo para fazer e um poder para perseguir. Não importa qual direção que você tome, sempre terá uma meta para atingir e algo para conquistar. No entanto, a ambição não pode ser cega ou então ela vai se tornar destrutiva. Atualmente estou brincando, bem em cima dessa linha. A necessidade de mais e o medo de menos. É exatamente o que me coloca nessa situação. A ambição é a minha força, e, no entanto, eu ainda não faço idéia de como eu acabei de parado em pé na sua borda, olhando para o escuro, e nebuloso abismo. A sua fumaça e os seus tentáculos giram em torno de mim, esperando para me arrastar para baixo. Esta não é a primeira vez que eu encarava um abismo e ele me encarava de volta. Sempre que estou numa encruzilhada, lembro-me de como eu cheguei até aqui. Eu me lembro da minha "privilegiada" educação e de todos as conquistas que veio com ela. Não dizem, que para ter benefícios vale a pena os sacrifícios? Ainda assim, este não é o momento para ter tais imagens ou pensamentos. Afinal, esta é uma suposta alegre ocasião. Estou chegando na casa do meu amigo para comemorar o aniversário de dezoito anos da sua filha, é a última coisa que eu queria fazer. Eu confesso. Tenho não só inúmeros arquivos de casos na minha mesa, mas eu também tenho uma reunião estrutural de planejamento na empresa. No entanto, se eu dissesse ao meu melhor amigo e parceiro que eu prefiro a empresa do que ir à festa de aniversário da sua pequena princesa, ele teria arrancado as minhas bolas e servido numa travessa. O fato é que a sua empresa não significa nada, comparado ao sagrado dia do aniversário da sua filha. Quinze minutos. Eu digo a mim mesmo, quando saio do meu carro e fecho os botões do meu paletó. Eu vou ficar apenas alguns minutos e, em seguida, inventar uma desculpa para ir embora. O meu parceiro herdou essa mansão do seu pai depois que ele chutou a sua "m*al", madrasta, com um processo que inclui mais um jogo de vaidade do que qualquer coisa. É uma grande propriedade, tem duas piscinas, mas ele gastou uma fortuna para reformá-la e deixa-lá do jeito que ela está agora. A casa é branca, perfeitamente em contraste com cores exóticas de plantas que se estende pelo grande jardim, onde a festa de aniversário está sendo realizada. Há uma longa mesa perto da piscina, que está cercado por inúmeras pessoas. Algumas delas são parceiros e colaboradores da nossa empresa. Eles estão em toda a ocasião, não perdem a oportunidade de puxa o saco. James é um, malandro safado, que muitas vezes sangrou os seus dedos para lutar comigo, quando estávamos no colegial, éramos implacáveis. James era como o Rei das ruas. Foi por isso que apelidei ele de Rei. Ele realmente, era um rei, quando se tratava de uma luta. Eu paro perto da entrada da casa, esperando que as pessoas que estão aglomeradas na entrada entrem. Sim, eu vim para a pó*rra do aniversário, mas isso não significa que eu vou curtir a festa no meio dessa multidão. A felicidade não é a minha cena. Nem aniversários. Candy Kingsley, única filha do meu amigo, está com o sorriso largo, e algumas lágrimas que ela rapidamente elimina com as costas das suas mãos. Ela tem um suave sorriso que nada se parece com o seu pai. Na verdade, ela quase não se assemelha a ele. O seu cabelo é escuro, o dela é castanho escuro com riscos dourados mais leves. Os seus olhos são azul-cinza, o dela tem uma rara cor, onde o interior é verde e o exterior são uma mistura de azul e cinza. Agora que ela cresceu, ela se parece mais como irmã dele, do que filha. James é praticante de atividades, e está muito bem para a sua idade. A música chega ao fim, como se a rainha tivesse entrado, e ambos sopram as dezoito velas entre aplausos e aleatório gritos de "Feliz aniversário" em meio a multidão antes de ele puxar a sua filha para um abraço. Eles ficam assim por um longo momento, então ele dá um passo para trás e beija a sua testa. Se alguém tivesse me dito que o Rei c***l que já foi lutador de rua iria crescer e se