Capítulo 13: Cicatrizes e Promessas

1412 Words
Olivia Hayes O elevador subiu em silêncio, como se pressentisse o peso que trazíamos conosco. Quando as portas se abriram, percebi imediatamente o quanto o apartamento de Alessandro, antes refúgio de aço e vidro, parecia agora envolto em nuvens de memória. Cada quadro minimalista, cada linha reta do mobiliário, parecia sussurrar o nome de Liandra. A aura de perfeição se tornara frágil, como um castelo de cartas prestes a ruir. Alessandro entrou primeiro, pressionando-me gentilmente contra o ombro antes de encontrar a chave. Eu estava tensa, o coração martelando no peito, minhas mãos ainda encharcadas de suor fresco. Ele me deu um breve sorriso — hesitante, contido — e conduziu-me até o sofá de couro branco. Pediu que me sentasse, enquanto ele desaparecia na cozinha para buscar água e um analgésico. Senti o olhar dele em minhas costas o tempo todo, julgando cada movimento meu, avaliando se eu estava bem o suficiente. Eu me sentia frágil, como uma taça de cristal com uma rachadura oculta. Mas sabia que, se quisesse ajudá-lo a fechar aquela ferida antiga, precisaria ser forte — tanto para mim quanto para ele. Quando Alessandro voltou, estendi-lhe a mão com a garrafa de água e o vidro com o comprimido. Ele aceitou sem palavras, observando-me fixamente enquanto engolia o remédio. Seus olhos cor de âmbar brilhavam com um misto de gratidão e culpa. Eu deixei que ele terminasse de beber, sentindo o calor de seus pensamentos atravessar o silêncio. — Não preciso de remédio — ele murmurou, retornando o copo à mesinha de centro. — Mas agradeço. — Você parece exausto — respondi, tentando manter a voz firme. — Apesar de tudo o que aconteceu, de tudo que descobrimos… Ele deu de ombros, mas havia tensão em seus ombros largos. — É o custo de lidar com fantasmas. Especialmente os do passado. Aproximei-me e sentei ao lado dele, meus dedos tocando o couro frio do sofá antes de pousarem em seu braço. Queria deixá-lo confortável, mas também sabia que precisávamos falar das feridas de Liandra antes de seguirmos em frente. — Eu não sei o que dizer — confessei, olhando para as próprias mãos. — Por um lado, estou aliviada por estarmos juntos, por você ter me resgatado. Mas, por outro, me sinto… inadequada. Como se eu fosse apenas um placebo para suas lembranças, e não a mulher que você escolheu amar agora. Ele virou o corpo na minha direção, seu rosto a centímetros do meu. O vento da brisa artificial do ar-condicionado fez seu cabelo escuro roçar minha pele. — Olivia, pare de pensar assim — disse ele, a voz baixa. — Você não é Liandra. Nunca foi e nunca será. Eu… eu desejei você não pela necessidade de substituição, mas porque encontrei em você algo que faltava em mim: coragem para enfrentar minhas sombras. Cada palavra dele penetrava meu peito como uma lâmina aquecida. Senti o peso de minhas dúvidas se dissolverem, mas ainda havia ecos de medo. Confinamento emocional e liberdade sempre estariam em tensão no universo de Alessandro Volkov. E eu precisava provar a mim mesma que podia ser livre, mesmo sob sua asa protetora. — Então me deixe provar — respondi devagar, encontrando coragem em meus próprios olhos. — Deixe-me mostrar que posso ser livre e… ainda sua. Ele vacilou, como se aquela humildade o surpreendesse. Assistiu-me em silêncio, e, por um instante, o mundo externo pareceu cessar. Logo, um sorriso leve iluminou seus lábios. — Livre e minha — murmurou. — Gosto disso. A proximidade entre nós criou uma corrente elétrica no ar. Meu corpo reagiu, lembrando-me de quão forte era a atração que nos unia. A tensão s****l tornou-se palpável, e eu me vi inclinando o rosto para mais perto do dele. Ele me observava, olhos dilatados, tão sedentos quanto eu. — Posso — sussurrei, alcançando a gola de sua camisa branca e desabotoando o primeiro botão. — Posso mostrar agora? Seus lábios se curvaram num quase-sorriso de desejo. A mão dele deslizou por minha cintura antes de agarrar meu quadril, puxando-me para um beijo urgente. Suas mãos desceram pelos meus ombros, tirando o casaco que me envolvia. O calor de seu toque reverberou na pele exposta, e eu me arqueei, oferecendo cada centímetro meu ao seu domínio. — Você quer isso? — ele perguntou contra meus lábios, os dentes roçando