Olivia Hayes
Eu cheguei cedo ao escritório naquela manhã, ainda tonta pelas poucas horas de sono que o medo e a adrenalina me concederam. A cidade lá fora despertava num ritmo apressado, mas dentro do prédio de vidro e aço tudo parecia contido, quase solene. O corredor iluminado por painéis de LED conduzia-me até meu cubículo, onde pilhas de relatórios aguardavam correções. Cada folha branca, cada gráfico de barras, clamava por ordem—e eu precisava encontrar equilíbrio antes que qualquer deslize fosse visto por olhos que poderiam destruir minha carreira.
Assim que me acomodei diante do computador, respirei fundo e mergulhei nas planilhas. O tique-taque suave do relógio marcava o tempo, mas meu olhar ia e vinha entre a tela e o reflexo dela: a silhueta alta e impecável de Alessandro. Vi seu rosto apenas através do vidro do elevador, ainda fechado, mas seu perfil recortava-se de maneira tão perfeita que, mesmo a alguns metros de distância, me senti rastreada por um predador elegante.
Com cada toque dele no celular, a luz do toque refletia-se no vidro, e um arrepio corria pela minha espinha. Eu me lembrava de todas as vezes em que resistira à tentação de responder às mensagens dele fora de hora, de vir cedo para evitar cruzar com seu olhar carregado de promessa. Mas ali estava ele, a poucos passos, interrompendo meu autocontrole.
Enquanto eu ajustava margens e revisava promessas de investimento, ouvi o som dos saltos de Arthur no corredor — passos decididos, quase dançantes. Ele entrou trazendo uma pasta grossa, como quem carrega um tesouro. Seus olhos brilhavam de uma forma que me fez corar.
— Bom dia, Olivia — disse, o sorriso fácil e encantador. — Trouxe uma cópia extra deste relatório. Achei que poderia ser útil.
Ele estendeu a pasta e, ao mesmo tempo, ofereceu-me um café em copo térmico, fumegante e generoso em espuma. O aroma intenso invadiu minha mente, misturando-se ao perfume leve de jasmim que ele usava. Sorri, nervosa, e desejei não demonstrar o quanto meu corpo reagia a aquele gesto simples.
— Obrigada, Arthur — respondi, o tom leve demais para o pânico que sentia. — Eu estava prestes a entrar em colapso sem uma dose de cafeína.
Arthur riu, um som caloroso que ecoou pelas baias vizinhas. Foi então que ouvi, claro como um trovão contido, o “Hm...” audível de Alessandro. Olhei pelo reflexo do monitor e vi o maxilar dele se esticar num carrancudo quase imperceptível, enquanto sussurrava algo para o assistente ao lado. Logo, sussurros surgiram entre colegas: “Você viu isso?”, “Será que ele está com ciúme?”. Meu rosto queimou, e eu lutei para manter a postura profissional, apesar do turbilhão no meu estômago.
Mas o dia exigia resultados. Pouco depois, o alerta de reunião surgiu na tela do meu computador. Precisávamos discutir a nova iniciativa de expansão internacional. Arthur e eu fomos conduzidos à sala de conferências de vidro, onde a mesa retangular ocupava quase todo o espaço. As paredes transparentes ofereciam visão para o corredor, mas também expunham nossos gestos, minúsculos detalhes de nossos corpos.
Quando todos se sentaram e apertaram os cintos de segurança de seus laptops, Alessandro permaneceu em pé na cabeceira. Sua postura era imponente, o terno sob medida desenhando ombros largos e cintura estreita. Ele começou a apresentação com voz grave, e Arthur e eu trocamos olhares sutis, tentando retomar a seriedade.
O problema surgiu quando, em meio aos slides, o projetor parou de funcionar. Um silêncio constrangedor tomou conta da sala. Foi então que Alessandro destravou o celular e libertou a apresentação em PDF no ar, projetando-a via Bluetooth. O gesto foi ágil, mas seus dedos roçaram a sua perna antes de tocar o dispositivo — a proximidade era quase um toque imaginário entre nós.
Arthur aproveitou a brecha para se inclinar sobre a mesa e ajustar o tom da luz no painel central, oferecendo ajuda a Alessandro ao mesmo tempo. O cotovelo dele raspou no meu braço, uma faísca elétrica que me fez fechar os olhos por um instante. Quis afastar-me, mas o corpo não obedecia.
Quando a reunião terminou, Alessandro concluiu com um sorriso formal:
— Obrigado a todos. Arthur, gostaria de discutir alguns detalhes técnicos comigo? Podemos seguir para minha sala.
Ele direcionou-se a Arthur, com um tom de cortesia que escondia o ciúme. Arthur ergueu as sobrancelhas e assentiu, pegando sua pasta e saindo sem olhar para trás. As portas de vidro deslizaram, deixando-me sozinha com Alessandro e o eco dos passos no corredor.
Ele me encarou, os olhos escuros tão próximos que pude sentir o calor dele.
— Quero falar com você — disse, a voz baixa e carregada de comando.
Atravessei a sala em passos contidos, o coração batendo como um tambor militar. Fiquei diante dele, próxima demais para a etiqueta, mas era impossível recuar. As paredes de vidro cintilavam, refletindo nossas imagens duplicadas. O mundo externo parecia suspender o fôlego, pronto para testemunhar o que não deveria ocorrer ali.
— Sobre o relatório — murmurei, buscando alguma desculpa frágil. — Precisamos ajustar a seção de riscos.
Ele sorriu, aproximando o rosto do meu, a respiração quente roçando meu rosto.
