Alessandro Volkov
Há um momento, após a tempestade de revelações e traições, em que o silêncio se torna ainda mais aterrador do que os gritos. Depois de flagrar Olivia saindo para encontrar Arthur na cafeteria privativa, vi o vírus do ciúme envenenar minha razão. O que antes fora proteção passou a parecer marcação de território; cada gesto de carinho disfarçava um comando velado; cada recado, um lembrete do meu poder. Para salvá-la de si mesma — e afastar as investidas de Arthur — eu precisava declarar: “Ela é minha”.
Envio de e-mail
Às oito e quinze da manhã, enviei a toda a equipe um comunicado oficial, lacônico e impositivo:
“Assunto: Procedimentos de interação entre equipes
Prezados,
a partir de hoje, toda comunicação entre membros de diferentes diretorias deverá passar por autorização prévia da secretaria executiva. Objetivo: otimizar o fluxo de informações e evitar ruídos operacionais. Solicita-se estrita observância e colaboração.
Atenciosamente,
Alessandro Volkov
CEO”
O texto soava frio, corporativo, mas eu circulava o rascunho mentalmente, sentindo o humor n***o de quem fechava o cerco: era a minha aliança contra Arthur. Ao clicar em “Enviar”, imaginei os olhares apreensivos de todos, inclusive o de Olivia, que recebeu a notificação enquanto digitava relatórios. Acredito piamente que a disciplina fortalece a proteção — mas confesso que, no fundo, rasgava meu coração percebê-la contrita.
Bilhete Confidencial
Mais tarde, sem cerimônia, deslizei um cartão impresso à mão na bolsa de Olivia, enquanto ela revisava os índices de performance no open space. Ela não viu o papel cair; apenas eu soprei:
“Encontro extraordinário: 12h30, sala de reuniões 5. Pauta: estratégia de proteção. Assuma presença imprescindível.”
O cartão apareceria como urgência profissional — mas, para mim, era um pretexto para mantê-la perto, longe de Arthur. Observei o leve tremor em suas mãos quando encontrou o bilhete, os olhos mergulhando num misto de apreensão e curiosidade. Uma faísca sombria me disse que havia mexido em sua rotina mental — e meu leve sorriso malicioso selou minha satisfação.
Reunião de Última Hora
Assim que o relógio bateu 12h20, convidei os outros diretores para uma discussão improvisada. Enfiei um tablet na mão de Olivia:
— Por favor, apresente seus pontos aqui.
A sala de reuniões 5, de paredes cinza e mesa de concreto, se encheu de olhares curiosos. Arthur entrou pouco depois, curioso, e encontrou Olivia no centro das atenções.
— O que houve? — perguntou, estendendo-se para lhe tocar o braço.
Sorriindo de gentileza, ela apenas inclinou o corpo em demonstração de foco. Eu a via em ângulo privilegiado, sentado na cabeceira, braços cruzados, o terno alinhado sem uma ruga.
— Estamos revisando as diretrizes de segurança — sentei-me à cabeceira. — Em virtude do recente incidente de invasão digital, agravado por nossa vulnerabilidade durante o acesso a arquivos confidenciais, julguei necessário esse alinhamento.
Arthur arqueou as sobrancelhas, notando que era designado…
— Com licença — sussurrou-me, voz baixa —, a pauta era outra?
Sorri sem abalar a compostura.
— Sempre evoluímos as normas — destaquei, em tom formal. — Olivia, prossiga.
Ela recitou números, gráficos e propostas com desenvoltura, mas seus olhos me procuravam a cada frase, procurando abrigo sob minha proteção. Arthur tentou intervir, mas interrompi suavemente:
— Aguardaremos seu parecer final, Arthur. — Fixei-o com um olhar que não admitia objeções.
O rosto de Arthur transformou-se num sorriso contido de quem se sente excluído. Eu sabia que minhas estratégias funcionavam como muralhas erguidas entre Olivia e ele.
Proteção Pessoal
Na saída, escolhi não liberá-la para sozinha. Convoquei nosso chefe de segurança, um ex-militar chamado Pavel, e pedi que acompanhasse Olivia até o estacionamento. Ao vê-la entrar no carro blindado, senti um misto de orgulho possessivo e alívio. Era uma pequena vitória no meu jogo de poder.
Jantar Particular
À noite, convidei Olivia para um jantar particular em minha cobertura. Quando ela chegou, vi nos olhos dela o cansaço de tentar agradar dois senhores. Dirigi-me a ela com um copo de vinho tinto:
— Precisamos conversar.
Olhos castanhos fixaram-se nos meus.
— Sobre hoje — disse ela —, senti que perdi autonomia.
O humor n***o me escapou:
— Autonomia? — repeti, sorrindo com impertinência —, entregue ao cuidado de seu CEO, não há autonomia, mas salvaguarda.
Os lábios dela se entreabaram, raiva contida e frustração naquele olhar. Agarrei suavemente seu rosto:
— É apenas minha maneira de proteger quem amo.
Mas quisera dizer: para dominar. A possessividade latejava em minhas veias, misturada à necessidade de tê-la exclusivamente aos meus pés.
Reflexão Sombria
Depois do jantar, a conduzi à sala de estar, com poltronas de couro e luz tênue. Apontei para o aparelho onde monitorávamos câmeras de segurança:
— Veja, o prédio está vigiado em tempo real. Qualquer movimentação suspeita é sinalizada.
Ela observou os monitores, visivelmente aliviada.
— Obrigada — murmurou. — Mas parece… demais.
Sorri, num tom quase satisfatório:
— Às vezes, o exagero salva vidas.
Ela assentiu, recolhendo o casaco. Meu ciúme se misturou à culpa, mas eu sabia que seria compensado pela ternura de seu abraço quando me dirigi ao quarto.
Humor n***o
Enquanto a via de costas, ajeitando o vestido, sorri para mim:
“Proteção ou prisão?”
“Bem, prisioneiro feliz.”
E no tom formal de um ditador gentil, desejei: “Durma bem, minha prisioneira favorita.”
Confronto Interno
No leito, a luz da lua ecoava pelo vidro. Eu a puxei para perto:
— Prometo que nunca vou te sufocar — sussurrei —, mas não descansarei enquanto você não estiver a salvo.
Ela apoiou a cabeça no meu peito e fechou os olhos, mas eu percebia a insegurança nos lábios comprimidos.
— Eu confio em você — disse ela, voz trêmula.
O amor controlado latejava como pólvora, e eu soube: minhas estratégias de contenção eram uma espada de dois gumes. Salvavam-na de ameaças reais, mas também podiam ferir sua liberdade.
Reflexão Final
Deitei-me pensando nos sussurros de Sergei: “Você é meu mestre e meu escravo num só corpo.” Eu ri, mas o riso soou seco:
— Que jogo perverso, meu caro. Mas não será você a ditar as regras.
Entre sobressaltos de ciúme e flashes de ternura, acabei adormecendo com um último pensamento: manter Olivia a salvo custe o que custar — mesmo que, para isso, precisasse cercá-la com correntes invisíveis de meu próprio amor.