tornar um pai mole, eu já teria gritado que era impossível. Mas a prova está bem na minha frente agora. Ele está aos pés da menina, e ele tem consciência disso. Poderia ser porque ele se tornou pai quando estávamos no nosso último ano da escola e era muito ignorante para entender o significado de ter um filho. Ou por que ele a chamava de segunda chance na vida. Eu permaneço perto de uma árvore verificando os meus e-mails, respondendo os que eram urgentes, enquanto eu esperava que toda a cena acabasse. Eu precisava esperar mais dez minutos. Cinco minutos já tinha passado, do prazo que eu tinha imposto. E eu ainda não tinha mostrado o meu rosto. Depois de toda aquela palhaçada de feliz aniversário, o Rei desaparece dentro de casa, provavelmente para buscar mais bebidas, eu faço o meu caminho em direção a ele. Passa despercebido pela maioria das pessoas presentes, que trabalham para mim ou são usadas de alguma forma na empresa. Eles estão preocupados com o bolo, com a aniversariante. E eu estou seguro, por enquanto. Eu acho Rei na sua cozinha, mexendo nas garrafas de cerveja na geladeira. — Estava me perguntando se eu ia precisar mandar matar você. Ele diz sem se virar, reconhecendo apenas os meus passos, ou eu poderia até dizer que a minha respiração. Afinal, demôn*ios reconhecem uns aos outros. Eu me inclino contra o balcão e cruzo as pernas na altura dos tornozelos. — Eu não acho que a sua princesa vai gostar muito se te ver fumando. O rei vira com dois fardos de cerveja. Ele se endireita, em toda a sua altura, mas não importa o quanto ele tente ficar mais alto do que eu, ele sempre vai ser dois centímetros mais baixo. Mais, ele com certeza é mais forte. Além do boxe que eu faço desde os tempos da juventude e algumas caminhadas, eu não sou tão obcecado como ele é por esportes. — Você pode ir. Ele entrega a cerveja para um dos funcionários, e todos eles correm para fora da cozinha com a sua ordem. Depois de fechar a porta da geladeira, ele coloca o cigarro novamente na carteira e coloca no bolso. Ele tinha deixado de fumar há muito tempo, logo depois que Candy nasceu, mas ele nunca perdeu a necessidade de dar um trago as vezes. — Eu pensei que você não fosse vir. — Eu estou aqui, não estou? — Isso me poupou muito tempo. Que com certeza eu perderia chutando a sua bu*nda. — Você sabe que não pode ganhar de mim. Não nesta vida, pelo menos. — A nossa última luta, diz ao contrário. — Na nossa última luta, você me traiu, jogando a toalha na minha frente. — Eu estou acostumado com luta de rua, vale tudo. Não com essa frescura de artes marciais. Eu vou deixar você ganhar esta semana. — Você é um, filha da put*a. Eu não preciso que você me deixe ganhar, quando é sempre você que perde. — Vamos ver sobre isso. Agora, por que você está atrasado? — É só um aniversário, Rei. Eu não vejo qual é o grande negócio aqui. — Aniversário da minha filha. Esse é o grande negócio, Nate. Eu resistir à vontade de dizer para ele, que ainda é apenas um aniversário, mas desisti. Eu não estava querendo ganhar um soco no rosto. O meu rosto é precioso e não pode ser ferido de forma nenhuma. Rei, também tem essa regra. É por isso que o rosto é uma zona vermelha nas nossas lutas. Ele sorri e caminha até o armário. Ele pega uma garrafa de whisky e serve dois copos, em seguida, desliza através do balcão um deles para mim. — Um trinta anos? Eu gire o conteúdo. — É uma ocasião especial! Ele diz com um sorriso. Eu tomo um gole para ocultar qualquer careta que a minha boca estava prestes a fazer. — Por que é o aniversário dela ou porque ela lembra a mãe dela? — Eu quero que a mãe dela se fó*da. Aquela mulher não existe. Ele vira o copo inteiro. — Claro. A julgar pelos milhões de detetives que você já contratou nos últimos dezoito anos. — Não há m*al nenhum em saber do paradeiro dos seus inimigos. — Você quer que eu acredite que você não vai fazer nada uma vez que você encontrá-la? Realmente, é para mim que você está dizendo isso, Rei? O