— Ainda acha que essa é a principal questão? — perguntou, o tom suave, quase brincalhão. — Porque, para mim, o risco maior é você trabalhar tão perto e… não me deixar tocar.
O calor subiu pelo meu pescoço, e senti todas as regras desmoronar em segundos. Agarrei-o pelo colarinho, com urgência, puxando seu corpo para o meu. Ele fechou os olhos no primeiro toque dos meus lábios, permitindo-se submergir no desejo que o tremia por dentro.
A mesa de vidro era fria sob meus joelhos enquanto me ajoelhava, envolvida pela aura de poder dele. Desci a boca pelo seu pescoço, deixando marcas pequenas e intensas, arrastando a língua até a curva do trapézio. Senti a mão dele em meus cabelos, segurando-me firme, conduzindo-me sem hesitar.
— Ainda quer falar de riscos? — sussurrei, voz trêmula.
Ele riu, um som rouco de prazer. Desceu as mãos por trás da minha camisa, abrindo botões com pressa contida. A pele exposta tremia, e cada centímetro dela era um convite irresistível. Puxei-o para baixo, sentindo cada linha do seu corpo sob a roupa enquanto o aproximava da borda da mesa. Ele se inclinou atrás de mim, e pude sentir a dureza do desejo pressionando minhas nádegas.
— Venha cá — ordenou com autoridade.
Ele se tornou meu dominador ali mesmo, no palco de vidro do escritório, as pernas dele envolvendo meu quadril. Seus dedos deslizaram pela lateral da minha calcinha, traçando um caminho de formigamento até chegar à minha i********e. Um gemido escapou de mim, abafado pela urgência.
Em resposta, senti seu corpo mover-se com força, penetrando-me em um ritmo firme e impiedoso. A mesa de vidro oscilou sob o peso de nossos corpos, e o som de nosso sexo foi abafado pelos equipamentos eletrônicos ao redor. Eu me inclinei para frente, abraçando a superfície fria, deixando-me dominar por ele, descobrindo que, mesmo no ambiente proibido, havia uma doce libertação em entregar-me.
— Diga meu nome — exigiu, a voz rouca.
— Alessandro! — gritei, afundando meu rosto nos documentos e permitindo que cada investida fosse marcada na minha carne e na minha alma.
O gemido dele murmurou meu nome enquanto a i********e de ser possuída ali, sob a luz branca do escritório, se transformava em luxúria pura. Cada movimento nosso era um manifesto de entrega e poder, sombra e redenção. O vento do ar-condicionado refreava a ardência do ato, mas não diminuía a intensidade do prazer.
Quando o ápice nos atingiu, senti o mundo girar. Agarrei os próprios cabelos, cravando as unhas no couro cabeludo, e arqueei as costas, sentindo-me simultaneamente vulnerável e absoluta. Ele me seguiu em poucos segundos, enterrando o rosto no meu pescoço e sussurrando palavras incompreensíveis.
Após o momento de êxtase, ainda ofegantes, abraçamo-nos, respirações misturadas. Minhas mãos deslizaram pelos ombros dele, provocando arrepios.
— Nunca fiz isso aqui — confessei, rindo nervosamente. — Mas… foi como se fosse o único lugar onde deveríamos estar.
Ele sorriu, erguendo-me nos braços e me levando até a sala ao lado. Estávamos nus, mas protegidos pela parede opaca que separava o escritório da antessala. Assim que a porta se fechou, ele me pressionou contra a parede, beijando-me com urgência, como se roubasse o ar dos meus pulmões.
— Você é minha — disse ele, os olhos cintilando. — Mas há regras…
A garganta dele falhou, e percebi o conflito entre a necessidade profissional e o desejo primitivo. Foi quando um toque suave surgiu na maçaneta: a porta voltou a abrir-se lentamente.
Arthur entrou, os olhos arregalados ao nos encontrar abraçados e seminús.
— Eu… eu só trouxe seus papéis assinados — balbuciou, levantando um monte de documentos com a ponta dos dedos.
Ele gaguejou, corou, e saiu às pressas, deixando-nos em silêncio absoluto. Meu rosto queimou de vergonha e excitação, e olhei para Alessandro, cujo terno ainda estava impecável acima da cintura. Ele colocou o paletó por cima de meus ombros e me fitou com um sorriso torto.
— Protocolo de sedução — disse ele, com humor sombrio. — Aprovado?
— Totalmente aprovado — respondi, com os lábios trêmulos, o corpo ainda latejando de prazer. — Mas… e agora?
Ele aproximou o rosto do meu, e os lábios roçaram meu pescoço.
— Agora… voltamos a fingir que nossos cargos importam — murmurou, a voz carregada de promessa. — Mas cada olhar roubado, cada toque proibido… será o nosso protocolo secreto.
Sorri, inclinando-me para beijá-lo mais uma vez. A ousadia do ato me fez sentir viva como nunca — uma mistura de perigosa eletricidade e ternura profunda.
Quando voltei ao meu cubículo, as planilhas me esperavam, alheias à revolução que acontecera na sala ao lado. O aroma do café de Arthur ainda pairava no ar, e senti um calafrio de antecipação. Protocolo de sedução: eu gostaria que todos os dias começassem assim. Mas, enquanto me sentava, notei algo na borda da minha pasta: um bilhete em papel luxuoso, escrito à mão, apenas duas palavras:
“Após o expediente.”
Meu coração disparou. Quem o deixara lá? E que surpresas nos aguardavam depois do expediente? A noite apenas começava — e eu já não sabia onde terminava e começava o jogo de poder e desejo que nos unia.