suavemente o meu lábio inferior. — Eu quero você — respondi, voz falhando de emoção. Em resposta, ele me levantou e me conduziu até a cama, os lençóis de cetim aguardando. Deitei-me e o vi ali, parado na beira da cama, observando-me com devoção e desejo contido. — Você é linda assim — ele murmurou, abaixando-se para capturar minha boca mais uma vez. — Mas quero sentir sua pele, ouvir seus gemidos. Apressadamente, ele desprendeu minha blusa, deslizou os dedos pelos meus s***s, provocando arrepios de prazer. Cada toque dele era calculado, buscando explorar minha sensibilidade ao máximo. Eu respondi arqueando o corpo, instigando-o a ir cada vez mais fundo. — Diga meu nome — ele exigiu, puxando o elástico da minha calça pela cintura. — Alessandro — gemi com força, segurando seu pescoço. A ação desenfreada se iniciou, uma coreografia de dominação e submissão que nos envolveu completamente. Ele me dominava sem pudor: segurava meus pulsos contra a cabeceira, pressionava seu corpo contra o meu, me provocava e depois me premiava com carícias. Cada movimento dele me fazia sentir viva, uma chama pulsando por dentro, dissolvendo qualquer resquício de medo. — Você é minha, Olivia — rosnou ele, impulsionando-se dentro de mim com intensidade. — Minha luz e minha escuridão. Eu balancei o quadril para encontrá-lo, forçando-o mais fundo, sentindo o calor e a urgência de nossos corpos se unirem. Meu cabelo se espalhou pela almofada enquanto nossas respirações se entrelaçavam, num ritmo instintivo. Ele me marcava com cada investida, como se quisesse gravar minha essência em sua pele. Minhas unhas deslizaram por sua coluna, puxando-o mais para cima, e ele respondeu mordendo meu ombro, um sinal de domínio e prazer. Os gemidos e suspiros se misturavam ao estalar da pele e às batidas frenéticas de nossos corações. Senti uma felicidade intensa, a certeza de que, naquele momento, éramos um só. O ápice veio de repente, um turbilhão de sensações me consumindo enquanto clamava seu nome. Ele me seguiu logo depois, explodindo num gemido rouco e quente. Seus braços me apertaram, sustentando-me enquanto meu corpo tremia de prazer e catarse. Ficamos assim, ofegantes, grudados um ao outro, as respirações se acalmando lentamente. Meu coração ainda batia forte, mas não havia espaço para dúvidas. Sentia confiança no toque dele, nas suas promessas. O passado de Liandra ainda doía, mas a presença dele ao meu lado fazia-me crer que as cicatrizes podiam finalmente cicatrizar. Quando nos levantamos, ainda entrelaçados, notei algo no chão próximo à escrivaninha: um objeto pequeno e delicado, meio escondido sob um tapete. Curiosa, me desvencilhei cuidadosamente do abraço e me abaixei. Peguei-o com cuidado — era um pingente de cristal, delicado, com a inicial “L” gravada em prata. Reconheci de imediato a letra: Liandra. O objeto tremia em minhas mãos, cheio de história. Meu peito apertou-se. O bilhete de Sergei e agora esse pingente: era um lembrete de que, enquanto o passado existisse, eu e Alessandro nunca estaríamos verdadeiramente sós. Segurei o pingente no alto, e Alessandro me encontrou com os olhos, cenho franzido em preocupação e surpresa. — Como…? — ele começou, a voz traindo sua tensão. — Isso estava aqui — respondi, o cristal refletindo a luz suave do lustre sobre nós. — Alguém o deixou, ou talvez ele sempre tenha estado escondido. Senti o frio da incerteza rasgando minha confiança recém-descoberta. O pingente de Liandra era um símbolo de tudo o que eu precisava conquistar: liberdade e confiança, dentro e fora daquela relação sombria. Segurei aquele pequeno objeto com determinação renovada. — Eu não quero ser apenas uma substituta — disse, firme, olhando nos olhos de Alessandro. — Quero ser eu mesma. Livre, mas ao seu lado. Ele se aproximou, deslizou o dedo pelo meu lábio inferior e sorriu, um sorriso sincero e terno. — E você será — prometeu. — Vou lutar para que você seja tudo isso. Mas, naquele instante, conforme o pingente reluzia entre nós, eu soube que a verdadeira batalha estava apenas começando. E que, para seguir adiante, precisaríamos encarar os fantasmas do passado — juntos, mas sem permitir que espectros de outrem ameaçassem nossa liberdade e nosso amor.
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