Você já se imaginou em uma situação que mais parecia uma cena de filme ou série de TV?
Bem, eu estava em uma bem agora.
Era um verdadeiro absurdo, um pesadelo maluco que acontecia em câmera lenta no qual eu não estava entendendo nada, mesmo que as pessoas envolvidas falassem o meu idioma.
Tudo o que eu podia fazer era encarar o chefe da clínica de fertilização me dizendo, com o rosto em pânico, que eu estava grávida de um estranho.
Isso só pode ser uma brincadeira de m*l gosto. Ou um pesadelo que tenho a todo custo, acordar.
Pior, esse mesmo cara, o qual só encontrei uma vez e já foi desagradável, estava bem do meu lado.
Mentaliza, isso não é verdade. É um sonho. Ou melhor, um pesadelo. Sim, ele era lindo. Sim, ele parecia ter muito dinheiro, afinal, estamos em uma clínica de fertilização chique, porém, nada disso tira dele a arrogância como ele trata os outros, apesar do homem, a nossa frente, merecer tudo isso.
Nesse momento, eu só pensei estar em um sonho maluco, no qual deveria ser um pesadelo, mas que naquele momento até era cômico.
Giovanni Midder era um belo homem, com seus trinta e oito anos, cabelos lisos e loiros, tinha uma barba bem-feita e elegante, se vestia como um verdadeiro príncipe, mas a arrogância era de um cavalo selvagem.
Um belo cavalo de grife, com ombros largos, cabelos bem aparados e penteados para trás, uma presença magnânima, que fazia qualquer mulher suspirar.
Para! Não pode fazer isso. Não pode cair nessa armadinha.
Confesso que, quando esbarrei nele, tudo o que pude pensar era que achava que era um Deus grego, que por sorte me salvou de um tombo, então… ele abriu a boca, falou grosserias e eu o chutei. Minha mãe sempre me dizia: você é como um asno enfurecido, deve tomar cuidado, porque não tenho dinheiro para advogados.
Jurei que nunca mais olharia no rosto do d***o, mas aqui estava ele, ao meu lado, olhando para o médico, como se fosse sufocá-lo.
E eu deixaria ele fazer isso, pois o i****a colocou um bebê, que eu não pedi dentro de mim.
— Você está me dizendo — Se levantou da cadeira, ao lado. — Que meu único filho está na barriga dessa destrambelhada?
Meus ouvidos arderam com as palavras ríspidas do cavalo a minha frente. O olhei com tanto ódio que poderia o m***r com as minhas unhas cravadas em seu pescoço.
— O que você disse? — Levantei com fogo nos olhos. Ele me encarou, raivoso, com aquele azul intenso que tira o ar de qualquer mulher. Eles estavam até vermelhos. — Destrambelhada? — Botei as mãos na cintura, o encarando, sem medo. — Quer levar outro chute?
— Você, senta aí, depois conversamos. — Apontou para que eu voltasse à cadeira.
Fiquei perplexa com o que disse. Era como se esse b****a estivesse testando a minha paciência, que não era muita, então, ele estava correndo perigo.
Se controla, não pode ir presa, enquanto essa criança estivesse em sua barriga.
— Você não manda em mim. — Meu ódio aumentava gradativamente. Quanto mais o ouvia, mais o odiava.
— Mulher — Respirou fundo, tentando se acalmar. — Fique longe das minhas bolas, sente-se na cadeira, e me deixe m***r esse i*****l.
Deus, isso só pode ser brincadeira. Não pode realmente estar acontecendo. Eu, gravida, sem ao menos ter transado com esse b****a? Não que eu queria, obvio, porém, deveria ser assim, um encontro, um beijo quente, uma certeza de que ele me amaria para sempre, uma escolha de ter um filho, quando o casamento estivesse estabelecido.
— Eu também quero enforcar ele. — Olhei para o baixinho, que estava em pânico, atrás da mesa de vidro. — Vim fazer um exame de rotina e vocês me… me colocam o DNA desse i****a?
Eu não era de xingar e brigar com as pessoas, ou com estranhos, porém, essa é uma situação onde estou desesperada, pois foi colocado em mim, uma criança que eu não planejei.
— Juro que se meu bebê não estivesse dentro de você, eu a...
Eu até já tinha aceitado. Desde o momento em que fiquei perplexa com a situação. Primeiro, veio o desespero. Depois, a dúvida e o medo, em seguida uma visão do futuro, onde eu segurava meu filho no colo. Contudo, era difícil de lidar com isso, quando esse homem parecia me provocar com cada palavra que saia da sua boca. Dava um desejo de socar a cara dele.