canto dos seus lábios curva num sorriso, quando ele derrama outra dose no copo. — Eu nunca disse isso. — Mantenha a empresa fora dessa bagunça. — A empresa, talvez. Mas você, meu amigo, com certeza vai comigo. Ele passos para meu lado e inclina-se contra o balcão. Bebemos em silêncio, que era o nosso ritual depois que a gente brigava na escola. Naquela época, estávamos cheios de sangue, machucados, e respirando m*al, mas nós nos sentávamos no terraço da escola que dava para a Cidade de Nova Iorque e compartilhávamos uma cerveja. Foi também nessa época, que prometemos conquistar esta cidade. Quase duas décadas depois, temos filiais em todos os Estados dos Estados Unidos, em Londres e na França. E ainda não parece suficiente. Nunca é. — Ela está crescendo tão rápido. Rei suspira, assistindo Candy dançar. — Eu quero que ela volte a ser o meu anjinho. — As crianças não são constantes. — Não precisa me lembrar isso. No outro dia, ela estava falando sobre perder a virgindade com uma amiga. Por que dia*bos ele está falando sobre a virgindade da filha comigo? Ele respira fundo e continua. — Eu deveria ter me preparado, eu sabia que esse dia ia chegar, mas eu ainda tinha pensamentos escuros sobre todas as maneiras que alguém poderia tocar nela. Então eu comecei a considerar seriamente a opção de me tornar um assassino para protegê-la. — Só para deixar claro, não vou ser seu advogado. — Vai se fó*der Nate. — Por abandonar você, quando você fizer algo estúp*ido? — Por ser um invejoso filho da pu*ta porque eu sempre ganho, não só nas lutas, mas eu também tive uma filha antes de você. — Primeiro de tudo, você não ganha todas as lutas e as que você ganhou, você jogou sujo. Em segundo lugar, as notas são subjetivas. Eu ainda ganho mais casos do que você, os meus métodos são inteligentes e eficientes, ao contrário do seu disco rígido, que é implacável e causam mais problemas que o necessário. Quanto a crianças, não, obrigado. Eu praticamente carrego o meu sobrinho nas costas e ele é criança suficiente para toda a minha vida. Eu verifico o meu relógio. Vinte minutos desde que eu cheguei. Cinco minutos a mais do que eu tinha planejado ficar. Eu coloco o meu copo no balcão. — Eu estou indo. — Para onde? — Uma reunião com um cliente. — Num fim de semana? — Não há descanso para os maus. Eu viro e começar a sair, mas a sua voz me para. — Espere. — O que? Eu olho para ele por cima do meu ombro. — Você não vai dar feliz aniversario para a Candy? — Faça isso no meu nome. Eu vou deixar o presente para você entregar para mim. — Por*ra nenhuma. Você vai lá e vai fazer isso sozinho. Eu não quero ver a decepção no carinha do meu anjo quando ela descobrir que o seu tio Nate ignorou ela completamente no seu dia especial. Cinco minutos. Eu não vou ficar mais tempo do que isso. CANDY Eu sou oficialmente uma adulta agora. Ou isso é o que eu gosto de pensar. Meu pai, definitivamente, continua me considerando uma menina que ele precisa proteger em todos os momentos. Eu posso sentir ele me olhando, mesmo quando ele não esta por perto. Especialmente durante os momentos em que eu planejo fazer algo que ele não aprova. Desde que eu apareci na sua porta, com menos de um dia de vida, James Shaw fez da sua missão me proteger, a todo o custo. Não importava que ele tinha dezessete anos, e não fazia a mínima ideia de como se educava uma criança. E muito menos como controlar uma adolescente saf*ada e ativa como eu. Ele participava de lutas de rua, para ganhar dinheiro, e nos sustentar enquanto ele fazia faculdade de direito, ele foi um herói. Vamos apenas dizer que uma criança, não torna a vida de um pai que está na faculdade muito fácil, mas ele nunca me culpou por sua vida difícil. Eu sempre fui uma filha amada, embora solitária, com um cérebro que de repente, ficou em branco, sem motivo aparente. O terapeuta que o meu pai me levou diz que é a depressão. Eu chamo de um cérebro vazio que nenhum terapeuta pode curar, mas não é esse