Desde o câncer eu fiquei mais atento, quase paranoico. Qualquer detalhe que saía do curso me deixava em alerta. Sentia o corpo mais cansado do que devia — e isso me assustava. Beatriz notava, claro. Tudo ficava mais pesado, mais exaustivo. Eu sabia que precisava manter o foco, porque bastava um descuido, um sopro, para o câncer voltar. Isso é fato. Mesmo curado, ninguém está livre. Ele volta pior, mais inteligente, como se estudasse o seu corpo antes, para descobrir onde atacar de forma mais c***l. Mas eu não vou permitir. Não agora. Meu filho está chegando. É o meu sonho. Não posso me dar o luxo de perder nada: nem as noites em claro, nem as primeiras palavras, os primeiros passos, a adolescência rebelde, a formatura, o dia em que ele assumirá o meu lugar na empresa. Nada. Vou me preocu