— Você o quê? — Afastei a cadeira, indo em sua direção. Eu queria intimidá-lo. Provar que não sou como as outras, que o suportam calado. Giovanni deu passos para trás, pensando que se livraria tão facilmente. Não importa se ele tem quase o dobro da minha altura, ou que seus ombros largos sejam uma parede ou que seu lindo rosto seja intimidador, quando me olha com tanta raiva, esse b****a aprenderia que não sou uma qualquer. — Primeiro, meu nome é Beatriz. Segundo, não me irrite com toda a sua arrogância. Terceiro, serei eu quem vai dar as cartas, porque tem uma criança na minha barriga que eu não queria.
— Eu não quero que seja a mãe, mas o que posso fazer?
Olhei para o pequeno, que engoliu em seco e disse:
— Você tem rios de dinheiro, processe essa clínica e saia da minha frente.
Simplesmente deixei o arrogante para trás, saindo da sala, totalmente transtornada. As lágrimas, que eu não sei de onde saíram, rolavam sobre o meu rosto. Corri para pegar o elevador, e quando entrei, Giovanni Midder também entrou. Eu desejei sair dali, pois não aguentaria ficar naquela lata de sardinha, com esse b****a, no entanto, as portas se fecharam e não pude fugir.
O loiro ficou me encarando por um bom tempo, enquanto me encolhi no fundo, limpando as lágrimas. Eu nunca fui de chorar por nada, nem quando caí de bicicleta, mas tudo em mim estava mudando, desde aquele dia fatídico.
Eu queria dizer: para de me encarar dessa forma. Odeio quem faz isso. Ainda mais com essa cara de intimidação. Acha que sou como um coelho sendo perseguido pela presa?
Não, eu não sou.
Contudo, ficar calada e ignorar ele, era tudo o que eu mais queria.
— Desculpe. — O tom educado me surpreendeu. O cara de terno pareceu desconfortável. Ele pigarrou e virou para o outro lado, ficando lado a lado comigo. Não falei uma palavra, nem fiz som algum. — Essa situação é inusitada, estou nervoso e preocupado. Jamais pensei que algo assim pudesse acontecer, então… me perdoe.
Ele acha mesmo que me engana com essas desculpas. A ignorância faz parte do sue DNA.
— Não acho que precise de muito para que você seja arrogante e um b****a. — murmurei.
Ele ouviu. Consegui ver que não gostou. E eu nem quero saber se estou ou não. Desde quando eu ligo para os sentimentos de um homem que se abre a boca para soltar farpas?
— Estou tentando ser gentil.
Soltei um sorriso abafado, como se ele tivesse acabado de dizer uma piada.
— Porque estou grávida de um filho seu, caso contrário, seria um i****a. — Levantei o nariz. — Não que esteja sendo um príncipe.
Bem, ele tinha a aparecia de um, mas a personalidade de um sapo.
— Mulher, eu não sei o que quer que eu faça!
O homem se alterou, batendo os pés no chão, cruzando os braços. Pensando bem, ele seria uma péssima influencia para o meu bebê. Pior, ele vai me atormentar a gravidez inteira.
— Fique longe.
Decidi ser firme com esse b****a. Ele que não pense que vai mandar em mim.
— Impossível!
Cruzei os braços e o encarei.
— Não gosto de você. - E nem quero gostar. Acho que seria impossível. — Também não morro de amores pelo senhor.
— Olha — Respirou fundo. — Sou arrogante, i****a, b****a e muitas outras coisas, mas…
— Mas?
— Hoje em dia, sou infértil. — Isso me quebrou. Óbvio que um homem que guardava sêmen em uma clínica de fertilização tem um porquê, mas eu não pensava nisso naquele momento. Além disso, meu ódio por esse homem me cegava. — Essa é a minha única oportunidade de ter um filho. — Não consegui me manter firme. Apesar de teimosa, não sou um monstro. — Não posso ficar longe, eu… vamos esquecer o que aconteceu, só… vamos decidir com mais calma.
Ok, ele me pegou desprevenida. Não posso debater com ele sobre isso. Obvio que recorrer a uma clínica de fertilização não é algo que um homem, em suas plenas funcionalidades, faria caso não houvesse uma boa justificativa.
Não posso lutar contra isso. Não posso ser c***l o bastante para o impedir de viver esse momento ao lado do seu, possível, único filho.