o ponto. O ponto é que eu era muito amada, e fui mimada e estragada. Não estou acostumada a não ter o que eu quero. O meu, avó era dono de um escritório de advocacia, e o meu pai deixou as lutas na rua, para se dedicar a profissão, assim que se formou. Ele é conhecido como Rei. Um verdadeiro campeão. É isso que o meu tio Nate, contava quando eu era pequena. O que acontece, é que agora o meu pai é ainda mais rigoroso. Eu tenho um m*aldito toque de recolher que eu tenho a esperança que acabe hoje. Eu espero que o meu pai me deixe. E eu possa me divertir com os meus amigos. Eu realmente não tenho muitos dos meus amigos aqui, o meu pai sempre lota essas festas de pessoas que ele convida. Quando eu convido os meus colegas, eles ficam super intimidados por todos os figurões empresários e figuras políticas que estão presentes, então eu parei de convidar. Eu não gosto do meu aniversário de qualquer maneira. Isso me lembra o dia, quando o meu cérebro vazio nasceu. De qualquer maneira, eu caminho entre a multidão, forçando um sorriso. Eles não vem naturalmente falar comigo, simplesmente morrem de medo do meu pai. Muitas coisas em que o meu pai é excelente são os meus pontos fracos, tais como atividades físicas, carisma, e um cérebro completo, eu acho. Eu sou boa, porém, em multi tarefa, então eu não tenho problemas em esconder a minha tristeza, enquanto eu sorrio, fingindo que estou feliz. O meu vestido vermelho escuro se agarra na minha pele, com o suor depois de tanto andar por ai e dançar. Eu resisto à tentação de limpar as minhas mãos suadas no vestido. Não só é de um designer famoso, mas eu também escolhi cuidadosamente, para que todos me olhassem como uma mulher adulta. Ele molda as minhas curvas e mostra o contorno da minha cintura, e ele também tem um profundo decote V, acentuando os meus sei*os. Eu acabei sacrificando o meu tênis branco favorito, e trocando por um salto alto que estão atualmente assassinando os meus pobres pés. Mas é tudo para nada, se eu não conseguir encontrá-lo. A minha nuca fica quente, só de pensar nele. O homem que eu comecei a procurar no meio da multidão. Depois do que parece uma eternidade, eu me sento no balanço que papai fez para mim no quintal, perto da piscina quando eu era criança. O meu olhar se perde nas luzes brilhando de água, e eu solto uma longa respiração. A área é iluminada por lanternas e inúmeras tiras de luzes de fadas penduradas entre as árvores, mas ainda é fraca comparada à frente da casa. O meu coração está machucado, como se alguém tivesse pisado em cima, apesar de não ter nenhuma lógica, já que eu não tenho nenhum real motivo para me sentir dessa forma. Mas precisa de motivo? O meu pai diz que todas as coisas são boas, só muda quando olhamos cansados. Ai, é que vemos o imperfeito. Isso não tem lógica, como ele. Por que para mim, tudo parece imperfeito o tempo todo. Eu não deveria estar triste, no meu tão esperado aniversário de dezoito anos, mas aqui estou eu. Balançando para trás e para a frente, na esteira da destruição que está acontecendo no meu peito. Eu tinha grandes planos para hoje. Não, porque eu gosto de aniversários, mas porque este é especial. Este significa que eu não sou mais oficialmente uma criança. Mas meu maior plano foi abortado antes mesmo de ser implementado. Eu peguei o meu telefone do meu sutiã e selecionei o meu álbum de fotos chamado "Recordações". Eu encontro uma foto do meu primeiro aniversário, onde eu estava gritando nos braços do Pai enquanto o Tio Nate estava tentando me agarrar. Nate. Não Tio Nate. Ele é Nate. Eu tenho sempre que me lembrar disso. Eu corro os meus dedos sobre o seu rosto e é como se um choque percorresse todo o meu corpo. Já faz algum tempo desde que eu comecei a sentir essas estranho sempre que eu o vejo, ou penso nele. Ele mesmo começou a aparecer em impertinente sonhos que me fez ficar suada e molhada, e eu tinha que me aliviar no meio da noite. É por isso que ele não pode ser o Tio Nate mais.